CAP 9

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Alguns dias passaram e notícia sobre a morte horrível do conselheiro se espalhou rápido. Para não suspeitarem de quem realmente foi o assassino eles prenderam uma garota qualquer e alegaram ser a amante dele. Ela foi enforcada no meio da praça. Algumas pessoas comentavam sobre o motivo do rei não estar presente já que ele é quem deveria ler a sentença, outros se perguntavam se aquela história contada era verdade mesmo

— qual o próximo alvo? — o Alexei questionou enquanto a gente jantava na cozinha — precisamos nos preparar, minhas flechas acabaram

— eu não sei, tivemos alguma pista dos outros homens Daniel?

— uma garota do bordel disse que o Jorge andou indo lá com frequência

— qual bordel?

— aquele nojento perto da praça

— pensei que a gente tivesse dado um jeito no velho

– poise, mas ele não aprendeu

— o que tem de nojento lá? — questionei

— algumas garotas eram menores de idade

Só de ouvir aqui meu estômago embrulhou. Trabalhei em um bordel por muitos anos e eu sabia como as coisas eram, imaginar uma criança nesse meio erra absurdo

— coloque algum espião no local e mande segui-lo, precisamos saber da rotina antes de traçar um plano

— tudo bem, chefe

— vou dormir, você vem princesa?

— vou comer mais um pouco

— ok, boa noite

O Aires foi para o quarto e eu peguei mais uma tigela de sopa. A gente tinha dormido junto todos os dias, mas não fizemos mais sexo já que não tinha nenhum meio de nos previnir e um bebê nessa situação que vivemos não ia ser legal

— boa noite, menos para o Daniel — falei quando acabei de comer

— tomara que você morra dormindo

Mostrei o dedo do meio para ele e fui para o quarto. O Aires já estava apagado, ele estava de barriga para baixo, a mão enfiada sob o travesseiro e um lençol o cobria até a cintura. Me arrumei rápido e deitei no meu cantinho

— princesa — murmurou

— oi

— me abraça — pediu

Eu sorri e passei as pernas encima das dele e o abracei na cintura. Dormi sentindo aquele cheiro gostoso que só ele tinha.

Mais alguns dias passaram e a vigilância na cidade aumentou muito, o Liam sabia quem tinha matado o conselheiro e estava com medo. Por causa disso a gente não saia de casa, o Aires começou a me ensinar a usar a espada, eu era péssima, mas estava tentando de verdade

— Alexei você pode me ensinar a atirar flechas? Acho que me sairei melhor do que com essa espada

— claro, vou arrumar algumas e nós podemos ir para a floresta

— não sei se gosto dessa ideia — o Aires disse de onde estava

— você não tem que gostar — respondi

— com medo da sua garota te trocar, Aires?

Eu e o Alexei viramos grandes amigos, ele era muito divertido. Já o Daniel era o oposto, viva me enchendo saco e nosso relacionamento se baseava em provocações

— vamos dar uma volta? — o Aires perguntou pegando minha mão — estamos trancados aqui há dias, pega sua capa

Já era final do dia e o sol descia aos poucos. As ruas não estavam tão movimentadas e conseguimos atravessar a cidade pelos túneis do esgoto nojento sem ser notados, depois que chegamos na floresta e ele me levou até a beirada de um precipício. Descemos a encosta da montanha por uma trilha estreita que eu jamais imaginei que existiria e enfim chegamos a uma cachoeira absurdamente alta

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