Lembranças

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Há cada feriado católico, éramos visitadas. Havia festividades, comida e vinho. Os padres que nos visitavam passavam um pouco do limite, e sempre 'nomeava' algumas internas para satisfazê-los.

Lembro muito bem, com terror, do dia que estive entre essas meninas.

Vi muitas meninas serem abusadas, estupradas, de forma atroz.

Na primeira noite em que fui levada até a capela, um padre velho me escolheu, ele fedia e estava tão bêbado que não conseguiu ao menos violar meu sexo. Eu tinha quinze anos.

Mas o gosto daquele pau velho demorou muito para sumir de minha boca. O gosto azedo e o cheiro fétido do esperma amarelado escorrendo por meus lábios, me fez vomitar inúmeras vezes.

Livre de todo esse tormento, e herdeira de bens dos quais nunca tive aceso, vim viver em uma casa antiga... Algo no testamento deixava claro que deveria viver neste casarão até completar vinte anos e poder ter acesso a todo o espólio da família.

 Agora, parada de frente há um casarão bicentenário, em uma cidade cheia de gente velha e apegada ao passado, me pergunto se não estou em outro pesadelo.

Na carta, onde relatava de forma resumida a história do casarão, toda a região em volta pertencia a uma fazenda, fundada há quase três seculos. 

Encarei a fachada pintada há décadas de branco, senti um arrepio estranho por todo meu corpo quando um relâmpago cortou o céu, e assustou-me.

– Devíamos entrar, vai chover logo. – Lembrou-me a senhora que trabalhou com meus pais por muitos anos.

Olhei o céu nublado e apesar de o dia estar escuro, não parecia que iria chover tão breve.

Apenas assenti para aquela senhora, com a qual deveria começar a me acostumar, pois em meu testamento, uma das clausulas, era cuidar desta senhora até o fim de sua vida.

E devo dizer desde já, que ela até me assusta. Adivinhem o nome dela? 

Um doce para quem disse Viridiana. O mesmo nome da escola que vivi na ultima década da minha vida.

Ela tinha longos cabelos grisalhos, ralos e desgrenhados, e nunca os prendiam. Suas roupas pareciam ter parado no tempo em que ela devia ser jovem. Eram longas saias escuras, em tecidos pesados e blusas que cobriam seus braços e dorso. 

 

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Liana  --------Onde histórias criam vida. Descubra agora