CAP 30 - Aires

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— Nicole

— oi Aires

Ela virou para mim sorridente e eu sorri de volta vendo a enorme barriga

— como estão os bebês?

— ótimos, doidos para conhecer o mundo

— eu tenho que te contar uma coisa

— você encontrou a Zaya

— sim, como você sabe?

— as fofocas correm por aqui

— não quero que pense que vou deixar de dar assistência aos nossos filhos por causa disso

— eu sei, nunca pensei isso de você — ela sorriu e tocou meu rosto — nunca tinha visto seus olhos dessa cor

— qual cor?

— prateados — pisquei algumas vezes e ela me abraçou — estou muito feliz por você, sei que passou muita coisa e merece ter sua garota de volta

— obrigado, Nicole

Senti uma coisa cutucando minha barriga e ela disse que era o bebê chutando. Coloquei a mão e fiquei sentindo os movimentos estranhos sob meus dedos

— ela não sabe ainda, não é?

— não, mas vou contar

— não demore demais, eu ficaria muito irritada se fosse comigo

Subi de volta para o quarto decidido a jogar tudo na mesa, mas assim que passei pela porta já senti que tinha algo errado. Algum filho da puta contou para ela, inventou mentiras e eu sequer tive a chance de me explicar

— eu cuido disso — o Alexei disse quando ela se afastou de mim no celeiro, após toda a briga — deixa sozinha um pouco

Entrei no meu escritório e peguei uma garrafa de bebida, depois me sentei e fiquei encarando a parede. Eu era um completo idiota, um merda e merecia isso que estava recebendo.  Passei os últimos dias completamente focado na Zaya, eu sequer me lembrei que existia uma vida longe dela e não contei nada porque tinha me esquecido, até aquele nosso momento na banheira

— Aires — o Alexei falou entrando na sala — foi o Lord Garcia

— o que?

— ele contou para a Zaya

— e o que ele está fazendo aqui?

— eu não sei, não fomos avisados de sua presença

Durante o dia eu já tinha enxugado a garrafa, me ocupei com trabalho para ver se aliviava só que nada tirava a raiva do meu peito. Tomei os últimos três goles e levantei irritado

— onde você vai?

— encontra-lo

Sai furioso. O primeiro lugar que passei foi no quarto da Nicole. Já era noite, talvez ela estivesse dormindo, mas não acho que ele iria a outro lugar destilar seu veneno. Quando cheguei ao corredor ouvi alguém falando bem alto dentro do cômodo

— você não serviu nem para a única coisa que te criei

Abri a porta a tempo de ver o homem dar um tapa na cara da Nicole e a derrubar no chão. Eu entrei já o agarrando pelo pescoço e encostando na parede

— quem você pensa que é para tocar nela?

— ela é minha responsabilidade agora que assinou o divórcio

— o que?

— ah você não sabia?

Me virei para a Nicole e ela continuava no chão, parecia estar com dor e seu corpo tremia

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