Capítulo 20 - As Surpresas

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Sara Ramirez

...Jessica pegou o carrinho de passeio e me levou para dar uma volta pela propriedade.

O local era gigantesco. Chegamos numa área de flores e frutas. Era lindo... Tinha uma plantação de lavanda, grande e o aroma era incrível.
-Vamos caminhar um pouquinho. Leva a cesta, que está aí atrás, pra pegar umas frutas e umas lavandas pra nossa casa...
Sorrimos.
Fomos caminhando, por entre as árvores e colhendo umas frutas. Pegamos pêssegos, limão siciliano, physalis, maçãs e morangos.
-Sabe Jessica, esse dia está perfeito... Ficar num local lindo como esse, com a pessoa por quem estamos apaixonadas é tudo, mas não poder abraçá-la, beijá-la, é tão difícil, Jessica! 
-Por que não pode? Não seja por isso... vem aqui...
Jessica foi me puxando pela mão e me levou pra dentro do campo de lavanda. Sem esperar, ela me empurrou e eu, num impulso, me segurei nela. Caí e ela caiu por cima de mim.
Gargalhamos.
-E agora? Não tem ninguém aqui...
Jessica sussurrou.
Segurei seu rosto e a beijei apaixonadamente.
-Amor, eu te amo tanto...
-Eu também, Sara...
Virei rápido e fiquei por cima dela. Ficamos alguns instantes nos olhando e dando beijinhos.
-Jessica, sua mãe é danada. Ela tem um humor perspicaz, inteligente e picante, pra fazer um comentário como aquele? Quase morri de susto, quando ela disse, que eu era sua namorada! Não sabia que tinha falado do teste. Tem que me avisar dessas coisas, Jessica.
-Eu ia lhe contar, ontem à noite, mas estávamos com tantas questões pra resolverrrr... que acabei esquecendo...
Rimos...
-E se eu tivesse contado, que você é minha namorada, qual seria o problema? Estamos tão apaixonadas, querendo estar juntas, mas você está com tanto medo...
-Não é isso, amor. Ontem, foi nosso primeiro dia. Temos que avaliar muita coisa. Que pressa é essa? Nossas famílias, nossas carreiras, temos que ter cautela, ir devagar...
-Eu sei, mas será, que o que temos, não vale a luta? Eu quero estar com você, Sara e sei que vai ser complicado, mas eu quero...
-Eu também quero, mas também preciso cuidar da minha família, da minha carreira. Temos que preparar o terreno Jessica. Eu não estava esperando, que a minha vida tomasse esse rumo... Não sei, como vai ser a aceitação no trabalho, na família, do público... É muita coisa, amor!
-Não sabia que estar comigo, lhe traria tantos problemas...
Jessica falou, já tentando sair dos meus braços.
-Ei, ei...Não! Não vai sair assim. Voce não me traz problema!  Você não está entendendo, Jessica...
-Não, eu escutei bem, Sara... você tem que avaliar tudo, depois vai escolher o que for mais importante, eu entendo.
Jessica tentou sair mais uma vez.
-Ei, me escuta! Não faz isso! Eu vou deixar você sair, depois que a gente se entender. Você está confundindo o que eu estou falando...
Segurei seu rosto.
-Olha pra mim, Jessica! O que eu disse, é que precisamos escolher a melhor forma de proceder, de lidar com cada questão, que for aparecendo, mas temos que estar bem estruturadas, pra poder decidir...
-É isso que eu tenho medo. E se você vir, que está tendo tantos problemas e resolver pela sua carreira ou por qualquer outra coisa? Como eu vou ficar? Deixe-me levantar Sara...
Jessica virou o rosto e chorosa, tentou sair dos meus braços, outra vez...
-Pelo amor de Deus, olha pra mim! Você não entendeu, Jessica... Você não está nessa escolha, escutou? Você não está nessa escolha! Vamos esquecer o que eu falei?  Eu não quero, que você fique assim. Eu tenho que encontrar um caminho! Só isso! Eu posso abrir mão de qualquer coisa, mas não de você. Entendeu? Fala que entendeu, por favor Jessica...
