CAP 2

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Quase um mês passou desde aquela noite e absolutamente nada de interessante acontecia. O verão entrou com tudo e agora não parava de chover, o que era péssimo já que meu quarto tinha um monte de goteiras.

Eu coloquei vários baldes esparramados, ia aproveita a água para lavar minhas roupas e em seguida fiz um rabo de cavalo e desci para trabalhar

— Zaya, vem aqui

Me aproximei e a madame Luiza me olhou dos pés a cabeça

— temos soldados do rei vindo para cá hoje, você vai ficar responsável por servi-los

— tudo bem, mais alguma coisa?

— troque essa roupa, deixei um vestido para você na cozinha — ela me olhou dos pés a cabeça e soltou me cabelo — faça absolutamente tudo que eles quiserem, entendeu?

— eu não sou uma prostituta

— você é o que eles quiserem, caso contrário está demitida e vai dormir na rua

Eu não respondi, apenas fui para a cozinha onde peguei o vestido mais indecente que já tinha visto em toda a minha vida. Após me trocar no quarto, voltei ao serviço e a minha irritação estava fora dos padrões de normalidade

Tolerei alguns homens nojentos passando a mão na minha bunda, piadinhas de mau gosto e quando já era bem tarde os soldados chegaram.
Eram três homens, um mais velho, bem alto com uma espada enfiada na cintura que conseguiria cortar minha cabeça sem o menor esforço, ele tinha a cabeça raspada e uma cicatriz no rosto. O outro era um pouco mais baixo, cabelos loiros e olhos gentis. Mas quem me chamou atenção foi o soldado de capuz, as roupas dele eram pretas, ele não carregava nenhuma arma aparente e mesmo assim me deixava arrepiada. O estabelecimento inteiro ficou em silêncio assistindo eles caminhando lentamente até uma mesa isolada. Algumas pessoas saíram, várias garotas se entreolharam animadas e eu bufei de irritação

— faça o seu serviço direito, queremos boas recomendações

— senhora...

— anda Zaya

Ela me empurrou em direção a mesa e eu cheguei quando eles tinham acabado de sentar

— posso trazer algumas coisa para vocês beberem?

— o que você tem aí? — o da cicatriz perguntou me olhando feio olhando

— temos cerveja, vinho de todos os reinos e água

— três cervejas

Eu voltei para cozinha me sentindo mais tensa do que nunca. Essa era uma ótima chance de conseguir um passe para dentro do castelo e mesmo odiando toda a situação eu usaria ela ao meu favor

Coloquei três canecas bem cheias na bandeja e voltei. O cara de capuz continuava de cabeça baixa, mas agora ele girava uma faca na mão e ouvia atentamente o que o dos olhos gentis falava

— posso ajudar com mais alguma coisa? — perguntei quando terminei de servir

— pensei que não fosse uma prostituta

Mesmo que não conseguisse ver seu rosto eu reconhecia a sua voz. Era o misterioso que apareceu aquela noite no beco e roubou minha adaga

— eu não sou — respondi com a maior voz de desprezo que tinha

— está vestida como uma

Peguei minha bandeja e sai bufando. Eu voltei para cozinha e fiquei arrumando atividades lá dentro para não voltar para a quela mesa

— dizem que eles pagam o dobro — duas garotas entraram na cozinha conversando e eu não sabia o nome delas, mas sabia que elas eram as mais concorridas do estabelecimento — ah oi, não vimos você aí

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