Algo me incomodou, fazia menos de cinco dias que ela havia ido até o comércio.
– Tudo bem, vou acompanhá-la. – Disse. – Preciso conhecer o lugar onde vivo.
Viridiana me olhava, buscando em sua mente palavras para fugir de minha companhia. Mas não lhe dei chances.
– Vou buscar a chave do jipe, já volto. – Sai, deixando Viridiana de pé no jardim da frente.
Alguns minutos depois, parei o jipe em frente aos portões de ferro, desci para abrir e Viridiana continuou sentada no banco do carona. Ela apertava uma bolsa de tecido escurecido em seu colo. Estava tensa.
Ao passar com o jipe, desci novamente para fechar os portões.
No passado, a propriedade que herdei era extensa, a perder de vista. Hoje, era muito menor. Ao lado Oeste boa parte da propriedade fora destinada para plantação de laranja. Era uma cooperadora, parte dos lucros ainda vinha para a propriedade e o restante era dividido entre os trabalhadores.
Seguimos pela estrada de terra por alguns quilômetros até pegarmos a autoestrada por mais cinco quilômetros, pegar o retorno e enfim chegarmos à pequena cidadezinha.
A vida parecia ter parado no tempo naquele lugar. Armazéns vendiam grãos a granel, senhorzinhos jogavam xadrez na única praça existente. E crianças disputavam por sua vez de balançar a sombra da enorme Figueira centenária que bem no meio da praça.
Estacionei frente a uma escola.
Viridiana desceu do carro segurando sua sacola como alguém que segura à própria vida nos braços.
– Eu preciso resolver algo, te encontro no Armazém? – Ela perguntou a mim, ainda muito estranha.
Assenti e observei ela ir. Entrar em uma rua estreita, e desaparecer entre os casarões e prédios antigos, na maioria datada do inicio da fundação da cidade.
Peguei minha sacola no banco de trás do Jipe e segui em direção à pequena cafeteria que ficava do outro lado da rua.
Só havia uma mesa desocupada.
Ao me sentar, uma adolescente segurando um cardápio veio de pronto me atender. Fora o que eu pensei até ela começar a me interrogar.
– Oi, você também é bruxa? – A garota me perguntou como quem pergunta se você quer pão.
Olhei para ela sem entender, e quando já ia formular uma resposta ela voltou a me bombardear.
– Você já viu o espírito da Baronesa? – Ela era rápida, e continuou. – Meu primo disse que estava quase fazendo xixi nas calças quando foi lá!
– Eiiii... – Eu a interrompi finalmente. – Primeiro quem é o seu primo?
– O Fabrício... – Ela respondeu de pronto. – Ele disse que você era muito bonita, eu disse pra ele que você só poderia ser bruxa assim como a baronesa.
– Eu, uma bruxa? – Perguntei. Neste momento decidindo que o melhor era entrar no jogo daquela menina. – Você está vendo uma grande verruga no meu nariz?
A garota veio se aproximando do meu rosto. Ela realmente estava me inspecionando, e então eu saltei por cima dela, lhe dando um baita susto.
– Ah! – Ela gritou, segurando o cardápio sobre o peito.
Ouvi alguém rir. E meu coração acelerou... Era ele.
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