-Segurei seu rosto e tentei lhe dar um beijo...
Ela virou o rosto.
-Não faz isso, Jessica. Se você ficar assim, não faz sentido, eu ficar aqui.
Jessica estava cabisbaixa...
-Eu me expressei mal. Esquece o que eu disse, amor... Ok, você não quer entender, mas vou repetir, eu posso abrir mão de qualquer coisa, mas não de você. Vou voltar a casa dos seus pais, almoçar e vou embora. Não posso fazer uma desfeita a eles. Quando você estiver disposta a escutar, a entender, a gente volta a conversar... Tentei levantar-me, mas Jessica me segurou.
-Sara, eu também não posso abrir mão de você.. Não imagino mais minha vida sem você. Ela falou com lágrimas nos olhos e me puxou pra um beijo alucinante.
-Por favor, Jessica, vamos combinar uma coisa? Sempre vamos conversar e arrumar uma solução. Não quero que você fuja e saia no meio da conversa sem uma solução. Eu não quero sofrimento entre a gente. Eu não vou saber lidar com isso... Não cria coisas na sua cabeça. Eu não vou mentir pra você, vou dizer sempre o que eu penso.
Continuamos a nos beijar, a coisa foi ficando quente e sabemos no que vai dar...
Beijei seu pescoço e Jessica pediu:
-Eu estou cheia de tesão, Sara, me ama como só você sabe...
-E se aparecer alguém, Jessica?
Ela sussurrou no meu ouvido:
-Só você me come gostoso... vem...
E me lambeu...
-Você é louca!
Jessica começou a desabotoar sua blusa e falou:
-Está perdendo tempo...
Perdi o senso e a razão. Amei-a com loucura...
...
-Eu te amo, Saraaaa... amorr...
-Goza, goza pra mim...
-ARHHHHHH, Arhhhhhh, Arhhhhhh! 
Jessica gemeu e cravou as unhas nas minhas costas.
-Ai, ai, ai...
Eu gemi...
...
-Ahhhhh, Sara... que loucura é essa que me dá? Fico perto de você e acontece...
-Caramba, amor, você me deixa tão tonta, que perco a noção de tudo. Isso é feitiço, sabia?
Rimos.
-Estamos aqui há uns 30 minutos, será que não vieram nos procurar?
-Se levanta e olha.
Jessica pediu.
-Jessica, está frio, agora...!
VRRRR!
-Não tem ninguém não, mas vamos nos vestir, Jessica.
-Mais tarde eu vou dar sua recompensa, minha Deusa linda. 
-Amor, me ajuda a vestir essa calça, assim mesmo.
-Assim como, Jessica?
-Sem calcinha...
-Ué, onde você deixou, amor?
-Onde "você" deixou, Sara?
-Jessica, você foi tirando a roupa e jogando, igual uma louca, eu não sei...
-Mas a "calcinha", foi você que tirou...
-Deixa-me pôr a minha blusa pra procurar...
-Amor, achei sua calcinha...
Dei um sorriso...
-Agora já vesti a calça, põe no bolso, Sara. Acha minha blusa que tá frio, por favor...
-Mas na hora do seu tesão, o frio ficou longe, né Jessica?
Ela riu...
Fiquei de pé e lab estava a blusa, sobre a lavanda. Entreguei a Jessica.
-Acho que tem um carrinho vindo lá longe...
-MERDA! Rápido, Sara!
-Cadê meu soutien, Sara?
-Eu não sei... Põe sua blusa, sem soutien mesmo, Jessica!
-Vamos colher lavanda, Sara ...
-Como é que é? Colher lavanda, agora, Jessica??
-É... Finge que está colhendo lavanda! Temos que disfarçar.
-Sara, olha se o soutien, está por cima das flores...
-Não está não! Essa quantidade de flores, tá boa? Sara perguntou.
