AIRES - CAP 17

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Não demorei um dia para matar o Fred. Ele era fraco, covarde e deixou seus homens na pior situação possível.

Minha maior missão foi convencer o Josh a parar de atacar, além de provar aos soldados que eu era o verdadeiro Aires, não aquele que eles vinham recebendo ordens há 7 anos

— qual o nosso próximo passo? — o Alexei me questionou

— agora que temos os soldados nós precisamos voltar para a casa, ainda não temos um plano para acabar com o Liam. Além disso estou com saudades da minha princesa

Ele se afastou de mim revirando os olhos e eu dei uma risada. A gente estava em uma cabana que cabia nós dois. Não era grande, só cabia dois colchões, mas já era muito comparado ao chão duro que dormimos nos primeiros dias

— Aires, precisamos conversar

Me virei e o Josh estava parado com a mão na cintura. O cabelo escuro molhado escorrendo pelas suas testa

— eu e meu exército vamos voltar ao reino do fogo — reclamou — Cansei dessa chuva

— tudo bem, nós também vamos voltar

— como devemos levar as coisas?

— continue fodendo o reino do ar economicamente. Te mando uma carta quando tudo for resolvido

— ótimo, aguardo a sua carta então

Muitos homens tinham morrido nessa guerra inútil que causei. Eu me sentia mal por isso, a culpa me consumia e eu tentava colocar na minha cabeça que aqueles sacrifícios foi por um bem maior

O Alexei me ajudou com a organização dos soldados e a gente partiu no final do dia. Eu queria chegar em casa, tomar um banho descente para tirar a lama e o sangue seco da pele, depois me enfiar sob as cobertas com minha garota.

Estava com tanta saudades que chegava a doer. Eu queria acreditar que ela estava bem e que o Daniel a protegeria com sua vida, mas mesmo assim era doloroso não ter nenhuma notícia por tantos dias

— senhor — um homem se aproximou correndo — tenho uma carta de um mensageiro

Peguei o envelope amassado e abri correndo. Era do Daniel, ele estava dizendo que a visita aos reinos foi tranquila e que ele e a Zaya já tinham voltado para casa. Além disso ele me informava sobre a situação que estava a capital, como o povo estava irritado e dizia que tentou me contatar antes mas não conseguiu por que não sabia onde eu estava

— eles já estão em casa — falei para o Alexei

— ótimo, devemos chegar em alguns dias

Com um exército para guiar de volta a viagem ficava mais lenta. Tinha feridos, pessoas doentes e prisioneiros traidores

— eu vou me casar com ela

— eu sei, Aires. Você fala isso a cada 2 minutos

— assim que chegarmos eu quero ir até a primeira igreja

— você vai é tomar um banho, está fedendo como um porco

— não deveria dizer para um rei que ele fede como porco

— o que eu devo dizer então? Que você cheira a um cadáver em decomposição?

— você está cheio das gracinhas

Conversamos sobre a vida por muito tempo. Depois cavalgamos em silêncio até o primeiro acampamento. A viagem durou 4 dias e quando chegamos na capital eu encontrei ruas vazias, um castelo cercado de soltados e toda a população nos portões gritando

— nem acredito que chegamos — falei pulando do cavalo e correndo para dentro

Eu encontrei a porta aberta e achei aquilo estranho. O Daniel jamais deixaria o esconderijo tão desprotegido

— Zaya?

Nenhuma resposta veio lá de dentro. Eu corri pelas escadas e quando abri a porta da sala encontrei o Daniel todo machucado caído no chão e um baú grande ao seu lado

— Daniel? — o cutuquei

— o que está acontecendo? — o Alexei perguntou parando ao meu lado

A cabana toda tinha um cheiro horrível e sangue seco no chão, que saia do baú e ia escorrendo

— princesa? — chamei indo no quarto

As coisas estavam todas arrumadas, parecia que ninguém tocava lá a dias

— Aires — o Daniel murmurou — eles a pegaram, eu não consegui... me drogaram com algum veneno de merda

Meus passos até o baú foram rápidos. Quando abri encontrei um corpo todo esquartejado lá dentro. Mesmo com a pele já em decomposição e o sangue seco eu ainda conseguia ver os longos cabelos castanhos que cobriam o rosto, a mão direita com o um anel que eu mesmo tinha colocado

— Aires... — o Alexei tocou meu ombro

Minha garota estava morta

— Aires...

Me abaixei e peguei a mão sem vida para retirar o anel, depois me virei

— queime a cabana com o corpo dentro

— Aires, você precisa se acalmar

— não estou pedindo, é uma ordem

Coloquei o anel no bolso e fui caminhando em direção ao castelo. A ponta da minha espada arrastava pelo chão, na outra mão eu segurava o cabo de uma faca com tanta foça que os nós dos dedos estavam brancos.

Fui abrindo caminho entre as pessoas que me olhavam assustadas. Talvez pelos meus olhos que deveriam estar expressando a raiva que corria pelas minhas veias

— onde está o Liam — agarrei um guarda pelo pescoço

— majestade... eu...eu...

Explodi sua cabeça e as pessoas gritaram, mas sequer se moveram

— me entreguem esse filho da puta, ou vocês todos vão morrer

Muitos soldados saíram correndo. Mas os que ousaram me enfrentar tiveram uma morte horrível. Joguei uma onda de vento no portão do castelo, o fazendo cair e então caminhei em passos lentos para o interior

Em menos de 30 minutos eu já tinha feito uma limpa em todos os corredores. Acabei na sala do trono observando a cadeira bonita e vazia, com a coroa em seu acento e um bilhete

"Você tirou meu reino e eu tirei o que era de mais precioso para você"

— Aires — o Daniel chegou correndo

Me virei para ele e caminhei alguns passos até me aproximar

— eu sinto muito...

— conte a população o que aconteceu, eles merecem saber

Dei a espada ensanguentara em sua mão e sai caminhando. Me esquivei de absolutamente todas as pessoas e acabei na caverna

Sentei no chão de areia, cruzei os braços sobre os joelhos e fiquei em silêncio por vários minutos observando o anel.

Aquele era o lugar preferido da Zaya. Se eu fechasse os olhos ainda conseguiria ouvir sua risada ecoando pelas paredes, o toque de sua mão macia sob a minha pele e o cheiro gostoso que só ela tinha

— você me pediu para não dizer Adeus

Desejei chorar, mas nenhuma lágrima saia de dentro de mim

— eu não sinto mais o meu coração, princesa

Cavei um pequeno buraco na terra e coloquei o anel, depois o cobri e levantei.

— me desculpa por ter te falhado com você 

Sai de lá sem olhar para trás, jurando que jamais pisaria naquele lugar novamente.

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