Capitulo 16

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     Eu não consegui mais pregar o olho. Na verdade eu só estava mesmo lá fazendo alguns feitiços como: um lindo vestido amarelo florido (que eu achei uma graça aliás), uma sapatilha Cristian Loubotin que eu queria a muito tempo mas é claro era muito caro e eu não podia comprar, eu consegui arrumar o meu cabelo que estava muito comprido por eu não o cortar faz meses, imaginei numa torta de maçã igual aquelas que vovó Elisa fazia e uma boa Coca-Cola diet. Depois de tomar um bom banho eu me vesti e decidi explorar um pouco mais a casa enorme torcendo para não me perder. Eu passei por várias portas e entrei em uma porta que me chamou a atenção. Quando eu a abri vi várias estantes com grossos livros, aqueles com capas duras e de couro meio empoeirados. Sim definitivamente era uma biblioteca. Mas as estantes onde se encontravam os livros de aparência bem antiga estavam todos protegidos por grades com cadeados, eu me perguntei porque será. A biblioteca estava bem suja, empoeirada e cheirava a mofo, esse cheiro era tão insuportável que ficava difícil respirar lá dentro. Fui até uma estante e toquei no cadeado que me queimou na hora.
-Arg! Falei e resmungo algumas maldições pra quem quer que tivesse feito isso. Olhei para a minha mão que estava de um vermelho brilhante. Toquei dessa vez na grade e foi a mesma coisa. O que será que eles estão escondendo? Me perguntei, não era possível eles terem feito isso com todos esses livros antigos por nada.
-O que você está fazendo aqui, Natasha? Ouvi a voz de Lilith atrás de mim. Me virei e a vi com as mãos na cintura e com a expressão reprovadora.
-Eu, hum uh eu queria apenas explorar. Digo, Lilith balança a cabeça e se aproxima de mim.
-Ninguém pode entrar aqui, Natasha. Diz Lilith com um suspiro. -Como você conseguiu entrar? Por acaso você fez algum feitiço? Perguntou franzindo a testa.
-Não! Balancei a cabeça. -A porta estava aberta. Digo, Lilith apenas me olha com os olhos arregalados.
-Como eu disse, ninguém pode entrar aqui. Disse por fim.
-Porquê? Pergunto, eu estava particularmente bem curiosa para saber porquê disso mas eu não deixei transparecer.
-Porque não. Falou.
-Sabe, -Coloquei as minhas mãos na cintura igual a Lilith e continuei. -Eu também sou uma suprema feiticeira e, vocês não podem me esconder coisas. Retruquei. Lilith deu um pesado suspiro e massageou as têmporas.
-São livros de feitiços muito poderosos. Ela respondeu. -Agora vamos sair daqui. Lilith pegou na minha mão e me levou para fora da Biblioteca. Andamos em silêncio pelo corredor, eu não sabia para onde Lilith estava nos conduzindo mas eu acho que eu confio nela.
-Então, porque você está acordada a essa hora, Lilith? Perguntei não por curiosidade mas sim porque eu queria ter o que falar. Olhei para o relógio e sim era bem cedo, cinco e trinta da manhã.
-Eu sempre acordo as cinco. Ela respondeu e depois riu. -Alessandro nunca gostou muito desse meu hábito mas, fazer o que. Ela deu de ombros e eu ri junto com ela.
Lilith passou por umas portas duplas que eu descobri ser a cozinha. Era antiga com fogão a lenha, tinha uma mesa de piquenique, as paredes eram pintadas de um amarelo alegre, e tinha uma janela que dava uma bela vista panorâmica aos vales verdes. Avia mulheres trabalhando, assim que nos viram pararam o que estavam fazendo e fizerem uma reverência. Eu e Lilith agradecemos e nos sentamos na mesa. Logo uma mulher colocou um prato com Waffles na minha frente com xarope e uma xícara de chá. Eu só percebi que eu estava esfomeada quando em menos de vinte minutos eu acabei toda a comida e ainda repeti. Bem, eu não tinha culpa, eu fiquei dois dias desmaiada sem comer nada e ontem, bem ontem eu só comi uns biscoitos e bebi aquela coisa verde que era uma delícia. Ah e, a mais ou menos meia hora eu comi uma torta de maçã que não chegou para matar a minha fome. Quando terminei de comer perguntei para Lilith:
-Onde está Charlotte? Antes de responder Lilith limpou a boca delicadamente com um guardanapo de pano.
