CAP 22

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Mais um mês e a história do casamento ainda me perseguia. Eu odiava isso tudo, estava ficando de mal humor a maior parte do dia e queria socar a cara do Daniel toda vez que ele se aproximava

— Majestade

Eu estava nos fundos do castelo, observando a paisagem e a Nicole se aproximou

— podemos conversar?

— não tenho muito tempo — menti

— sei que estão tentando nos casar, meu pai me disse

— eu não vou me casar com ninguém, Nicole

— mas voce precisa de herdeiros, posso ter seus filhos

Olhei para a garota em seu vestido rosa, o cabelo escuro caindo pelas costas e um sorriso sem graça

— vão ser lindos bebês

Ela era bonita, muito na verdade, só que isso não fazia diferença para mim

— preciso trabalhar, a gente se vê por aí — levantei e fui caminhando de volta para o castelo

— espere — me segurou — não acha que seria melhor comigo do que uma estranha?

— eu não acho que seria melhor com ninguém

Caminhei para o meu escritório e fiquei sentado com a adaga da Zaya na mesa, observei o cabo gasto, a lâmina cega e dei uma risada. Ela me fez sangrar com essa porcaria e eu nunca tinha ficado tão excitado na vida. Depois de um tempo despertei dos meus pensando e voltei ao trabalho

Sai do escritório tarde e morto de fome. Caminhei para o salão de jantar só que mais uma vez os nobres invadiram. Eu mal me sentei e já começaram a falar de casamento, então levantei e fui para a cozinha

— aquela megera, na próxima eu vou cuspir no prato dela — ouvi uma das funcionárias da cozinha falando

— pare com isso? Você vai arrumar problemas

— ela jogou o prato no Sebastião, disse que estava sem sal. Ele tem 80 anos, quem faz isso?

— tudo bem, na próxima vamos colocar muita pimenta

Me aproximei em silêncio e quando me viram elas ficaram congeladas feito estátuas por uns 10 segundos

— majestade — se curvaram sem graça

— quem fez isso?

— o que?

— isso que vocês estavam conversando

— a madame Garcia, senhor

A menor a cutucou e fez uma cara feia

— podemos ajudá-lo com algo?

— eu quero jantar

— já levarei ao salão

— não, eu vou comer aqui

As duas se olharam e então começaram a correr para pegar as coisas. Pouco depois um prato foi colocado na minha frente

— vai ter pimenta aqui?

— não, majestade — responderam juntas

— eu vou resolver isso que aconteceu, podem ir agora

Elas saíram correndo e eu comecei a comer em paz, mas meu silêncio não demorou nem um minuto

— o que faz aqui? — o Alexei perguntou sentando na minha frente

— não é meio óbvio?

— você anda sumido, mal te vejo sair daquele escritório

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