-SARAAA! Sua blusa tá do avesso, amor!
-DEUS! ...Me abaixei e desvirei.
-Saraaaa!
-Oi, amor!
-Não estou achando meu soutien...
-FICA SEM, JESSICA! Deixe-o aí! Pelo amor de DEUS! 
-Mas alguém vai achar...
-Eu vou pra aí procurar. Estão chegando.
-Amor, achei seu soutien.
-Graças a Deus! Põe no seu bolso, Sara!
-É o Benson, Jessica!
-Que sorte...Se fosse minha mãe, ia ficar desconfiada.
-OI BENSONN! 
Acenei ao longe.
-SRA. JESSICA, O ALMOÇO SERÁ SERVIDO EM 20 MINUTOS!
-Ok. JÁ VAMOS!
-PRECISAM DE AJUDA?
-NÃO, NÃO, BENSON, PODE IR! OBRIGADA!
Jessica falou.
Quando Benson sumiu de nossas vistas, Jessica tirou a blusa...
-Jessica, que isso? Quer transar de novo, amor? Não estou acreditando!!!
Jessica riu...
-Até queria, mas só vou colocar o soutien, Sara! Me ajuda!
-Caramba! Que susto, amor! A próxima vez, sai sem calcinha e soutien. Vai ser mais fácil...
Gargalhamos e Jessica respondeu...
-Negativo! Fico muito mais excitada, quando você arranca...
-Ah, meu DEUS!! Eu já estou aqui, subindo pelas paredes, com todas as sacanagens que você fica me falando...
Jessica se aproximou de mim...
-Mais tarde, eu cuido de você... Minha latina!
-Jessicaaa...
-Vê se está tudo certo, no lugar, Sara?
-Tá sim, amor.
Dei a mão a Jessica para levantar-se e fomos andando de mãos dadas...
-Pega a nossa cesta, vida, temos que ir.
-Olha,Jessica!
-O que?
-Cerejas! Vou colher umas.
-Saraaa... estão esperando pro almoço, amor.
-Por favor, Jessica! Por favor! Eu amo cerejas!
-Que gracinha, essa minha boca gostosa, fazendo biquinho, implorando!
-Você gosta de provocar, né Jessica? Fica falando assim, toda sensual, cheia de maldade... Olha, Jessica, eu vou lhe pegar de novo e você vai aprender o significado da palavra implorar...
-Nossa, Sara... fiquei na dúvida!
-De que?
-Eu acho, que eu não quero almoçar mais, vou aceitar sua oferta... Jessica falou me pegando pela mão e já me arrastando pro campo de novo, dando uma risada...
-Jessica Capshaw, você é uma tarada. Você me tira o rumo, sabia? Eu amo muito você. Beijei-a...
-Sou tarada por você! Vamos, olha a hora...
-Vamos, mas na hora que você quer namorar, arruma tempo, né Jessica?
Sorrimos...

Chegamos e minha mãe estava na porta esperando minha irmã e as amigas.

-Mãe, olha o que Sara pegou.
-Encheu a cesta, hein Sara? Vai amar nossas frutas.
-Vou sim, Sra. Capshaw.
-Como é que você me chamou, Sara?
-Sra... Capshaw?
-Pelo amor de Deus, Sara! Me chama de Kate! Afinal, você é quase da família!
Kate falou e riu.
Eu e Jessica rimos, meio sem graça...Parecia que ela sabia.
-E esse aqui, não é Sr. Spielberg. É Steven!
-Ok! Kate e Steven, desculpe-me.
-Benson, pede pra servir. Chamei Sasha e ela não veio...Família é assim. Sara...
-Vamos nos sentar... Filha, coloca Sara do seu lado.
-E eu não sei, Kate?  Na realidade tenho só minha mãe e minha irmã, mas sou de família mexicana e quando tias, tios e primos se juntam...
-Perdão Mãe. Estamos aqui...
Sasha sentou-se com as amigas...
