Luiza
Averiguei as três malas muitas vezes até perder a conta, tudo tinha que estar totalmente igual, às roupas, brinquedos, exatamente tudo. Elas conseguem brigar por um pedaço de papel no chão que uma pegou primeiro que a outra, depois de muito conflito o papel era esquecido e elas arrumam encrenca com outra coisa.
Evitei ao máximo de acontecer essa situação na fazenda, então trouxe muitas coisas das meninas, eu e Heitor nem ficamos preocupados com arrumação da nossa mala, somente jogamos as coisas lá dentro e pronto, o que faltasse teríamos que improvisar, mas nossas baixinhas tinha que ter as coisinhas delas para evitar uma guerra mundial.
Chegamos na fazenda dos meus pais já de tarde, o sol tinha ido dormir dando lugar para lua crescente. Os caseiros nos ajudaram com as malas nos indicando os quartos, as meninas dormiram em camas de casais unidas, travesseiro ao redor, certo era que já marcava sete horas no relógio e todas dormiam. Geralda veio com a gente, ficaria no próprio quarto para ter liberdade, Heitor e eu no quarto do lado das nossas filhas.
Por minha mãe gostar muito disso meu pai comprou essa fazenda quando eu era bem menina, uma criança da idade das trigêmeas, eu gostava muito, inclusive de galopar, nas férias sempre pedia para vim para cá, o silêncio do mundo e o barulho da natureza era uma paz indescritível. Depois que me casei, nunca mais apareci, agora vejo como vai ser bom, minhas meninas tendo contato com a terra diretamente, brincando livres do humano perigoso, do medo obsessivo que criamos todos os dias na cidade.
Passamos na cozinha e raptamos uma broa quentinha que a caseira Maria preparou, ela o marido e os seis filhos cuidam da fazenda, é uma mulher forte e determinada, gentil e amorosa, ama o que faz e quando conheceu minhas meninas enlouqueceu somente as vendo dormir, amanhã garanto que ela vai ficar louca de verdade quando ver a festa das quatro nesse lugar enorme.
_ Nossa, amor, aqui é lindo!
Deitamos na rede juntinhos ainda partilhando com o outro a broa.
_ Agora está escuro, vai ver isso amanhã!
O último pedaço ele coloca na minha boca.
_ Ansioso para ver!
Faz um chamego gostoso nos meus cabelos.
_ O que acha de entrar e fazer um mini Heitor?
Faço careta morrendo de graça.
_ Nosso filho não vai chamar Heitor!
Beijo o bico que ele faz.
_ Poxa...
Reclama não deixando de rir.
_ Vitória por causa do Vitório, Caio por causa do meu pai, e eu não mereço um Heitor?
_ Dois Heitor é demais.
_ Imagina um bebê nosso chamando Heitor Junior?
Riu de nervoso.
_ Podre amor, podre!
_ Tá bom.
Aceita.
_ Mas eu que vou escolher.
Decidi.
_ Vamos escolher juntos, você escolheu Pietra e Mel.
_ Aceito!
Busca minha mão apertando em um acordo nosso.
_ É justo!
_ Amor?
Chamo sua atenção.
_ Pode ser outra menina!