Vinte e três

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Sina Deinert's point of view

— Você está linda — Ale sussurrou chorosa quando olhamos para Heyoon. Minhas lágrimas também se formaram. — A noiva mais linda que já vi.

— Sabina foi um anjo me ajudando a escolher esse vestido — ela respondeu com as bochechas coradas, humilde demais para admitir o estado de perfeição.

Heyoon estava linda e radiante no modelito branco, clássico, embora arrojado. Parecia uma princesa vinda diretamente de um conto de fadas.

Estava quase na hora. Linda Morris saíra pouco antes para se posicionar no altar e eu não consegui ouvir mais o burburinho dos convidados. A cerimônia parecia prestes a começar.

Sabina riu, balançando a cabeça. Ela também estava maravilhosa em sua versão ousada de madrinha.

— A modelo ajuda — gracejou. — Mas faltam alguns detalhes — completou, pegando uma caixa na penteadeira ornamentada.

— Ah, esse não vai ser um dos momentos de me fazer chorar, certo? — minha amiga perguntou e nós rimos.

— Pode apostar que sim — respondi, emocionada. As mulheres Hidalgo e eu estávamos planejando aquele pequeno ato há alguns dias. Uma tradição que eu nunca tinha visto pessoalmente. Quando minhas primas se casaram, não estava perto ou sequer era querida o suficiente para o rito.

— Uma coisa antiga e azul — Ale anunciou, abrindo a caixa aveludada. Dentro, repousava um lindo par de brincos em formato de gotas com topázios delicados. Heyoon olhou chocada para a joia. — Eram da sua mãe. Guardei durante todos esses anos, porque parecia apropriado para uma ocasião como esta. Sei que ela gostaria que eu lhe desse, afinal de contas, me confiou o que tinha de mais sagrado: você. Sei que sua mãe está orgulhosa agora.

Yoon afastou as lágrimas com a ponta dos dedos e sorriu afetada enquanto a tia afastava o véu com cuidado para posicionar os brincos. As duas trocaram um olhar emocionada e senti o coração apertar. Minha amiga perdeu os pais muito cedo, mas tinha sido muito amada pelo casal Hidalgo. Isso era o que importava.

— Agora uma coisa nova — falei, a voz embargada. Heyoon me encarou e mais uma torrente de lágrimas inundou nossos olhos. — Espero que goste — sussurrei ao colocar a outra caixinha em suas mãos.

Um soluço irrompeu pela garganta dela quando viu o acessório delicado para cabelos. Era em formato de flor e as pétalas eram brilhantes, alvas e delicadas.

— Obrigada! — Heyoon chorou e me abraçou. — Obrigada, obrigada, obrigada, Si. Por tudo! Não só pelo que fez por esta cerimônia, mas por todos esses anos. — Chorou um pouco mais em meu ombro. Meu lábio inferior tremeu, não querendo aceitar o pensamento que se passava em minha mente. Era uma despedida.

— Mãe, vamos? — Sabina chamou. — Vamos dar um tempo para elas. Vemos vocês já, já.

— Claro, querida — Ale respondeu e afagou o ombro da sobrinha antes de as duas saírem desfilando.

Éramos, enfim, só Heyoon e eu. Minha amiga me deu um sorriso úmido pelas lágrimas, mas sem qualquer borrão na maquiagem à prova d’água, enquanto ajustava o acessório nos cabelos. Ofereci-lhe ajuda, não querendo que nenhuma mecha saísse do lugar.

— Tenho uma coisa para te contar — cochichou. Franzi o cenho.

— O que é? — perguntei assim que terminei de ajeitar os fios morenos ao redor do enfeite. — O que aconteceu? Não quer mais se casar? Não pode ser isso, você quer se casar! Está nervosa? Isso é normal. Olha, é só uma cerimônia, não significa que… — comecei a tagarelar, sentindo a ansiedade me consumir. Heyoon, porém, parecia calma, até meio divertida. Um brilho diferente era exibido em seus olhos.

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