𝙲𝙰𝙿Í𝚃𝚄𝙻𝙾:106

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Ele aparentava estar na casa dos vinte e cinco anos, com olhos verdes, cabelo castanho escuro, e vestindo um casaco grosso, cachecol e luvas.

— Desculpe. Ah, sorry — corrigi-me rapidamente.

— Não se preocupe, também falo português. Ou espanhol, se preferir — ele disse rindo, com um sotaque fortemente carregado para o espanhol.

— Ah, que bom — respondi, aliviada.

— Sou Eduardo — ele se apresentou.

— Hemmy — disse, estendendo a mão.

— Prazer, senhorita — ele disse, depositando um beijo em minha mão.

— Senhora — corrigi, sorrindo.

— Ah, sim — ele respondeu, devolvendo o sorriso.

Nos despedimos e segui meu caminho.

— Dia da Reunião —

Agora estou em uma chamada de vídeo com Jonathan, enquanto me arrumo para a reunião.

— Essa roupa está boa? — perguntei, dando uma voltinha para ele ver.

— Você está linda — ele disse, sorrindo.

— Não está muito vulgar? — perguntei, nervosa.

— Relaxa, amor — ele respondeu, rindo.

— Estou muito nervosa — admiti, pegando meu rímel e usando a câmera do celular para passá-lo.

— Boa sorte, princesa — ele disse com carinho.

— Obrigada, lindo — respondi, agradecida.

— Preciso ir. Manda um beijão pro Pedro e diz que estou morrendo de saudades — pedi.

— Tá bom, te amo — ele disse, mandando um beijo.

— Te amo — disse antes de encerrar a chamada.

Saí do hotel e o carro já me aguardava. Entrei, e Ana já estava lá dentro. Ao chegarmos ao local, ela me tranquilizou, e então entramos.

— Boa tarde, senhores — Ana cumprimentou enquanto nos sentávamos em uma enorme mesa de reunião.

— Só falta o... — começou a dizer um dos homens, mas foi interrompido.

— Estou aqui — disse um homem entrando na sala. Nossos olhares se cruzaram e reconhecemos um ao outro com um leve sorriso. Era o Eduardo.

— Agora podemos começar — disse o mesmo homem que havia falado antes.

Apresentei a proposta da clínica com confiança, e todos me ouviram com atenção. Ao terminar, esperei ansiosa por uma resposta.

— Sua proposta é muito boa, Hemmy. Mas será que podemos confiar, sabendo que nosso dinheiro estará nas mãos de uma mulher? — perguntou um dos homens, me deixando atônita.

— Desculpe, acho que não entendi o problema — disse, tentando manter a compostura.

— Vou ser claro, Hemmy. Você acha que tem capacidade para cuidar desses investimentos? — outro homem insistiu.

— Tenho, sim. Eu sei que tenho — afirmei com segurança.

— Confiamos na Ana pelos anos que trabalhamos juntos. Podemos confiar em você? — questionou mais um deles.

— Sim, eu garanto que sou de confiança — respondi, tentando manter a postura.

— Eu concordo. Acredito que a senhora Flyer tem capacidade para isso — Eduardo interveio em meu favor.

— Precisamos discutir se vale a pena correr o risco de deixar essa grande quantia nas suas mãos — disse um dos homens, e naquele momento senti que meu dia tinha sido completamente arruinado.

— Entendo... — disse, mesmo sem compreender a mentalidade deles.

— Obrigada pela atenção — falei, já juntando minhas coisas.

— Marcaremos outra reunião antes de vocês irem embora — disse um deles.

— Desculpa, mas eu acho que não quero... — comecei a responder, mas fui interrompida.

— Maravilha, minha secretária cuidará de tudo — Ana disse, encerrando a conversa.

Saímos da sala e eu estava tomada por uma mistura de raiva e frustração.

— Eles são patéticos — desabafei.

— Calma, Hemmy — Ana tentou me acalmar.

— Voltamos para a Idade da Pedra e eu não fiquei sabendo? — perguntei, exaltada.

— Porra, eu fiz faculdade, praticamente abri uma empresa, administro metade dela, sou mãe e esposa. Como eles conseguem pensar que eu não sou capaz de cuidar do dinheiro sujo deles? — explodi.

— Bom saber que pensa assim, senhora Flyer — ouvi uma voz atrás de mim. Quando me virei, era Eduardo.

— Me desculpa se te ofendi, estou de saco cheio — disse, sem esconder a irritação.

— Podemos conversar? — ele sugeriu, e eu concordei.

Avisei Ana que ela poderia ir na frente, que eu voltaria de táxi depois. Eduardo e eu fomos até uma cafeteria e fizemos nossos pedidos.

— Desculpa, de verdade — Eduardo disse.

— Às vezes, me envergonho de ser sócio desses caras — ele admitiu, tomando um gole de café.

— Você não precisa se desculpar por eles — respondi.

— Acredite, você tem muito potencial. Eu percebi isso desde que te conheci — ele disse, me encarando.

𝙳𝙴𝚂𝚃𝙸𝙽𝚈 | 𝗝𝗼𝗻𝗮𝘁𝗵𝗮𝗻 𝗖𝗮𝗹𝗹𝗲𝗿𝗶Onde histórias criam vida. Descubra agora