Prólogo

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— Com certeza, ele é legal — Heyoon murmurou ao lado de Sina, que não gostava nem um pouco daquela armação. Um encontro às cegas era ridículo em qualquer situação, mas um encontro às cegas com o melhor amigo do cara que Heyoon estava saindo há algumas semanas era pior ainda. — Lamar é maravilhoso, então Noah também será legal.

A garota sabia que o atual caso de Heyoon, o rapaz bonito da aula de economia sobre quem a garota não parava de falar, era um cara bacana. Em outra ocasião, ele havia buscado a amiga na casa de Sina e a forma como se olhavam deixava nítido que realmente se gostavam. Era puro carinho e admiração. Sina respirou fundo e tentou ser positiva. Heyoon não a levaria para uma furada, certo? Instantes depois, engoliu em seco ao perceber que ela constantemente a levava para furadas.

As duas adentraram no pequeno restaurante indiano. O bistrô Quazi estava numa área mais intimista de Nova York e era um dos locais favoritos das duas. Sempre se lembravam de algo especial quando chegavam, pois comiam ali desde o primeiro dia de aula da faculdade.

— Se esse encontro for uma merda, como vamos voltar aqui para comer banoffe sem as memórias desse dia? — Sina cochichou risonha, mas Heyoon já não a ouvia mais. Lamar havia acabado de entrar em seu campo de visão e, a partir de então, a moça só teve olhos para ele. Sina conteve uma risadinha e seguiu o olhar da amiga.

Lá estavam eles. Lamar tinha o mesmo sorriso bobo que Heyoon enquanto o rapaz ao seu lado parecia estar se divertindo com a situação. No rosto do desconhecido, havia um sorriso caçoador, dirigido, é claro, para o rapaz ao seu lado. Ao mesmo tempo, também parecia meio entediado, com as mãos enfiadas no bolso. Não passou despercebido para Sina o quanto era bonito, como um modelo do catálogo de esportes ou alguém que estaria no cast de um filme de heróis. Ele era dono daquele tipo de beleza que não se pode desviar os olhos, e Sina, definitivamente, não queria fazer isso.

— Eu vou me casar com essa mulher, juro a você — Lamar prometeu para o melhor amigo, que riu discretamente ao se aproximar das duas moças na recepção do restaurante.

— Ela é linda — Noah murmurou surpreso, embora também um pouco divertido. Lamar lhe deu um olhar zangado.

O único problema era que Lamar estava errado ao pensar que o elogio era para Heyoon. Noah não falava da namorada do melhor amigo, colega de apartamento e fiel escudeiro. Era óbvio que estava se referindo à loira estonteante caminhando em sua direção.

— Não estrague tudo com Sina, ou Heyoon ficará brava comigo. — Foi a última coisa que Lamar conseguiu dizer antes que ambas as mulheres chegassem à mesa.

As duas estavam deslumbrantes. Heyoon usava um vestido tubinho de alcinhas azul-marinho enquanto Sina usava um midi, porém simples, na cor vinho. Na morena, tudo parecia impecável, na medida como ficavam as modelos de passarela. Entretanto, em sua amiga, o modelito parecia se apagar diante das feições equilibradas. Noah podia jurar que se ela estivesse usando um saco de batatas, ele não teria percebido, porque não era sobre as roupas que vestia, era sobre ela. Certamente os dois rapazes tinham as companhias mais belas ao seu lado.

— Heyoon, Sina — Lamar cumprimentou antes que a namorada atirasse os braços ao redor do seu pescoço e o beijasse com fervor.

Sina e Noah reviraram os olhos ao mesmo tempo. Ambos conheciam os melhores amigos bem demais.

Aquilo pareceu, para a garota, um sinal de empatia. Ela sorriu para o cara, que apenas ergueu uma sobrancelha em sua direção. O sorriso de Sina desmanchou no mesmo segundo.

— Eu estava esperando uma morena, Lamar — Noah comentou em tom travesso quando o casal se separou. Seu melhor amigo revirou os olhos enquanto a loira o olhou perplexa.

Sina bufou, empinando o queixo, sentindo-se um pouco humilhada por aquele comentário. Noah sorriu e, então, foi a vez de Sina o olhar brava.

Aquela seria uma noite longa. Muito longa.

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