Torre de marfim - Organização Luneta a.u.

Capítulo I

Aviso: este capítulo contém descrições sangue e machucados; descrições de morte; horror corporal leve; comportamento impulsivo/obsessivo

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Em aparentemente mais um dia como qualquer outro, Pedrux acordava de sonhos intranquilos, vendo que quele seria seu primeiro dia como funcionário oficial da Organização Luneta, uma das várias empresas conhecidas por serem aquelas que "navegam para o futuro da cidade".

O jovem de cabelo castanho escuro cacheado mal acabava de tomar banho, vestir o uniforme preto e enfaixar a identificação do setor de segurança em seu braço que já sentia como se um novo homem surgisse na frente do espelho. Pedrux estava orgulhoso de si, não havia acreditado que a Organização o havia tirado do cargo de zelador e o colocado no de funcionário oficial das instalações da Constelação Sagitário, a qual ele já trabalhava.

Claro, o emprego dele de agora era muito mais arriscado, já que o setor dele atua diretamente na contenção das entidades e quase sempre são os primeiros a entrarem em contato com as que chegavam às instalações, mas o salário é muito maior e sua família receberia um valor alto em dinheiro caso ele morresse em serviço. Talvez não compensasse o esforço para a maioria das pessoas, todavia não é fácil achar emprego na cidade e esse tipo de fundação acaba sendo a única escolha para pessoas que viviam à margem da sociedade como ele e seu amigo Nait.

Quanto ao Nait, ele é um sujeito misterioso, mas parece ser um pouco mais próximo de Pedrux e Ameizim. Nem seus dois amigos e colegas de quarto sabem exatamente sua trajetória de vida, apenas que ele é um dos muitos órfãos da periferia da cidade que teve de sujeitar a trabalhar na Organização Luneta como forma de sustento. Nada muito diferente da vida de dezenas ou até centenas de pessoas que cresceram nas mesmas condições de Nait.

Enquanto Nait ainda estava de Pijama com a cabeça enfiada no travesseiro se recusando a acordar a todo custo, Ameizim já havia aceitado seu destino e se levantava aos poucos para lavar o rosto. Nenhum dos dois conseguia acreditar que Pedrux poderia estar tão animado para um trabalho em que pessoas morriam cotidianamente, mas trabalho é trabalho, alguém precisa fazer o que deve ser feito.

Nait e Ameizim são mais altos que Pedrux e ambos têm cabelo preto liso, mas, enquanto Nait possui cabelo longo, olhos avermelhados e brincos e piercings pela orelha; Ameizim tenda se manter mais discreto na aparência, com um cabelo mais curto e sem brincos, piercings ou outros adereços que marcassem muito sua presença, disso já bastava seus olhos negros fundos hipnotizantes.

Pedrux decide preparar uma xícara de café para seus amigos que não estavam acostumados a acordar às 5:00 da manhã com os equipamentos de Ameizim, os quais eram muito mais chiques e caros daqueles que Nait e Pedrux tinham em suas antigas casas. Diferente de seus amigos, Ameizim era um típico filho dos antigos soldados da cidade, uma pessoa que sujeita a todo tipo de serviço apenas porque sente que tem de orgulhar os pais em ser a nova geração de combatentes.

Ameizim pessoalmente preferia algo mais simples e menos letal como paleontologia ou biologia, já que amava estudar e entender como os seres vivos funcionavam, mas os pais dele obviamente iriam tirar sarro dele por querer "trabalhos leves", o típico mal dos veteranos das guerras contra entidades. Ameizim odiava o modo como era tratado, principalmente o fato de nunca ter tido realmente controle de sua vida, todavia também não achava que poderia ter uma vida melhor que aquela.

Todas as pessoas são fruto daquilo que as molda e Ameizim, o herdeiro de uma pequena fortuna que foi treinado desde sempre para ser um guerreiro, estava morando junto de dois rapazes das bordas da cidade nos aposentos do sítio da filial Sagitário da Organização Luneta.