Capítulo 8

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Aegon ainda estava na banheira, seu corpo se encontrava relaxado na água que já estava morna, quase fria. Seus olhos estavam fechados, mas ele não estava perto de dormir, apesar de sua mente estar mais calma, o sentimento de inquietação como se precisasse de algo para dormir de vez não o deixava.

Ele sabia o que era, já havia assumido para si mesmo.

Maldita bruxaria dos dedos.

Ele sinceramente não queria nem pensar no que seria dele se Jacaerys um dia decidisse parar e se afastar dele.

Quando notasse que ele não valia o esforço.

Quando notasse que ele não era digno de aceitação.

— Espero que esse dia demore a chegar... — Ele murmurou baixinho.

— Está falando com quem? — Ele ouviu a voz de Jacaerys que havia entrado na sala de limpeza novamente, ele havia saído dizendo que iria pegar umas roupas para Aegon. — Não tem ninguém aqui... tem?

Aegon abriu os olhos e via Jacaerys olhar para os lados com desconfiança. As roupas que trazia estavam pressionadas contra o peito.

O coração de Aegon bateu um pouco mais forte. Seu corpo estremeceu e ele quase se permitiu afundar na banheira.

Sim, ele realmente deseja que o dia em que Jacaerys o abandonasse demorasse a chegar.

Nesses poucos dias Jacaerys foi capaz de fazer Aegon sentir algo além da dor e da frustração constante. Era inédito, era quase milagroso em seu pensamento. E ele queria mais, queria mais daqueles sentimentos confusos, estranhos, mas estranhamente não ruins.

Ele queria mais.

E iria aproveitar o tempo que durasse.

— Estava resmungando para mim mesmo... — Ele finalmente respondeu Jacaerys.

O Velaryon relaxou com a resposta e se aproximou sorridente do outro.

Jacaerys sempre estava sorrindo para Aegon. O Targaryen por sua vez achava estranho como alguém poderia sorrir tanto e ainda mais sorrir para ele.

Mas ele percebeu que não desgostava... Saber que trazia um sorriso para Jacaerys por qualquer que fosse o motivo fazia Aegon ter uma sensação de alívio.

Ele era capaz de fazer alguém sorrir invés de gritar.

— Eu prefiro que você resmungue para mim. — Jacaerys disse se sentando no banco em que estava antes. — Meu coração é fraco pra essas coisas.

Aegon o olhou com a sobrancelha arqueada e a expressão zombateira.

— Fraco para que? — Ele perguntou. — Para os mortos?

— Claro, eu não sei em que humor eles estão... vai que eu ofendi algum ser sem saber e ele decide me atormentar como retaliação.

— Tem algo a esconder... príncipe diplomático Jacaerys Velaryon? — A voz de Aegon escorria deboche.

Jacaerys negou.

— Não tenho nada a esconder, mas prefiro não mexer com forças que estão além da minha compreensão.

Aegon negou com a cabeça, ele moveu seu corpo lentamente na banheira e a água balançou um pouco em resposta.

— Tenha medo dos vivos. Eles têm o verdadeiro poder para lhe atormentar. — Aegon falou calmamente. — A faca afiada que os vivos carregam é bem mais afiada.

Jacaerys fechou fortemente os olhos, suspirando, buscando suprimir a dor ao sentir a experiência naquelas palavras de Aegon.

— Darei tudo de mim para lhe proteger dessa lâmina. — Ele respondeu firmemente. — Serei mais rápido, mais brutal, mais afiado.

Comforted Dragon • 𝙹𝙰𝙲𝙴𝙶𝙾𝙽Onde histórias criam vida. Descubra agora