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Caminho até a porta do quarto. Que estranho.
Assim que abro vejo a Milena.
—Graças a Deus. —Puxo ela pela cintura e pela primeira vez me permito chorar. Sinto as lágrimas molharem o cabelo dela, onde está minha cabeça. Um soluço sai do fundo da minha garganta.
Milena me empurra parte dentro do quarto e me permiti chorar, a mão acariciando meu cabelo. Sinto meu corpo relaxar, tudo isso parecia uma piada de mau gosto.
Não sei como eu fui parar na cama com ela entre meus braços.
—Vai ficar tudo bem. —Sinto um nó na minha garganta e tenho certeza que meu rosto está inchado e sinto o catarro escorrer pelo meu nariz. Não é um choro bonito, é um choro doído.
Tenho vontade de tirar meu coração do peito para ver se essa dor passa. Aos poucos, sinto o cansaço me tomar e adormeço com ela fazendo carinho em mim.
Acordo e tateio minha cama. Estou sozinho. Merda, a última coisa que eu queria era ficar sozinho, cubro meus olhos com meu antebraço.
—Amor, estou aqui. —Escuto a voz da Milena e sua mão mexer no meu cabelo.
—Graças a Deus. —Puxo ela pela mão fazendo com que seu corpo caia sobre o meu.
—Pablo! —Ela grita e eu aperto seu corpo no meu.—Ei, temos visita. —Ela fala enfiando o rosto no meu pescoço e me deixando um beijinho ali.
—Beija minha boca. —Faço um biquinho. —Quero seu consolo.
—Meu consolo é? —Ela pergunta com um sorriso de lado. —Não responde, respeita a princesa.
Milena sai de cima de mim e eu me sento na cama, puxando um travesseiro para o meu colo.
—Oi Gavi, sabia que sua namorada é incrível? Quando sai o casório? Juro, se você deixar essa mulher escapar conheço muitos que a querem. Ela é perfeita em todos os sentidos, é bonita, educada. Milena daria uma boa princesa.
—Leonor, ela é minha, não divido ela com ninguém. Deus mandou dividir o pão, a mulher já é demais, pirralha.
—Pablo, eu decido com quem eu quero ficar.
—Você quer outro?
—Não.
—Então, pronto. Você é minha.
—E você é meu?
—Milena, você ainda tem dúvida? —Vejo ela ficar vermelha e eu gostaria de estar sozinho com ela agora, seu olhar me diz que ela quer a mesma coisa.
—Meu Deus, vocês são muito lindos. Posso ser a madrinha de casamento? —Leonor está sentada de forma ereta na cadeira.
—Claro. Para ser madrinha basta ter dinheiro. —Falo na brincadeira e recebo um tapa.
—Meu Deus, amor.
—Não se preocupe, ele sempre foi meu amigo mais sincero.
—É claro, eu sou o único que não é cheio de 'não me toque'.
—Pablo!
—O que? Você só está assim porque conheceu ela agora. Daqui a pouco você vai estar brincando com ela do mesmo jeito. E sobre o que vocês conversaram enquanto eu dormia? Era sobre mim
—Expliquei para a sua namorada que eu não estou aqui por você. Gavi, você não é o centro do universo.
—Posso não ser so seu, mas do dela. —Aponto para a Milena.
—Nem do meu.
—Agora é sério, você não me queimou para ela certo? —Fuzilo a princesinha com o olhar.
—Ela me disse que é apaixonada por você e que quer que eu me afaste. —Milena fala com uma cara de desolada, sinto meu coração bater forte no meu peito.
—Eu não acredito nisso. Leonor não é louca de falar isso.
—Não sou mesmo, sou a número 1 do fã club.
—Eu sabia que a minha amiga ainda tinha neurônio. —Falo colocando a mão no meu peito. —Ei, sua traira! Você costumava ser a minha melhor amiga.
—Acontece, Pablo. Eu sei que eu sou muito amada, mas não é para tanto. Tem Leonor para todo mundo. —Arrasto meu corpo até a beirada da cama.
—Amor, —Puxo a Milena pela cintura, colocando-a entre as minhas pernas. —o que você acha disso?
—Não tenho opinião formada sobre isso. —Milena me dá um sorriso e beija a minha bochecha.
Enquanto isso, Leonor olha alguma coisa no celular e se levanta.
—Preciso ir, casal. —Ela acena indo até a porta. —Obrigada pela comida.
Leonor sai do quarto e a Milena vira o corpo ficando de frente para mim e cola nossos lábios.
Eu sei o que ela quer fazer, eu sei e agradeço.
Chorar mais cedo me ajudou a tirar um grande peso das costas.
Agora eu precisava de algo que me fizesse esquecer.
E a Milena sabia muito bem como enervar meus pensamentos. O beijo que ela está me dando é lento e exploratório, decido mudar e tentar assumir o controle para a surpresa geral, ela não deixa, pelo contrário, se afasta.
—Carino. —Gemo de frustração.
—Sabe, imagina a minha cara quando eu vi uma foto sua e da sua ex-amiga colorida abraçados, com uma legenda 'princesa consola Gavi'. Então eu te ouvi chegar e decidi que iria fingir que nada aconteceu para não te machucar mais. Vim até seu quarto e a segunda coisa que eu vi foi ela sentada na sua cama. —Milena me dá um peteleco. —Se você continuar trazendo fraudas que você pegou para o seu quarto vai ficar difícil de ter aquilo que começa com c, Confiança.
—Desculpa, amor. Ainda bem que você é madura, eu estaria me roendo de ciúmes.
—Eu sei. —Ela empurra um cabelo imaginário do ombro. —Nunca mais faça isso.
—Eu te amo e prometo, foi um vacilo meu.
—Sorte sua que eu gostei da Leonor e que ela me explicou tudo e mais um pouco.
—Sobre o que vocês conversaram? —Faço minha melhor cara de cachorro sem dono
—Isso não é da sua conta, me beija estou com saudade. —Quando vou beija-la ela coloca um dedo na minha boca. —Eu estou aqui para te escutar, sei que não vou te sarar, mas faço questão de ouvir suas dores e o que se passa nessa caixola escondida com esse cabelo maravilhoso. Eu te amo nas coisas boas e ruins.
Dou um sorriso e colo nosso lábios.
Enquanto a beijo uma lágrima escorre, mas não foi de tristeza. Foi por saber que ganhei uma pessoa que eu posso contar todos os meus sonhos e frustrações.
E por ser a Milena tudo fica mais incrível. Por simplesmente ser ela.
••• o que será que ela contou para a Milena? A conversa delas está guardada a sete chaves do Gavi.
Vocês seriam tão maduras quanto a Milena ou iriam criar paranóias?