-Ela voltou para Paris. Bem, por isso eu não esperava. Faz apenas algumas horas que eu falei com Charlotte e ela já foi embora sem ao menos se despedir de mim? Lilith vendo a minha cara de descontentamento acrescentou: -Eu sinto muito querida. Lilith cobriu a minha mão com a sua mas eu a tirei rapidamente. Eu estava profundamente magoada com Charlotte que parecia a mamãe, poxa, foi só eu tocar no assunto "Agnes" que ela vai embora sem falar nada.
-Vamos embora quando? Pergunto afastando uma mexa loira dos meus olhos.
-As sete. Respondeu Lilith.
Sem falar mais nada eu me levantei e fui até o jardim. Quando cheguei eu me deitei no chão e fiquei pensando como eu estava com saudades de Daniel e, não era só de Daniel mas de todos os meus amigos. Faz dias que eu não os vejo e também eu não posso me comunicar com elas porquê, bem eu não tenho celular e o único celular que eu tinha era um iphone que eu esqueci em Los Angeles. Era uma linda manhã em Yorkshire eu tinha que admitir, apesar de ser apenas umas seis horas da manhã, o sol brilhava, vários tipos de pássaros cantavam, não muito longe de onde eu estava dava para ver homens ou pastores com as suas ovelhas, fazendeiros em suas plantações e mulheres acordando cedo para lavar roupa no tanque, sim, uma vida normal que eu tanto queria voltar a ter mas ah, eu não podia.
-Você é uma suprema feiticeira, a sua vida nunca será normal. Uma garota com um cabelo vermelho se materializou ao meu lado, ela estava me olhando desdenhosa.
-Quem é você? Perguntei me sentando. A menina apenas sorria para mim, ela tinha uns olhos azul bebê, o seu rosto era gordinho e ela pelo que eu percebi era baixinha com um metro e cinquenta e oito mais ou menos.
-O meu nome é Debbie. Respondeu finalmente com a voz enojada. Debbie começou a passar a mão no seu cabelo vermelho (não um vermelho natural é claro, dava para perceber perfeitamente que era pintura.) e a olhar intediada para as suas unhas muito bem feitas e perfeitas.
-Hum, Debbie o que você está fazendo aqui? Perguntei passado muito tempo. Eu vi Debbie revirar os olhos e estalar a língua com desgosto.
-Dã, eu ouvi falar que você fala e vê fantasmas então, bem eu vim te fazer companhia. Ela respondeu e acrescentou. -Ah, é claro você é muito famosa entre os fantasmas. Ela riu.
-É mas, eu não quero a sua companhia. Falei me levantando, comecei a andar por uma trilha de pedra. Infelizmente Debbie começou a me seguir.
-Mas eu quero conversar. -Ela disse manhosa. -Faz cento e cinquenta anos que eu não converso com ninguém, pelo menos ninguém vivo. Ela riu mas parou de imediato quando eu virei para ela e a olhei irritada. Eu não queria mais fantasmas no meu pé, mas diferente dos outros fantasmas Debbie não ficava gritando no meu ouvido "Você não pode confiar em ninguém! ", muito pelo contrário ela só queria me encher o saco.
-Olha eu sinto muito, mas eu não quero mais fantasmas no meu pé. Dito isso eu comecei a andar novamente mas para a minha infelicidade Debbie se materializou na minha frente carrancuda.
-Mas eu quero conversar. -Ela bateu o pé e fez biquinho oque, me lembrou muito Olivia quando fazia biquinho e sempre conseguia o que queria mas, com esse fantasma seria diferente, muito diferente.
-Sério Debbie? -Olhei para ela maliciosamente. -Você realmente está morta a cento e cinquenta anos? Porque sabe a cento e cinquenta anos não avia tintura para cabelo. Falei, eu vi a carranca de Debbie se aprofundar.
-Ok, ok. -Ela levantou as mãos em rendição. -Eu morri a apenas um ano.
