Sete

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Sina Deinert's point of view

— Heyoon! — Sabina quase deu pulinhos quando nos viu saindo do carro. A viagem até ali tinha sido apreensiva enquanto Noah tentava convencer minha amiga de que sabia o que estava falando sobre combinação de cores.

Na calçada da floricultura mais procurada de Nova York, a moça acenou, destacando-se no meio dos vasos expostos de cinéreas, parecendo brilhar na luz da manhã. Ela era linda, óbvio, muito parecida com a prima. A filha única do casal Hidalgo era morena e sempre usava cores vibrantes, geralmente rosa, como o conjuntinho de saia curta e blusa de mangas daquele momento. Era como se tivesse saído de um filme dos anos 2000, não de uma maneira caricata, mas requintada e chique.

Nós nunca tivemos muito contato, só nas vezes em que fui até a mansão dos tios de Heyoon ou em eventos, como aniversários. E claro, ainda me lembrava da última vez que eu a tinha visto, pois foram os gemidos dela e de Noah que tive que parar. Estremeci.

— Sabina, desculpe te fazer sair dos seus compromissos — Heyoon disse. A prima, no entanto, revirou os olhos, dando uma risadinha.

— Você sabe que sempre tenho tempo para você. — Deu um tapinha gentil no ombro da noiva. — Meus noivinhos queridos podem contar comigo para tudo, afinal de contas, somos a força-tarefa do casamento — lembrou, dando um olhar por cima dos cílios na direção de Noah.

Senti o estômago revirar de um jeito desconfortável e desviei os olhos.

— Queremos sua opinião sobre a decoração porque… O estilo do Sunshine Blue não é exatamente o que pensávamos — Lamar explicou o motivo do encontro. A morena o olhou em choque.

— Sério? É um dos hotéis favoritos dos meus pais — falou, abismada, confirmando nossa teoria. Gente rica, mesmo gente rica com bom gosto, era meio brega.

— Sim, e por isso, estamos contando com você para nos ajudar — Heyoon pediu para a prima, que parecia mais do que feliz em ajudar.

— O que quiserem. — Sabina sorriu. — Além disso, o papai deu livre acesso aos cheques e cartões. Eles estão comigo, mas já deviam estar com você desde o início.

Ali estava uma das características de Yoon. Mesmo os Hidalgo nadando em dinheiro, suas despesas eram suas despesas. Lamar e ela tinham economizado por anos para conseguir pagar pela viagem e estavam usando o fundo reserva para o casamento. Por esse motivo, seria uma cerimônia modesta. O casal estava bancando tudo, não os tios de Heyoon ou os pais professores-de-Dartmouth-bem-sucedidos de Lamar. Apenas os dois.

Até o prédio feioso aparecer.

— Vamos comprar tudo para deixar o Sunshine Blue do jeitinho que vocês querem.

— Sabina, você é um triunfo, não é? — Noah comentou, colocando o braço ao redor do pescoço da moça. Ela deu uma risadinha. Ao ver aquela cena, mordi o canto interno da boca, sentindo mais ondas estranhas no estômago.

Deixei que meus amigos tomassem um lugar à minha frente no caminho para dentro da loja, tapando a visão de Noah e Sabina.

A Flowers & Kindness era uma das maiores floriculturas de Nova York. Eles tinham um catálogo especializado para casamentos e, com especializado, eu quero dizer tudo para casamentos. Desde rosas de todas as cores até espécies que eu nunca tinha visto, com pétalas exóticas e coloridas. Era um verdadeiro paraíso da terra, para quem não tinha rinite, é claro. Contive o décimo espirro enquanto a florista explicava como rosas e copos-de-leite iam se transformar em lindos arranjos de mesas dentro de vasos de vidro de um metro.

— Não sei se gosto da combinação — Lamar comentou e Heyoon concordou.

— Talvez girassóis e rosas vermelhas. Tons mais solares, como… Isto. — Sabina apontou para um buquê berrante em cores chamativas. Era lindo e vibrante, mas estava longe de ser como os noivos eram. Evitei fazer uma careta, já que ela tinha os cheques. — Ou então margaridas e crisântemos.

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