Torre de marfim - Organização Luneta a.u.

Capítulo VI

Aviso: este capítulo contém descrições de cicatrizes e deficiência físicas; descrições de angústia e negligência familiar.

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O trio principal ainda estava abalado pelas fofocas que ouviram no dia anterior, Nait ainda sentia nervosismo com a sensação de morte que pairava sobre a organização, Pedrux, por mais que soubesse desde a época que era zelador que a fundação não ligava muito para os funcionários, ainda esperava que ao menos a meritocracia o salvasse alguma vez e Ameizim só desistiu completamente de achar algum sentido lógico para a própria vida e tudo que vinha acontecendo.

Os pais de Ameizim nunca foram os mais presentes, no máximo mandaram uma carta que mais parecia uma ameaça passivo-agressiva de que ele deveria voltar ao trabalho o quanto antes e a família dele, com o passar do tempo, virou os membros da Organização Luneta, principalmente Nait e Pedrux com quem ele se enturmou e rapidamente fez uma amizade com eles.

Em condições normais, é muito difícil um herdeiro dos antigos soldados se enturmar com o pessoal das camadas mais baixas e os órfãos das periferias, mas a sensação constante de perigo junto das muitas horas que eles passaram no setor de treinamento formaram bases para a amizade deles.

Ameizim, diferente de seus colegas, possuiu boa educação, teve aulas de dança e teatro e já estudou técnicas de combate e defesa pessoal, suas habilidades são variadas e seu currículo seria o suficiente para o colocar como o futuro líder do setor de segurança após a saída de Mendrake do cargo por aposentadoria, morte ou invalidez.

Já Pedrux e Nait são os que mais compartilham similaridades em suas histórias de vida, sendo ambos menos afortunados e dependendo constantemente da própria força e coragem para sobreviverem. Enquanto Pedrux, apesar de bem pobre, sempre pode contar com sua família sempre que precisava, Nait nunca pode contar com ninguém para sobreviver e ele próprio considera Pedrux e Ameizim os primeiros e únicos amigos verdadeiros que ele possui.

Evidentemente, Pedrux era o mais estável dos três, apesar dos constantes problemas financeiros que a família dele passava e não tinham muito contato já que ficavam quase que em lados opostos da gigantesca cidade. Os únicos parentes que Pedrux é realmente próximo são uma mãe adoentada com dores forte e crônicas que a debilitam muito e um irmão mais velho que não pode arrumar um emprego, pois não há quem cuide da mulher.

Pedrux também não tem falado muito com eles, apesar de sempre querer os ver de novo, já que as férias são limitadas, somado ao fato da empresa possui uma política muito rígida quanto a contato com o mundo exterior e os parentes de Pedrux não possuem um telefone ou orelhão de fácil acesso. Pedrux também não possui um, mas é para isso que o amigo ricaço dele servia.

Em meio ao clima de tensão que tem sido gerado nos últimos tempos, o trio principal tenta manter a naturalidade de antes, mesmo sabendo que a Organização não poderia se importar menos com os protocolos de segurança se eles não forem lucrativos.

Como primeiros trabalhos do dia, Ameizim foi encaminhado para a Bruxa monocromática, Pedrux deveria ir para a cela de Fragmentos de um coração partido antes de trabalhar na Bênção dos Ipês coloridos e Nait deveria ir para o Monarca da neblina, mas foi permitido que ele passasse cerca de uma hora e meia na academia, já que ele chegou antes de seu turno de fato começar. Nenhum dos amigos dele acreditava que ele seria capaz de acordar cedo por conta própria, mas ele já havia chegado ao local antes mesmo que os outros pudessem notar. A multidão que vive cercando Ricardo reduzia aos poucos, mas muitos deles ainda importunavam o rapaz.

Pedrux foi o primeiro a se dirigir ao seu trabalho na estátua velha que o ajudaria a mudar o estado do Ipê. A árvore de Ipê da Organização não desabrocha apenas em tons de rosa e foi recomendado pelo setor de informação que mais testes fossem feitos e "fragmentos de um coração partido" é a entidade ideal para isso.