Dez

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Sina Deinert's point of view

— Chegamos — anunciei com certa inocência após sentir o olhar de Heyoon me perfurar durante todo o caminho em direção à loja de noivos. Ela sabia que tinha alguma coisa errada. Eu só precisava garantir que não ficaria sozinha com ela nem por um segundo.

Seria um dia cheio. Escolheríamos o vestido de Heyoon e o terno de Lamar, além dos vestidos das madrinhas. Ale e Sabina também estavam a caminho, porque iriam nos ajudar a escolher, além de aprovar seus próprios modelitos. Aparentemente a vida de duas ricaças era super ocupada, pois ainda estavam participando de um almoço chique e beneficente da última vez que confirmei a presença delas.

Eu já tinha tudo calculado. Busquei meu casal de amigos em cima da hora no hotel onde tinham passado a manhã medindo paredes para comprar as luzes. Heyoon estaria envolvida em uma montanha de vestidos, não tendo a oportunidade de me investigar. Eu, por outro lado, passaria todo o tempo dentro de um provador e ninguém sequer perceberia que eu estaria lá. Noah, pelo menos, nunca perceberia.

— Mais uma vez, obrigada pela carona, Sina — Lamar falou, abrindo a porta. Sua noiva permaneceu imóvel. — Fico cada vez mais feliz por você ser louca o suficiente para manter um carro em plena Nova York.

— Pode contar comigo. — Dei um sorriso.

— Querido, vai ver se Sabina e minha tia já estão lá dentro, por favor? — ela pediu e o noivo me lançou um olhar simpático, como se dissesse "sinto muito", sabendo que a namorada não perdoava. Ninguém podia escapar do interrogatório de Heyoon Jeong.

— Vou aproveitar e... — comecei a dizer, tirando o cinto de segurança, mas as mãozinhas irritadas da morena me pararam. Suspirei.

— Você vai me dizer o que está acontecendo, isso sim — rebateu, usando o tom de jornalista. Logo em seguida, tirou o cinto de segurança, cruzando os braços e se virando em minha direção. Encarei as mãos no volante, fingindo não perceber minha inquisidora.

Por um tempo durante a faculdade, minha adorável amiga, que tinha um adesivo escrito "acabe com o aquecimento global" no quarto e como passatempo fazer yoga, tinha a pretensão de trabalhar com cobertura de guerra. Foram meses até ela ser demovida da decisão de ir para campos de batalha.

E isso, infelizmente, não aconteceu antes de fazer um workshop de persuasão com um ex-agente da CIA.

Yoon tinha se tornado uma ótima repórter de esportes, porém o que aprendeu naqueles três dias de palestra continuava em seu sistema. As vítimas frequentemente éramos Lamar e eu. Não o julguei por ter me abandonado. No seu lugar, eu teria feito o mesmo.

— Não sei do que está falando — contornei, inocente.

— Besteira. — Ela me cortou. — Faz alguns dias que tem alguma coisa acontecendo e você não quis me contar o que é. Está tudo bem se não quer, não vou invadir sua privacidade, mas preciso dizer que estou aqui para te ouvir. Quando quiser — ofereceu e eu suspirei, segurando o volante.

Heyoon tinha sido minha confidente nos últimos anos. Eu sabia tudo sobre ela e minha amiga, tudo sobre mim. Queria lhe contar o que estava rolando, mas me sentia confusa.

— É só que... — Minha voz morreu. Nem eu tinha certeza do que se tratava toda aquela história.

— Não precisa me contar. Sério — repetiu, embora, dessa vez, de maneira doce. — Só queria dizer que, às vezes, as coisas são muito maiores em nossa mente e, quando as falamos em voz alta, podemos entender o verdadeiro tamanho delas.

— Aprendeu isso no workshop do detetive Bellisario? — perguntei e Heyoon crispou os lábios.

— Desculpe, não posso te dizer. É confidencial — brincou.

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