Dezesseis

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Sina Deinert's point of view

— Finalmente! Até parecia que você estava vindo de Hanover, não meus sogros. — Heyoon me recebeu com um abraço quando apareci na porta da mansão dos Hidalgo propositalmente atrasada. — Só Noah chegou, por enquanto.

Mas, ao que parecia, não atrasada o suficiente.

Fazia uma semana desde o que eu chamava de incidente da cafeteria. Na verdade, chamava de acidente gostoso da cafeteria, mas, ao mesmo tempo, lutava para remover a última parte. E tentava, com muito cuidado, não estar ao redor de Noah para cometer o mesmo erro outra vez.

Eu, porém, não conseguiria evitá-lo naquela noite. Michael e Linda Morris, os adoráveis pais de Lamar, estavam chegando de Hanover para o casamento do filho e minha amiga tinha insistido em um jantar em família que, é claro, incluía os padrinhos.

Em outra situação, eu teria amado a ocasião. Os pais de Lamar eram incríveis e super bem-humorados. Tinham sido minha grande companhia na nossa festa de formatura, já que meus tios se recusaram a participar do que chamavam de Sodoma e Gomorra. Desde então, eu adorava a presença de Linda e Michael. Os tios de Heyoon também eram simpáticos e receptivos. Era maravilhoso estar perto de uma família que não se alfinetava o tempo todo enquanto recitava versículos bíblicos.

No entanto, naquele momento, estava apreensiva.

— Oi, Sina! Você está bonita. — Sabina apareceu para me cumprimentar. Era bondade me elogiar quando ela mesma parecia uma deusa em seu vestido rosa curtinho.

— Você também está — retribuí e seus olhos brilharam. — Sério? Estou dando um tempo no bronzeamento para que nós duas possamos ficar bem nos vestidos de madrinha — explicou, e aquilo, de alguma maneira estranha, tocou meu coração. Conhecia aquela mulher desde que Heyoon entrara na minha vida e ela sempre teve uma pele invejavelmente dourada. Era muito gentil – do jeito Sabina de ser gentil – que estivesse fazendo aquilo.

— Obrigada. Não tenho muito tempo e nem muito jeito para essas coisas.

A morena riu, divertindo-se.

— Quem está aí? — uma voz feminina envelhecida perguntou.

— É minha amiga, vovó Elizabeth — Heyoon respondeu, mas a velhinha não parecia reconhecer. — A Sina. — No sofá espaçoso dos Hidalgo, uma senhora cruzou os braços, parecendo bastante entediada. — Essa é minha avó, mãe do meu tio. Ela veio para o casamento. — Yoon revirou os olhos com um sorriso terno.

— Oi, Sina. Venha pegar um uísque com a gente — Fernando chamou do outro lado da sala. Quis dar meia-volta. Ao lado do tio riquíssimo de Heyoon, estava o homem que eu tinha tentado sem muito sucesso esquecer nos últimos dias.

Minha amiga me deu um empurrãozinho para olhar para a porta, se erguendo em seus pés para ver se o noivo estava chegando.

— Oi, Fer — cumprimentei quando cheguei perto da dupla, um sorriso que mais devia parecer uma careta estampando o rosto. — Noah.

— Como vai, menina? — O tio de Yoon perguntou, enchendo um copo com gelo e o líquido cor âmbar.

— Bem, e você?

Fernando odiava ser chamado de senhor. E de Fernando.

— Tudo bem, também — respondeu.

Meus olhos vagaram, por vontade própria, em direção ao homem com postura relaxada ao lado dele. Para minha surpresa, Noah não parecia com raiva, nem prestes a me hostilizar por sair correndo da cafeteria como temia que estivesse. Na verdade, parecia estar se divertindo ou tentando conter um meio-sorriso enquanto me encarava fixamente. Me endireitei da posição encolhida.

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