Capítulo XII - final

154 14 20
                                    

Aviso: este capítulo contém descrições de sangue e mortes; descrições de feridas e machucados; descrições de desmembramento; descrições de angústia e sofrimento psicológico; descrições de dissociação mental; descrições de horror corporal

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Ameizim e o ser que fingia ser Nait estavam caminhando pelo setor de extração tão perdidos tal qual quando começaram. O funcionário ainda estava muito agitado e com problemas para manter o pouco de sanidade que lhe restou, todavia ele já estava notando que a pessoa com quem ele andava não era o amigo dele de fato.

- Nait, cadê o Pedrux? Além de não termos saído daqui, não vimos nem sinal dele – Ameizim reclama.

- Você não confia em mim? Eu sou o Nait! Eu sou seu amigo! - A criatura protesta.

- A cada dia que passa você parece que está pior...

- Você não é meu amigo? Por que você não confia em mim?! – O monstro começa a perder a estabilidade de sua forma sua máscara parecia tremer de forma anormal em direção a Ameizim.

- Você fala como se também confiasse plenamente em mim!

- E em algum momento eu já te tratei de uma forma diferente? - A entidade estava com medo de não estar agindo igual ao Nait verdadeiro e ser descoberto.

- Por que vocês não me largaram aqui de uma vez? Eu sei da verdade, lá no fundo vocês nem se quer me suportam mais!

- Em que momento eu deixei de ser seu amigo?! Você não dá para valor para tudo que nós três construímos juntos? - A entidade esconde as mãos atrás do corpo para que Ameizim não percebesse que elas estavam se distorcendo.

- Eu só não entendo porque você insiste em me arrastar para mais fundo daqui sem motivo algum. Estamos perdidos e a culpa é sua!

- Minha culpa? Você vai me tratar assim agora?

- Tira sua máscara, então, Nait, eu quero que você diga aíque confia em mim, olhando no fundo dos meus olhos!

- Eu não vou tirar minha máscara! - A entidade fica irritada com Ameizim e assustada com o pedido de seu acompanhante, já que a entidade nunca viu o rosto de Nait e qualquer tentativa que fizesse deixaria óbvio que ele não é quem diz ser.

- Você quer que eu te dê confiança, sendo que não quer nem me olhar nos olhos?! - Ameizim já estava a ponto de atacar o colega, se ele continuasse agindo assim, um impulso quase animalesco inexplicável o consumia só de olhar para Nait.

- Olhe bem para mim, você não consegue enxergar nos meus olhos pretos que estou falando a verdade? - A entidade diz sem se dar conta que estava apontando para a sombras escuras que cobriam o que deveria ser os olhos vermelhos de Nait, mas pareciam planas como plástico e não buracos de fato.

A entidade não sabia a cor dos olhos de Nait e, assim que ela fala isso, Ameizim começa a notar várias outras inconsistências. A textura do cabelo parecia diferente, a máscara estava completamente plana sem riscos ou arranhões, a sujeira parecia ser parte da roupa e não algo que grudou em cima, tudo começava a ficar mais e mais esquisito quando prestou mais atenção nos detalhes. A cada imperfeição da cópia que Ameizim ia notando, seu ódio por seja lá o que aquilo fosse ia aumentando cada vez mais.

- Esse nem são seus olhos! - Ameizim sussurra e, quando percebe isso, entende o que estava acontecendo.

- Repete o que você falou! - A entidade tremia de nervosismo e estava em posição para pular em cima de Ameizim.

- Esses! Não! São! Seus! Olhos! - Ameizim grita alto e puxa suas máquinas para perto de si.

A entidade pula para cima de Ameizim com toda a sua pele se desfazendo e seu corpo preto articulado se tornando à mostra. Ameizim tenta reagir, mas cai junto da figura metamorfa e tem seus braços presos contra o chão. O monstro desesperadamente ataca com sua boca deformada em formato de pequenos ganchos o tórax de Ameizim, o qual não sobra muita reação, além de invocar suas máquinas para derrubar a criatura que estava em cima dele.

Torre de marfim - Organização Luneta a.u.Onde histórias criam vida. Descubra agora