Capítulo 22

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Heitor

Ver Luiza partir outra vez junto das minhas filhas era pior do que cada bala que ultrapassou meu corpo naquele dia, outra vez eu a magoei, colocando em prova minha conduta moral, o medo me fez ocultar tantas coisas dela, naquele dia na fazenda deveria ter sido sincero mas joguei a sujeira para debaixo do tapete, infelizmente ela foi descoberta trazendo junto bagagens que não são minhas.

_ Heitor.

Permaneci imóvel olhando o carro tomando cada vez mais distância de mim, difícil nessa altura do campeonato era admitir que Luiza tomou a decisão sensata.

_ Tudo que você me explicou você vai dizer na presença do seu advogado, vou comunicar seu pai.

Vargas me deixou e cinco minutos depois da sua saída minha casa estava cercada de policiais, sem nenhuma resistência os acompanhei, não precisei ser algemado, eles apenas me convidaram para ir a delegacia. 
Fui esclarecido mais cedo que eu seria interrogado, Vargas apenas soube que eu estava em apuros ao ver meu rosto na manchete do crime, ele retardou o envio das provas do legista que encontrou as drogas das minhas digitais no braço dela.

_ Onde estava entre dez e duas horas da manhã?

Não era obrigação responder, ainda mais sem um advogado, apenas suspirei encostando na cadeira de alumínio, o inspetor tinha pressa e o tempo era primordial para mim.

_ Não vou dizer nada sem meu advogado.

Fechou os punhos e deu um bote para cima de mim, parou centímetros do meu rosto e bufou jogando seu bafo de cão de rua na minha cara.

_ Uma mulher morreu em um beco estrangulada e depois o assassino cortou a garganta dela.

As mãos grandes bateram na mesa como uma forma de recado, eu continuo petulante sem dizer nada.

_ Vou ver se as imagens esclareçam sua memória, playboy!

Cruzo os braços e sem evitar levo meu olhos nas imagens distribuídas na minha frente, sinto um amargo desconfortável na minha garganta. 

_  Covardia, né?

Perguntou amargo, levei meus dedos em uma das várias fotos e analisei em silêncio. O vestido curto um pouco rasgado mostrava uma quantidade absurda de sangue na pele clara, o pescoço esticado para trás destacava o grande corte na garganta. "Quem fez isso com você…" Minha mente perguntava em silêncio, queria ela longe de mim, bem longe, mas não morta, ainda mais de um jeito tão covarde, e só de pensar que eu estive com ela minutos antes a ameaçando sem um pingo de coragem de fazer enche meu ser de culpa.

Voltei com a imagem sentindo o peso da culpa me sobrecarregar, meu semblante recaiu nas outras fotos pesaroso, não tinha nada a dizer, e o que eu falasse só poderia agravar meu caso mais ainda.

_ O engraçado é ver suas digitais no braço dela!

Óbvio que estaria, era a única forma de expulsá-la da minha sala, e depois, bem depois naquele beco eu toquei seu braço no mesmo local a pedindo, implorando que contasse a verdade para Luiza, esclarecer que nada tivemos naquela noite que me tornei refém das sequências ações erradas.

_ Tivemos uma discussão.

Quando vi já tinha falado.

_ Qual era o motivo?

"-Não diga nada, somente na presença do seu advogado!" Vargas acendeu na minha mente, indeciso balancei a cabeça, agora baqueado com tudo que acontecia.

_ Você não está entendendo, playboy!

Avançou mais ainda, pegando o colarinho da minha camisa me fez encara-lo face a face, fiquei sem reação ainda sobre o efeito de está no lugar errado, na hora errada e com a pessoa errada.

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