quatro.

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13 de julho de 2022

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13 de julho de 2022.
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or Catarina.
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João não fala comigo direito há tantos dias que eu já pensei até em me humilhar a níveis maiores e aparecer na porta dele.

Mas pelo menos eu tenho mãe. Ela me mandou ir dormir e combinou que o máximo que ela ia fazer era ela mesma mandar mensagem. Mandou mesmo e usou a desculpa de que queria vir ver o jogo contra o Atlético Mineiro, e cá estamos nós.

Minha mãe, André e eu. João a atendeu de bom grado e resolveu tudo direitinho, mas não disse mais nada. Disse que estava tudo bem e estava muito ocupado, foi lá em casa enquanto eu estava na faculdade, entregou os três crachás 'pra minha mãe e não me deixou nem um recado 'pra fingir que se importa.

Mas eu vim mesmo assim, primeiramente porque eu sou trouxa.

O camarote está lotado. As pessoas ainda se acomodam enquanto o primeiro tempo se inicia e eu ainda olhava em volta desacreditada.

Esse estádio virou um caldeirão. A fumaça agora apenas preta forma um nevoeiro em cima do gramado, as pessoas ecoam o hino do Flamengo por todas as esquinas do Maracanã. É surreal e eu só consigo pensar em como 'tá o coração do João agora.

Era o sonho dele, era o maior motivo pra ele sair da cama todos os dias, era o que o empurrava 'pra ir mais longe. Representar a torcida rubro-negra. É muito bonito ter assistido todas essas expectativas se tornarem realidade, porque as pessoas gostariam dele de qualquer maneira. É o João.

─── Dá 'pra acreditar que esse molequinho tinha um metro de altura ontem e andava na minha casa como se morasse lá? ─── minha mãe questiona e não é pra mim. Desde a hora que ela chegou, essa mulher colocou todas as pessoas que chegaram perto de castigo 'pra poder contar do tamanho do privilégio que é assistir um craque do futebol crescer.

Quando ela puxou assunto com ── simplesmente, o MC Cabelinho no meio da fila 'pra pegar comida, eu fui obrigada a me incluir no assunto já que ela conseguiu chegar no ponto que ela tanto adora; jurar de pés juntos que até pouco tempo atrás ela achava que a gente ia casar.

Mas dessa vez eu não quero conversar. Eu tinha toda a minha atenção no jogo de futebol acontecendo lá em baixo e gostaria que continuasse assim, mas a silhueta de Vanessa passa no corredor entre os bancos, segurando dois copos de bebida e vestindo uma camisa do Flamengo, número trinta e cinco. Ela olha 'pra trás, tem a certeza que eu já a vi e se senta junto com outro grupinho de pessoas.

Tenho a sensação que vamos ser duas estranhas uma 'pra outra qualquer dia desses e ainda acho sinistro que ela tenha conseguido mudar tanto com o passar dos anos. Dormia na mesma cama que eu, dividia pirulito comigo, almoçava assistindo As Três Espiãs Demais sentada no sofá da minha casa e agora nem me olha direito mais. Mesmo que eu tentasse não me importar, era impossível.

𝗩𝗢𝗖𝗘 𝗡𝗔𝗢 𝗣𝗥𝗘𝗖𝗜𝗦𝗔 ⊹ joão gomes 1/2Onde histórias criam vida. Descubra agora