Luiza
Preocupada com Heitor ligo pela quinta vez pro seu celular, para o meu desespero cai outra vez na caixa postal, já são duas da madrugada e eu não consigo de jeito nenhum falar com ele. Já pensei em ligar na casa dos seus pais porém não quero alarmar ninguém, essa hora eles vão ficar preocupados.
_ Heitor!
Resmungo para mim mesma quando outra chamada cai na caixa postal.
_ Espero do fundo da minha alma que tenha uma explicação lógica por seu atraso!
Levanto da cama enrolando meu hobby de seda no meu corpo seminu pela camisola curta. Ando até a sacada do meu quarto, o vento é frio, e a rua deserta, me abraço rangendo os dentes, quando penso em deixar o lugar o carro dele entra na trilha de pedras que vai até nossa porta principal, ele desce apressado sumindo do meu campo de visão ao entrar em casa.
Decido fechar a grande porta de vidro, volto para a cama me sentando, espero por ele e estranho sua demora nos cinco primeiros minutos, então vou atrás. Desço a escada estreita da nossa casa averiguando na sala, cozinha e não o encontro, percebo a luz da área ligada, caminho até lá estranhando quando o vejo de frente para o tanque de lavar roupa sem camisa.
_ Heitor?
Assusta levantando os dois braços em rendição, só assim percebo a blusa branca que ele usava de manhã manchada de algo vermelho.
_ Luiza?
Afoga atordoado.
_ Isso é sangue?
Encaro ele preocupada, meu instinto me leva a varrer todo seu corpo com os olhos e somente volto a respirar quando percebo que o sangue não é seu. De repente travo meus olhos no além e me pergunto: Se esse sangue não é dele, é de quem?
_ Éé.
Subitamente nervoso concorda em pânico.
_ Heitor!
Aproximo mansamente.
_ De quem é esse sangue?
Toco sua camisa encharcada não desviando meus olhos dele que está sem reação, em pânico total.
_ Heitor!
Pego seu rosto fazendo ele encarar a mim.
_ De.quem. é. esse. sangue?
Falo pausadamente, subitamente fervilhando de raiva.
_ De um lobo!
Praticamente grita e se assusta com sua própria voz alterada.
_ Um lobinho Luiza...
Dessa vez sussurra com as mãos na cabeça claramente alterado, passando os dedos nos fios exasperado.
_ Me explica essa história!
Peço realmente preocupada, Heitor treme a mão todo nervoso.
_ Voltando para casa passei por aquele caminho que chega mais rápido.
Coça a nuca desviando o olhar de mim, aproximo e busco seu olhar bloqueando no meu ao tocar sua mandíbula direcionando para o meu rosto, ele parece uma criança perdida que fez algo errado e tem medo de falar para não levar bronca.
_ Não vi o animal porque meu celular tocou e eu fui pegar, só senti que atropelei algo quando escutei o barulho.
Abaixa a cabeça culposo, ao me fitar novamente sorrir sem ânimo, uma lágrima brilha no canto do seu olhar ameaçando a cair.
