Já se passaram dois dias desde que a Constelação Sagitário chegou a seu fim, Mendrake repousava em uma das macas do hospital. Apesar da infiltração de sangue e das várias perfurações, o estado dele não era tão grave quanto ao de outras pessoas, mas ele ainda precisou ficar em recuperação.
Desde o fim dessa filial da Organização, cada sobrevivente seguiu um rumo diferente em sua vida. Pedrux foi tirar uma semana de férias antes de voltar a trabalhar com a Organização na casa dele com seus parentes e arrastou Nait consigo, já que o amigo não tinha para onde ir; Daniel continuou a visitar Rafael no hospital e prometeu que iria o acompanhar nas sessões de fisioterapia quando recebesse a prótese, além de planejar pedir o companheiro em namoro em breve; e Alice e Liz voltarão a trabalhar em breve, mas em outra empresa que não colocasse a vida delas diretamente em perigo.
Dos antigos chefes, Mendrake, Tuguim e Phantom foram os únicos que aceitaram continuar na empresa, mas fizeram isso muito mais por pressão dos diretores e coordenadores do que por decisão pessoal de fato. Duda decidiu seguir carreira médica em um hospital de referência na cidade; Texx foi contratado para trabalhar com o chefe de um escritório de investigação de eventos anômalos e paranormais; Flookey foi tirar férias em um lugar mais afastado da cidade por tempo indeterminado com Amélia, já que ela não seria recontratada em tão pouco tempo; e Beemo virou pesquisador de campo do Conglomerado Balestilha.
Amélia e Flookey às vezes revezavam para ir ver como ele estava, mas, neste dia, Duda resolveu tirar um momento para conversar com Mendrake, o qual estava assistindo as notícias sobre o desabamento do local onde ele trabalhava.
Cada emissora de tv apresenta uma versão diferente dos fatos, mas nenhum realmente agradava a ele. Ou ele achava muito exagerado, ou muito sensacionalista, ou só não apresentava os fatos tal qual eles eram porque tinham outros interesses por trás. Depois de um tempo, Mendrake só desistiu e aceitou ver como andava o progresso das escavações em uma emissora qualquer.
- Boa tarde, Mendrake! como vai? - Duda fala assim que entra na sala. O repórter estava comentando sobre os corpos que acharam no meio dos destroços.
- Sei lá. Acho que bem - A apatia consumia o rapaz.
O repórter começava a falar sobre que em um dia ou dois talvez eles fossem finalmente capazes de chegar até à sala das câmaras do setor de informação.
- Sabe, você não pode ficar toda hora preocupado com isso. Você fez tudo o que podia - Duda suspira, mas ainda preocupada com o amigo.
- Não é isso, é só que. Eu perdi o Ameizim e o Ricardo, o Pedrux não para de pensar na amiga dele, vários outros ficaram gravemente feridos ou morreram. Eu fiz tudo o que podia e ainda assim, não fui o suficiente – Mendrake não suportava mais se sentir culpado por algo que ele mesmo sabia que não poderia fazer muito mais a respeito.
- A gente nem sabe o aconteceu? Vamos ter que esperar o Phantom reaver todos os arquivos do prédio inteiro para identificar onde teve as falhas de contenção.
- Sendo sincero, aquele cara é bizarro, até hoje ninguém sabe como ele escapou do prédio! Nem sei se ele é um ser humano - Mendrake falou com um leve tom de indignação.
- Você pode até ter razão, mas ele era chefe do setor de informação, ele conhece aquele lugar como a palma da mão dele – Duda concordava com Mendrake em dizer que Phantom era alguém muito incomum, mas não achava que ele própria era uma entidade ou algo além do tipo.
- Sei lá, eu só... Por que temos de viver assim?
- O Flookey parece que te convidou para ir passar um tempo com ele em uma casa de praia. Você poderia aceitar, seria uma boa oportunidade para tirar o estresse que você sempre passou.
- Nem sei se mereço aceitar. Ele se esforça muito para me agradar, quando não deveria – Mendrake tentava não pensar muito no Flookey, pois temia que Amélia o tivesse contado algo, mesmo que ela nunca fosse maldosa ou fofoqueira.
- Você merece um pouco de descanso, não tem um centímetro do seu corpo que não tenha sido costurado.
- Você fala demais, Duda... - Mendrake fecha os olhos por um tempo, tentando se concentrar no próprio mundo e esquecer os últimos eventos que rodavam sobre sua cabeça há tempos.
- Saiba que você sempre pode contar comigo para o que precisar – Duda estava sendo mais solícita do que de costume.
- Agradeço seu apoio, mas espero não precisar – Mendrake gira a cabeça um pouco para o lado ainda com os olhos fechados.
- Quer que eu saia para você descansar?
- Não, obrigado, fico feliz que alguém tenha vindo me visitar hoje - Mendrake sorri e Duda resolve conversar sobre outros assuntos diversos pois não queria mais se lembrar daquela empresa que tanto a fez mal.
A Organização ruiu, mas os danos que ela causou na mente de todos os seus funcionários jamais serão esquecidos. As vidas perdidas, os traumas provocados, as almas corrompidas serão uma lembrança constante na mente de todas as pessoas que um dia entraram naquele prédio.
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Notas do autor: muito obrigado a todos que leram e acompanharam até o final. Não sei se o final foi satisfatório, mas acho que é o que mais faz sentido no contexto geral da obra, afinal o objetivo dos rapazes era sobreviver e não destruir a Organização Luneta ou coisa do tipo, se a empresa caísse, seria por causa dela própria. A Organização não era apenas um lugar, ela era uma força de poder incalculável que agia sobre todos, mesmo com fim da filial Sagitário, ainda existem outras 11 por aí.
De qualquer forma, essa fanfic ainda não acaba por aqui, semana que vem irei publicar as fichas das entidades e alguns comentários sobre elas. É algo bastante inspirado nas fichas de Lobotomy Corporation, então não estranhem se algumas parecerem mecânicas de um jogo.
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Torre de marfim - Organização Luneta a.u.
AcciónEm uma cidade distópica em que os humanos começaram a desenvolver métodos para combater e capturar entidades, seres com propriedades paranormais ou anômalas que estão além da compreensão humana, surgiram as empresas navegantes, um grupo de companhia...