Capítulo 62- A guerra não está perdida

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-Ay, Dios mío! Como me dizes uma coisa dessas? Isso não é certo. Não segue as leis da natureza. Não posso acreditar, que tiveste a coragem de trazer tua amante aqui e me falar uma coisa dessas. Isto é uma vergonha para a família...
-Ok mamãe, não fale mais nada. Que leis da natureza são essas? Quer dizer que os homens são mais importantes que Deus?
-Claro que não Sara! Que blasfêmia é essa?
-Pois bem, foram eles, que determinaram, quem eu posso ou não amar. Já Deus, me deu a liberdade de escolha. Por que nos amarmos, não está certo? Por que sou uma vergonha pra família? Fazemos tudo que todo mundo faz, trabalhamos, nos divertimos, pagamos impostos, somos solidárias, não devemos nada a ninguém. Somos duas mulheres bem-sucedidas. Estamos construindo uma família. E quando chegamos na nossa casa, no nosso quarto, somos simplesmente, duas pessoas que se amam mais que tudo, que querem conversar, compartilhar o dia, que querem se amar, sentir e dar prazer, serem felizes.
-Que abuso falar isso para mim, Sara!
-Abuso por quê? Por que somos duas mulheres?
-Sara se acalma, por favor...
-Porque isso pode fazer tão mal as pessoas, a você, mãe? O QUE TEM DE ERRADO NISSO?? Somos duas pessoas que se apaixonaram.
-Sara não grita, Luke vai se assustar e está falando com sua mãe...Se acalma, amor...
-Mamãe, eu não preciso da sua aprovação, para me dizer quem eu posso ou não amar. Eu estou apaixonada por ela, vivendo com ela. Fazemos tudo corretamente, temos caráter...
-Já estão vivendo juntas?
-Sim, praticamente, estou vivendo com ela. Estaria mais satisfeita, se você estivesse do meu lado, Jessica insistiu pra vir aqui falar com você, porque ela se importa, porque queria lhe convidar pessoalmente para as festas de fim de ano. Nunca eu vivi um amor assim, mami. Eles são a minha vida. Sabemos o que vamos enfrentar e pensei que poderia contar com você. Nós não estávamos buscando nada disso, mas aconteceu. Falamos sempre de você com Luke. Ensino a ele minha cultura. Eu sei que é difícil entender, mas se você respeitar, quem eu quero ser, já está bom. Não adianta me ofender, me ameaçar ou me intimidar, nada disso me separa dela. Ela agora é minha família, já que você não me aceita.
-Sara, não fala isso, amor...
-Se tratas assim tua mãe, pode ir embora com tua família então...
-Luísa, por favor, Sara não quis dizer isso... Sara, não fale isso! É sua mãe, amor.
-Mamãe, a mommy tá brigando com a vovó?
-Não filho, a mommy ama a vovó.
-Saaaraaa... Luke está prestando atenção...
-Você não está me respeitando, Sara.
-Ok. mamãe, me desculpe... Se é assim, que a senhora pensa, eu acho que quem não está sendo respeitada, sou eu... Jessica, vamos embora...
Sara pegou Luke no colo e foi saindo...
-Luísa, Sara está nervosa, ela considera e respeita muito você. Sara e eu fizemos questão de vir aqui pessoalmente. Queríamos compartilhar nossa felicidade. Fiz isso com meus pais, minha irmã e queríamos fazer o mesmo com você. Falamos já com Carla. Esse é um momento tão importante pra gente. Luke já está lhe vendo como avó dele. Eu sei que a situação é nova, as pessoas precisam de tempo também. Eu entendo... Nós viemos aqui pra lhe convidar para as festas de fim de ano. Sara entrou na minha vida num momento delicado. Você mesma disse, que queria conhecer o sortudo que fisgou Sara. Eu sou a sortuda. Minha mãe acha o mesmo e queria conhecer a preciosidade, que fez Sara. Minha mãe diz que se ela é tão especial e dedicada, que ela deve ter raízes assim. Você é essa raiz... Não abandone Sara...
-Sara, espera... Luke, filho, vem com a mamãe, vamos nos despedir da Vovó Luísa. Agradeça a ela pelo jantar e por ter brincado com o Pepe.
Luke abraçou minha mãe, agradeceu e quando estava saindo gritou:
-Dá beijo no Pepe, vovó!
-Está bem, meu amor. Tchau Jessica.
-Tchau Luísa. Obrigada ...

No carro
-Estava sentada no banco de trás com Luke, que estava vendo dvd. Podia escutar Sara com um leve choro. Ela estava muda.
-Amor, você deve ter paciência com a sua mãe. Isso é novo pra ela...
-Você parece que está contra mim Jessica?
-Contra você, meu amor? Como, Sara? Eu estou nisso até o pescoço! Sua mãe levou um susto!
-Mas ela sabe que eu sou bi, nunca escondi!  Dizer que sou uma vergonha, que isso não segue as leis da natureza, que eu a desrespeitei, que é errado! Errado pra quem?
-Mas você me disse, que ela nunca viu você com mulheres. Essa foi a primeira vez, não é?
-É...
-Dê tempo a ela de assentar os pensamentos, Sara! Depois tentamos de novo.
-Não quero tentar mais nada...
-Sara, não foi você que disse, que tínhamos que esgotar todas as possibilidades? Essa foi a primeira. Ela adorou o Luke. Pode ser o caminho. Vamos conversar com Carla. Ela também é uma possibilidade. Nós temos que estar juntas. Ela é nossa família. Ela é sua mãe.
-Sara, Luke já dormiu.
Ajeitei a cadeirinha dele e pedi a Sara pra parar o carro. Saltei e fui para o banco da frente com ela.
-Olha pra mim, Sara. Eu te amo tanto. Enxuga essas lágrimas... Vamos pro hotel, amanhã é outro dia. Vamos descansar e pela manhã vamos no Zoo Safari, a gente se distrai...
-Vamos, minha linda. Nos beijamos e seguimos.
Chegamos no hotel, Sara trocou a fralda de Luke e colocou o pijaminha dele. Escovamos os dentes e o colocamos no bercinho ao lado da nossa cama. Ele estava ferrado no sono.
-Jessica, deixa que eu dou a mamadeira da meia noite pra ele.
-Ok. Sara, deite-se aqui. Vou fazer uma massagem em você, minha vida...
Jessica massageou minhas costas e se deitou nelas, ao final.
-Amor, adoro quando você faz isso...
-Sara, amo tanto você. Não fica triste por hoje. As coisas vão se ajeitar.
-Vem cá, Jess...
Nós nos beijamos e Jessica pegou seu livro e se deitou nos meus braços. Vimos um pouco de tv. Ela leu...Quando dei a mamadeira, Jessica já dormia. Deitei-me abraçada a ela e adormeci.

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