Doce

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Era absurdo tudo que ela havia dito.

Fui para o meu quarto, desembaracei meus cabelos e fiz um coque nó no alto da cabeça. Peguei minha bolsa, e sai do quarto.

Precisava sair, precisava pensar em tudo que havia ocorrido.

Peguei o Jipe e dirigi até a cidade, mesmo sem querer ir até lá. Mas para onde eu iria?

Estava presa naquela merda de lugar. Não receberia minha herança por completo se não ficasse ali até completar meus vinte e um anos.

Estacionei em uma rua estreita, desliguei o motor do jipe e continuei ali, sem saber o que fazer, apenas observando ao redor.

Por alguns minutos, fiquei a observar a vida a minha volta. Pessoas indo e vindo, era inicio da tarde. Parecia tudo tão 'normal'.
Porque eu não podia ser normal, também?

Senti fome, não havia almoçado a sopa de Viridiana, e foda-se ela com esse papo de 'vegetariana'.

Peguei minha bolsa e sai do Jipe.

Caminhei por algum tempo até encontrar o que parecia um restaurante. Era uma construção antiga, janelas de madeira pintadas de azul de onde balançavam cortinas branca de renda.
Até que vi uma pequena uma placa na porta, escrito 'Pensão dos avós'.

Entrei, estava vazio. Sentei-me em uma mesa no canto mais escondido. Um senhorzinho veio me atender.

– Já encerramos o almoço... – ele disse com a voz baixinha, cansada e de forma simpática.

– Não tem nada que possa me servir ? – Insisti.

Ele olhou para mim, para meus pés calçados em chinelo de dedo e meu vestido preto de malha surrado. Talvez tenha ficado com pena de mim.

Sorriu então para mim.

– Vou à cozinha, já volto.

– Obrigada.

Quando se foi, fiquei observando a decoração. Era simples, como casa de avó.

Pouco tempo depois, ele voltou.

– Minha esposa disse que tem jardineira, aceita?

– O que é isso?

– É carne picadinha com legumes, minha filha. – Ele disse de uma forma engraçada. Ele sorria, e tenho certeza que era da minha cara.

– Aceito, por favor.

Ele assentiu e saiu.

A comida estava uma delicia, comi tudo que aquele senhor me ofereceu. Até mesmo do doce de abobora com coco servido em uma xícara de café.

Quando fui pagar a conta, ele recusou. Tive então certeza que ele pensou que eu era uma 'mendiga'.

Insisti, e ele aceitou. Paguei com gorjeta, agradecendo a hospitalidade. E prometi que voltaria mais vezes.

Vi a senhorinha, sua esposa e a cozinheira, quando estava saindo. Ela acenou para mim, e eu acenei de volta.

Procurei pelos meus óculos de sol na bolsa quando sai do restaurante. E encontrei meu Ray-ban aviador, todo arranhado, jogado no fundo da bolsa. Não me importei e coloquei ele assim mesmo.

Todas as ruas daquela pequena cidade eram parecidas. A maioria das ruas ainda eram de pedras, os casarões no estilo português, fundada por padres, estava presente em todo o lugar.

Até que uma pequena construção me chamou a atenção.

Era como uma casa antiga. A fachada era amarela, e repleta de plantas no pequeno jardim da frente. Eram tantas rosas, plantas trepadeiras, e arbustos floridos que pouco se via da casa.

Havia uma placa. Pequena placa pendurada por correntes fininhas. Nada estava escrito nela, tinha apenas o desenho de um gato preto.

Me intrigou.

Parei a frente do portão de ferro, que estava aberto.

Fiquei a observar, sem saber de fato o que era aquela construção.

Até que a porta foi aberta, fazendo o barulho de 'sininho', preso a mesma. E dela, saiu uma garotinha. 

A pequena devia ter uns nove anos. Ela tinha em sua mão um pirulito de caramelo colorido, e desceu os poucos degraus pulando.

Ao passar por mim, ela me cumprimentou com um 'oi' sorridente.

– Oi... – Respondi.

Ela saltitou para longe de mim.

– Ei, garotinha! –  Chamei por ela.

– Oi? - Ela parou, lambendo aquele enorme disco redondo e colorido.

– Onde você comprou esse pirulito? – Perguntei. Eu queria saber o que havia naquele lugar, na verdade.

– Na loja né! – Ela respondeu impaciente, e balançou os ombrinhos.

– Aqui? – Apontei para a casa.

Ela assentiu e foi embora.

Decidi então, que iria entrar e entender o que de fato era aquela loja com um gato na placa.

Decidi então, que iria entrar e entender o que de fato era aquela loja com um gato na placa

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Liana  --------Onde histórias criam vida. Descubra agora