CAP 3

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Acordei e meu peito doía tanto que eu não quis abrir os olhos. Era como se um elefante tivesse esmagado meus pulmões, minha boca estava seca como um deserto e quando tentei mover as mãos, descobri que estava presa em algo. Abri os olhos e mal enxerguei por conta da escuridão do cômodo. Eu estava sob uma cama com lençóis brancos, meus pulsos presos por uma algema na cabeceira de metal

— que bom que acordou princesa

Olhei para a porta de onde a voz veio e lá estava ele encostado no batente com um copo de bebida na mão. Tentei me mover mas as algemas ficaram mais apertadas

— vai acabar se machucando assim

— vai se ferrar, me solta

— você me apunhalou

— você mereceu

— mereci? Porque?

Ele caminhou calmamente na minha direção, agora usava somente uma calça preta e uma camisa também preta suja de seu sangue que escorria do ombro. As botas faziam o chão de madeira velha ranger e a cada passo mais perto eu pensava em um jeito de enforca-lo com as pernas

— me solta — puxei as correntes e ele sorriu

— você deveria agradecer por estar viva, não sou tão generoso com quem tenta me matar

Ouvi alguns passo e o careca entrou no quarto. Ele estava com a mão no cabo da espada e um olhar de ódio para mim

— você não a matou

— não — respondeu calmamente

— Aires, você sabe os riscos

— está tudo bem, você vai ficar de guarda quando eu não estiver

— eu não sou babá de prostitutas

— prostituta é a sua mãe — respondi tentando me soltar com ódio

— eu poderia te matar antes de você piscar os olhos

— me solta pra ver quem que vai morrer

– parem vocês dois

A forma que ele falava me deixava mais irritada ainda. Eu odiava o fato dele estar aqui na minha frente todo calmo ao invés de cuidando do reino

— quem era aquele no bordel? — perguntei ignorando o grandalhão

— um traficante de mulheres

— você o matou?

— ele já tinha perdido muito sangue quando entrei no quarto, só terminei o que você começou

— para onde ele levou as garotas?

— para uma ilha no sul — Ele aproximou de mim e colou um copo de água na minha frente — beba, sei que está com sede

— ah sabe? Por acaso alguém já tentou te asfixiar?

— tudo bem, não beba então

Ele pegou o copo e bebeu a praticamente em um gole só

— você precisa de um banho

— está dizendo que eu estou fedendo?

— sim, além disso está suja de sangue

— você precisa curar esse machucado

— estou bem Daniel, nós deixe sozinhos

O Daniel ficou parado como se tivesse medo de me deixar sozinha com seu preciso rei, mas após um olhar fulminante ele obedeceu e se retirou

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