dezenove.

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25 de setembro de 2022, por Catarina.

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─── João e Catarina! Que surpresa boa vocês dois aqui!

Dou risada ao assistir o mestre de João vir na nossa direção. Ele nos aperta em um abraço coletivo, beija nossos rostos e deixa dois tapinhas em ambos os nossos ombros. Eu sou péssima nisso de Jiu-Jitsu, mas João inventou isso há um tempo atrás e queria que eu viesse junto. Agora eu estou refém das mensalidades que ele insiste em pagar, principalmente agora depois de meses que ele não seguia a rotina que tanto gostava.

Renan, o mestre/dono da academia onde viemos treinar/conhecido nosso, nos enrola mais um pouco no papo das novas boas vindas antes de nos acompanhar para o andar de cima. Alguns alunos já estavam lá e logo esse terror começa.

Da última vez, foi-se uma hora e meia de repetições minhas caindo igual fruta podre cai do pé em qualquer mínimo esforço deste puddlezinho que se diz meu amigo e ele rindo sem parar como se eu fosse uma piada.

─── Como a gente tá voltando, eu vou pegar leve contigo, beleza? ─── aperta meus ombros, por trás de mim e me guiando até o tatame mais distante.

Ele mal mal espera até entrelaçar a perna na minha e me derrubar sem nenhuma cerimônia.

─── Olha só, João Victor. ─── gargalho, sendo inacreditávelmente rápida ao segurá-lo pelo quimono branco e trazê-lo junto comigo pra o chão. ─── Eu sou ruimzinha mas eu não tô morta, viu? ─── termino o golpe limitadíssimo que consegui aprender milagrosamente, o tendo preso entre as minhas pernas. Por cima de mim já que nos virar já é trabalho demais.

─── Grandes coisas, Catarina. ─── afina a voz. Quando vinhamos aqui toda semana, Renan vivia brigando com a gente porque não paramos de falar. ─── Bora, agora solta. Vamos começar.

─── Mas a gente já começou... ─── resmungo, em sua tentativa de sair que apenas me faz apertá-lo mais. ─── Se você quer sair, você bate no tatame.

No maior desaforo, o assisto revirar os olhos e me deixar fingir que estou ganhando por mais algum tempinho. Não é surpresa nenhuma quando João sai com uma simples cambalhota.

─── Ok, a gente já pode ir embora? ─── nem me dou o trabalho de levantar, apenas o assistindo aparecer no meu campo de visão, agora de pé e deixando as mãos nos quadris.

Ainda sou obrigada a me humilhar nessa palhaçada por um bom tempo até que o barulho que o tatame faz quando esse garoto me derruba o faz até olhar em volta enquanto ri. É o meu momento de fingir a minha morte e acabar com esse caos.

─── Próxima, Ina. Levanta. ─── o escuto dizer e logo estalar a língua quando percebe que não vou abrir os olhos. ─── Levanta, Ina... ─── arrasta a voz, me segurando na cintura e balançando o meu corpo o suficiente pra me obrigar a segurar a risada. ─── Catarina Mendes... ─── insiste, e eu estava até pensando em colaborar até o momento que ele começa a me fazer cócegas e me obriga a tentar segurá-lo.

Com certeza parece que eu tô tendo um ataque do coração. Mas na realidade, só consigo pensar no quanto senti falta de João assim, no nosso natural e sem se preocupar com nada. Costumava ser literalmente assim, mesmo que Jiu-Jitsu não seja a minha praia, que eu tenha aprendido a gostar de futebol o vendo jogar.

Valia a pena porque no final das contas estaríamos assim, fazendo alguima coisa idiota que nos faria rir e eu teria essa visão de João. Não a dele chorando ou se retraindo ao falar comigo. Não somos assim.

─── Pra você me derrubar de novo? Não, valeu. ─── deixo minha reclamação até finalmente conseguir segurá-lo pelos punhos. ─── Só levanto se for pra ir embora.

─── Vem, Catarinaaa... ─── começa com o show, agora me segurando pelo quimono e precisando só de um pouquinho de esforço pra me levantar até certa altura, como se eu fosse uma mala de viagem daquelas de alça e até poder selar nossos lábios em um ato que eu, surpreendentemente, já estava esperando.

─── Não. ─── Nego, do mesmo jeito que ele negou ir dormir no dia do aniversário da Gabi. ─── Só se for pra ir embora. ─── repito.

─── Você tá muito chata por esses dias. ─── João ousa reclamar, e me obriga a juntar todo o restinho de forças que eu tinha pra puxá-lo antes que ele me soltasse.

A gente se rende pra o ponto mais clichê do dia no momento que ele também se rende ao único golpe que eu aprendi como devia.

O de segurar seu rosto entre as mãos e beijá-lo como se nada disso fosse novidade. É estranhamente normal que esteja tudo tão natural. Logo o tipo de proximidade que menos tínhamos, não demorou nada pra parecer coisa de anos. Nós dormimos na mesma cama desde os cinco anos, eu troco a roupa dele quando ele bebe e no pior dos cenários, eu até já cuidei de queimaduras de segundo grau em sua pele.

Mas beijos? Eu vivia com a sensação de que queria mais.

─── Tá, vamos embora.

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amém???

quero os devidos créditos pq tô aqui pelo celular do meu irmão, deitada pra dormir, sem lente e com só 40% da visão pra revisar essa att

então sabem que qualquer erro e pra desconsiderar

letisgou pro próximo

𝗩𝗢𝗖𝗘 𝗡𝗔𝗢 𝗣𝗥𝗘𝗖𝗜𝗦𝗔 ⊹ joão gomes 1/2Onde histórias criam vida. Descubra agora