-Você pensou que podia me enganar. Ri, comecei a andar novamente pela trilha, eu tive que me abaixar para não bater com a cabeça em um tronco de uma árvore baixa. Logo a frente eu avisto uma linda fonte. Eu me sento na beirada da fonte e observo o céu azul. Insistente, Debbie se senta na minha frente.
-Então, -Ela começou brincando com a água da fonte. -Você vai ter coragem de...matar...a pessoa que matou a sua família? Fechei os olhos e, ainda com os olhos fechados respondi:
-Vou e, eu não vou apenas mata-la pela morte da minha família, mas também pela morte do meu namorado e da minha melhor amiga. Abri os meus olhos e vejo Debbie me olhando com os seus lindos olhos azul bebê.
-Bem, você...está com raiva mesmo. Ela disse olhando para os lados como se tivesse a procura de alguém ou alguma coisa.
-É mais do que raiva. -Falei azeda. -É ódio. Terminei por fim examinando o meu relógio, já eram seis e cinquenta e nove. Bem eu não tinha nem um minuto para chegar em casa e, eu tenho a certeza absoluta que Lilith estava a minha procura. Me levantei e ignorando Debbie comecei a andar pela mesma trilha que eu vim.
-Ei! Debbie gritou a minha trás. Como os fantasmas sempre faziam, Debbie se materializou ao meu lado. Eu estava andando rápido mas Debbie me acompanhava muito facilmente.
-Porque essa pressa toda? Ela perguntou. Eu reparei que ela levantava o seu comprido vestido branco sempre que nós passávamos em uma poça de lama mas, eu realmente não via motivo nisso se ela era um fantasma e fantasmas pelo que eu saiba não se sujam, muito diferente de mim que estava sujando os meus sapatos Cristian Loubotin que eu criei hoje, mas talvez aja uma maneira de limpa-los com magia.
-Eu estou andando de pressa, porque eu vou para a Irlanda as sete. Respondo me abaixando para não bater a minha cabeça naquele mesmo tronco de árvore. Debbie se infiltra na minha frente com um sorriso largo nos lábios.
-Posso ir? Ela pergunta fazendo biquinho. Balanço fortemente a minha cabeça fazendo o meu cabelo ricochetear no meu rosto.
-Não, você não vai. Digo me desviando do seu corpo quase translúcido. 
-Por favor. Ele continuou dizendo a mesma ladainha até quando eu cheguei perto da casa e gritei:
-Tá bom, você pode ir. Uma mulher que estava lavando a louça olhou pela janela panorâmica da cozinha e franziu a testa. Eu sorri e acenei, a mulher sorriu e depois voltou a fazer o que estava fazendo. Debbie deu um gritinho e começou a pular alegre. Balancei a minha cabeça revirando os olhos e entrei com Debbie, é claro que ela estava a minha trás ainda pulando. Quando cheguei na mesma sala de ontem a noite, Lilith estava com os braços cruzados impaciente junto com o seu marido Alessandro ao seu lado com o braço por volta da sua cintura.
-Hum, oi. Falei sorrindo fracamente. Lilith se aproximou de mim ainda com os braços cruzados e me observou.
-Você está ferrada. Disse no meu ouvido Debbie. lancei para ela um olhar significativo que, aleluia ela entendeu e calou a boca.
-Eu disse as sete. -Lilith disse e consultou o relógio na parede. -E já são sete e quinze.
-Desculpa é que...
Lilith nem me deixou explicar porque pegou no meu braço e me levou para o jardim onde um portal nos esperava. Lilith finalmente me soltou e foi até Alessandro que estava sorrindo para Lilith. Ela pregou um beijo demorado nos lábios dele e depois o abraçou.
-Logo nos veremos. Ela disse e o beijou novamente. Eu estava desconfortável isso eu tinha que admitir porque, sabe, não é legal você ficar lá vendo pessoas se beijar enquanto o seu namorado está em outro país. Limpei a garganta audívelmente oque fez com que Lilith se afastasse de Alessandro vermelha que nem um tomate.
-Será que nós podemos ir? Pergunto.
-É, claro. Diz Lilith e vem até nós (eu e Debbie é claro. Ela não parava de gritar ao meu lado de tão alegre que estava.), Lilith segura a minha mão e juntas entramos no portal com Debbie a nossa atrás.

Academy of the guardian. Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora