CAP 37 - Aires

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Eu não entendia absolutamente nada sob organização de casamento, então tudo que precisei foi vestir a roupa que deixaram no nosso quarto e aguardar o horário. Me casar com a Zara era tudo que eu mais queria no mundo, só que ainda assim eu não me sentia completamente feliz

— o que foi? — o Daniel questionou

— nada, eu só estou me sentindo estranho

— não está mudando de ideia sobre o casamento não é?

— não, claro que não

— o que é então?

— sinto falta do Kyle, ele estaria me enchendo o saco agora. Iria fazer várias piadas sem graça sobre casamento e no final iria chorar

— eu tenho certeza que seu irmão está muito orgulhoso de você

— eu acho que não, sou um covarde

— você é tudo menos covarde, Aires

— por qual motivo não consigo ir lá me despedir dele então?

— eu acho que você tem medo de como vai se sentir

Levantei e fui até o aparador pegar uma bebida. Após virar o copo em um gole eu me virei para ele

— preciso fazer isso

— não precisa ser hoje

— não posso me casar com uma pendência passada. Onde vocês o enterraram?

— tem certeza que quer saber?

— sim

— ele está enterrado com seus pais, lá embaixo nas criptas

— com os meus pais?

— eu tinha alguns poucos soldados de confiança na época e eles me ajudaram a trazer o corpo para cá e enterrar com seus pais

Respirei fundo e apoiei a mão no aparador

— ele estava aqui esse tempo todo?

— sim, pensamos que ele gostaria de estar com a família no descanso eterno

Eu não disse nada, apenas concordei com a cabeça e sai da sala para ir até as criptas. O lugar ficava em uma área fora do palácio e era bem bonito

Parei diante do portão e observei o brasão do reino do ar. Respirei fundo algumas vezes mas simplesmente não conseguia ter coragem de ir adiante. Eu nunca visitava esse lugar, nem após a morte dos meus pais e agora estava aqui para me despedir definitivamente do meu irmão gêmeo

— majestade — me virei e um homem com roupas de padre estava parado — não deveria estar se casando? Eu ia para lá agora

— preciso fazer uma coisa antes

— fiquei me perguntando quando tempo você demoraria para vir aqui

— eu...

— não precisa se explicar — disse colocando a mão no meu ombro — você vai encontrá-lo ao lado do seu pai

Ele saiu e mais uma vez fiquei sozinho com meus pensamentos. Nunca fui covarde, mas agora parecia difícil demais enfrentar a realidade.

Fechei os olhos e respirei fundo algumas vezes, até que senti uma mão segurando a minha

— o que você está fazendo aqui? — questionei para a Zaya que me encarava

— você não tem que fazer isso sozinho

— pensei que ver a noiva antes do casamento causasse azar

— resolveremos nossa onda de azar depois, eu jamais deixarei você sozinho

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