𝙲𝙰𝙿Í𝚃𝚄𝙻𝙾:07

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O clima do jogo estava agradável, mas em um contra-ataque, o Calleri foi empurrado dentro da área, e o juiz não marcou o pênalti. Todos os torcedores protestaram, e Calleri fez o mesmo, xingando o árbitro. Resultado: cartão vermelho direto e expulsão. Ele saiu irritado, dirigindo-se em minha direção, já que esse era o caminho para deixar o campo, enquanto era aplaudido pela torcida. Eu o chamei, e ele veio até mim antes de descer para o vestiário.

— Que roubo! — eu disse, tentando amenizar a situação.

— Super roubado! Me empurraram na frente do juiz, e ele não deu o pênalti. Uma palhaçada! — ele respondeu, ainda bravo.

— Fica tranquilo, estamos indo bem — eu o tranquilizei.

— O Luciano vai ter que se virar sozinho — Calleri comentou.

— Ele é ótimo nisso. Falo por experiência própria, pois o acompanho desde que ele chegou ao São Paulo — eu disse, e ele soltou um leve sorriso.

Trocamos alguns olhares, mas os jogadores do time adversário já estavam incomodados com sua permanência em campo. Logo, após o reinício do jogo, mesmo sem o Calleri ter saído, o Luciano foi derrubado dentro da área, e o juiz mais uma vez não marcou o pênalti. Todos reclamaram, exceto Luciano, que, como único atacante, não podia arriscar uma expulsão. Conhecendo a personalidade do Luciano, sabia que ele estava morrendo de raiva por dentro, xingando o juiz de todos os nomes possíveis.

Os jogadores reservas também protestaram, e o juiz veio até o canto do campo para dar cartão amarelo a eles. Nesse momento, Calleri correu até ele, indignado com a arbitragem. Ele já estava fora do próximo jogo, mas mesmo assim acabou recebendo um cartão amarelo. Ele riu de maneira debochada e irritada ao mesmo tempo, saindo do campo chutando tudo que via pela frente. Eu pulei a pequena grade para ir atrás dele, mas um segurança me barrou, claro. Calleri pareceu perceber e veio até mim.

— Libera ela — ele disse ao segurança, que se afastou.

Eu o segui até o vestiário.

— Calma, não precisa se estressar desse jeito — eu comentei, andando atrás dele.

— Essa arbitragem brasileira é uma vergonha! — ele disse, passando pelos seguranças.

— Aqui você não pode entrar, mocinha — um segurança me bloqueou.

— Pode liberar, ela está comigo — Calleri afirmou, voltando até mim.

O segurança saiu do meu caminho, e Calleri pegou minha mão, me puxando até o vestiário.

[...]

Eu não podia acreditar que estava ali, no vestiário, em pleno horário de jogo.

— Se quiser me esperar aqui, vou trocar de roupa pra ir embora — ele disse, pegando uma troca de roupa que estava dentro do espaço do uniforme dele.

— Tudo bem — eu respondi, me sentando.

Ele foi até um canto, e eu fiquei mexendo no celular. Alguns minutos depois, ele voltou vestindo uma camisa branca, uma bermuda preta com o símbolo do São Paulo, um tênis branco e um boné preto. Que pecado.

— Você vai voltar pra assistir o jogo? — ele perguntou.

— Não, acho que vou pra casa — eu disse, guardando o celular na bolsa.

— Vem comigo, eu te levo pra casa — ele insistiu.

— Não, imagina. Eu moro bem perto daqui — eu disse, já saindo do vestiário.

— Eu moro literalmente em um prédio aqui ao lado — eu expliquei.

— Eu insisto — ele afirmou, pegando minha mão.

— Tudo bem então — eu disse, um pouco incrédula com a situação.

— Tudo bem? — ele perguntou, notando meu nervosismo.

— Está, está sim — eu respondi, concordando com a cabeça.

Ele me levou até o estacionamento privado, abriu a porta de um dos carros, que eu não fazia ideia de quem era, e eu entrei. Em seguida, ele entrou no carro e eu mostrei a ele em qual prédio eu morava. Em apenas dois minutos de carro já chegamos, já que normalmente levaria uns seis minutos a pé.

— Muito obrigada por tudo, pelo ingresso, pela carona — eu disse enquanto tirava o cinto.

— Eu que agradeço pela sua companhia. Desde que voltei para o clube, esse foi o jogo mais insuportável — ele bufou.

— Eu adorei o jogo. Tirando a parte da sua expulsão e do roubo — eu ri.

— Sua companhia é incrível — ele elogiou.

— Digo o mesmo — eu respondi, abrindo um sorriso.

— O seu braço melhorou? — ele perguntou.

— Mais ou menos — eu disse.

Tirei a blusa que estava usando e removi as faixas. Meu braço ainda estava inchado e roxo.

— Nem sei o que te dizer — ele disse, colocando a mão na boca.

— Não precisa falar nada, eu sei que foi sem querer — eu ri.

— Preciso entrar agora. Até uma próxima — me inclinei para beijar sua bochecha, mas ele virou o rosto, fazendo com que eu beijasse o canto de sua boca.

Fiquei o encarando um pouco sem reação e, em seguida, peguei minha bolsa e me apressei para sair do carro.

— Tchau, Hemmy — ele disse, enquanto eu saía.

Entrei no prédio e subi até meu apartamento. Ao chegar, fui direto para o meu quarto. Tranquei a porta e me sentei na cama, tentando processar tudo o que havia acontecido em apenas um dia. Não demorou muito e percebi que havia deixado minha blusa de frio no carro dele. Que maravilha!

𝙳𝙴𝚂𝚃𝙸𝙽𝚈 | 𝗝𝗼𝗻𝗮𝘁𝗵𝗮𝗻 𝗖𝗮𝗹𝗹𝗲𝗿𝗶Onde histórias criam vida. Descubra agora