-Sara, imagina quando tínhamos os 7 filhos em casa?
Sara soltou uma gargalhada e todos olharam pra ela e riram.
-Perdão pela gargalhada, mas lembrei da minha família... A gritaria é genial.
-Aqui é igual. Parecia briga, Sara. Ninguém escutava ninguém. Além disso, a quantidade de comida, pra agradar, era absurda. Um comia isso, o outro não comia aquilo...
Steven comentou.
...
-Ah, mas o melhor, eram as perguntas cabeludas, que Kate tinha preguiça de explicar e mandava as crianças falarem comigo.
-Mas você também é pai! Tem esse papel. E não era tudo, que eu pedia...Mentira, amor.
Jessica e Sasha se olharam...
-MENTIRA NADA, MÃE!
-Viu?
Steven disse.
-Steven, vou lhe dar uma dica. Eu tinha uma tia que fazia isso com meu tio. Ela tinha quatro filhos. Um dia ele mandou fazer uma camiseta escrita: Eu não sei! Pergunte a sua MÃE! 
Todos soltaram uma gargalhada!
-Agora, vão ser os netos... Faz uma camiseta escrita, "Pergunte a sua AVÓ"!
Rimos mais!
-Sara, fazendo complô contra mim?
-Não Kate. Só dei a dica! Vai ganhar, quem fizer a camiseta primeiro!
Todos riram.
-Mas o pior não é isso, o duro de ter família grande é que, às vezes, as pessoas esquecem o nosso nome.
Sasha caiu na gargalhada com Jessica. Olharam uma pra outra e falaram juntas:
-Tia Sally!!
-Sara, Tia Sally chama o nome de todo mundo, antes de chamar a pessoa certa.
Kate explicou quem era.
-Sara, adorei você! Ela é uma figura, Jessica!
Sasha e Jessica sorriram.
-Gostei muito de vocês também. Não sei se acontece aqui, mas eu adoro estar com minha família...só não pode passar mais de 24 horas...
-Sara, você agora, acertou na mosca.
-Jessica, isso lembra alguém?
Sasha perguntou.
-Oh, se lembra!!!
E riram mais...
E assim foi nosso almoço. Divertidíssimo!
...
Luke tirou o cochilo da tarde. Quando saímos da mesa, ele estava acordando. Jessica o pegou no colo e ele estava choramingando. Peguei um sapinho, que estava no carrinho e sacodi. Fazia um som de coaxar. Ele escutou, parou de chorar e pediu pra vir pro meu colo.
-Filha, Sara tem mel! Saiu do seu colo pra ir pro dela!!
Kate ressaltou.
Sara começou a brincar com ele e Luke gargalhava. Jessica se sentou no chão, ao meu lado, sorriu...
-Sabe filho, Sara faz sua mãe muito feliz.
Mexi a boca, sem emitir som, dizendo pra Jessica que a amava.
-Mamãe, podemos ir ao shopping? Preciso comprar umas coisas.
-Posso ir, mas vamos demorar, filha?
-Não, mãe, vai ser rápido.
-Sasha, quer vir?
Jessica convidou.
-Não! Vou ficar aqui. Tenho que estudar.
Jessica sentou-se pra fazer uma lista das compras ao lado da mãe e eu, continuei no chão, brincando com Luke.
Kate estava bem atrás de mim.
-Que horas você quer ir?
Kate perguntou e observou algo na minha blusa.
-Espera aí, Sara. Não se mexa. Acho que tem uma coisa pendurada ou agarrada na sua blusa. Deixe-me pegar...
-Ah, é um ...cordãozinho... Parece com o de... Aqui, querida!
Kate me entregou o cordão, com uma cara desconfiada.
Sara olhou o cordão e olhou pra Jessica.
-Obrigada, Kate.
-De nada, Sara...
-Vamos?
Jessica chamou.
Todas concordaram em sair, mas Kate ainda queria tirar uma dúvida, por causa de sua intuição...

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