Heitor.
Acordar com o canto dos galos é uma novidade e tanto, espreguiço olhando para o lado automaticamente. Luiza sempre foi delicada, em tudo, o shampoo doce característico dela, a forma que dorme de boca aberta, o rosto jogado como uma pluma no travesseiro, é um todo que compõe sua delicadeza única.
Dedilho a maçã do seu rosto bem devagar para ela não acordar, olho ao meu lado vendo o relógio antigo marcar seis horas da manhã. Vou deixar Luiza descansar, sempre foi preguiçosa e nunca gostou de acordar cedo, mesmo chegando no horário na faculdade que fazia com minha irmã tinha um sério problema em se pôr de pé.
Faço minha higiene pessoal indo direto para o quarto das minhas meninas, antes de sair fechei as cortinas para Luiza continuar dormindo, apesar que o mesmo galo que me acordou vai acordar ela também.
_ Quero ovu da galinha no papa da manhã, Mel.
Bea comenta virando em direção a Mel que está acordada, as duas conversam sem me notar na porta.
_ A galinha não vai queler dar oce não.
_ Puter?
_ É nenem dela Bea.
Tento não rir alto para estragar o diálogo delas.
_ Mamãe falou que é neném depois que a galinha senta no ovu.
Mel fica meio perdida na sua explicação, Bea volta a dizer.
_ É só pegar ovu que a galinha não senta.
Tampo minha boca mais forte rachando de rir da sua explicação mais engraçada que já vi.
_ Vou chamar a mamãe para levar eu, você, Ceci e a Pileta!
Ameaça a levantar, Bea senta lhe pedindo para esperar.
_ Tem que chamar Ceci!
Bea dar ideia, Mel olha em direção a irmã praticamente nas pernas da mais nova.
_ Mamãe falou que não pode chamar irmazinha dormindo, ela fita triste, Bea.
_ Não quer Ceci triste!
_ Nem eu!
As duas se entreolham, talvez pensando em uma forma de fazer tudo que planejaram.
_ O papai leva Ceci depois tela atodar!
Bea dar a ideia, as duas riem do raciocínio rápido concordando uma com a outra descendo da cama.
_ Papai?
Coloco o indicador na frente dos lábios agachando para agarrá-las quando tenho a oportunidade.
_ Shhhh...
Elas vem na pontinha do pé fazendo silêncio como pedi, me abraçam risonhas.
_ Que ovu da galinha!
_ Primeiro benção pai, bom dia.
As duas esconde o rosto no meu ombro.
_ Benção, papai!
Mel fala.
_ Bom dia, papai!
Aponto minha bochecha.
_ Meu beijo!
Cada uma beija de um lado.
_ Agora é a minha vez.
Beijo a testa das duas me colocando de pé.
_ Antes de pegar ovo da galinha vamos lavar o rosto e escovar os dentes.