dezoito.

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23 de setembro de 2022, por Catarina.

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    ─── João Victor, levanta logo e entra naquele carro antes que eu te obrigue. ─── não surpreende ninguém que seja a minha mãe parada do meio da sala, com as mãos nos quadris e esperando João sair do sofá que dormimos enquanto estávamos assistindo o primeiro filme da Barbie que conseguimos pensar. Ontem foi quinta-feira.

─── Ah não, tia Penha... Me deixa aqui. ─── ele resmunga na maior manha, se virando de costas pra ela e ganhando um tapa na perna de brinde. Não fui eu. ─── Ai, tia, não me esculacha não, eu tô com sono.

─── João. Victor. Gomes. ─── e é aí que até morto levanta. ─── Levanta do meu sofá e some da minha casa, eu só quero você aqui de volta com uma bolsa de roupa limpa e seja lá mais o quê. Anda.

Estamos há dias tentando fazê-lo ir na própria casa. André já não aguenta mais dividir roupa e o meu armário já é mais dele que meu, então o lógico era ir lá buscar algumas coisas.

Dado por vencido, o puddlezinho se arrasta até o quarto depois de me segurar pela camisa e chegar perto o suficiente pra beijar a minha cabeça. Dona Penha me encara séria, porque aparentemente eu não sei usar o tom que ela usa pra falar com a gente.

─── O que foi, maluca? Tu é mãe de dois, esse aí é o teu dom. Eu sou uma mera jovem estudante de medicina, não sei lidar com essas coisas. ─── brinco, chegando perto. ─── A gente vai lá e daí eu vou passar na faculdade, tá bom? João vai treinar e dependendo do horário vai me buscar pra vir embora. Quer que vai buscar a senhora também?

─── Eu vou te mostrar a senhora, Catarina. ─── me empurra quando vou me aproximar. ─── Não quero que me busca em lugar nenhum, pode vir embora. Aí vocês passam no mercado pra comprar alho que tá acabando, aproveita e dá uma olhada aí nos armários do que tá faltando... Pra trazer logo de uma vez.

Me ocupo com o afazer que foi me dado durante o tempo que João leva pra se arrumar, o que também não demora. Todo o clima de descontração vira uma tensãozinha filha da puta quando estamos dentro de seu carro.

─── Pensei na gente ir na sua mãe hoje. ─── tento qualquer assunto. ─── Depois do almoço, talvez. Ou você prefere ir à noite?

─── Pode ser depois do almoço, vou ver se ela vai estar em casa e a gente vai lá. ─── pelo menos ganho uma resposta direito. ─── A Gabi gostou do presente? A mãe dela não me responde no... Whatsapp. ─── juro, tudo o que eu fiz foi tirar o fiapinho de roupa que estava preso no rosto dele e o menino travou. ─── V-você falou com ela?

─── Com a Gabi? ─── murmuro, aproveitando que já estava ali pra ajeitar as sobrancelhas do mesmo e o colarinho da camisa também.

Essa parte é nova, a que a gente pode se provocar com coisas tão simples que parecem nulas e ter um efeito tão grande. Estamos pisando com calma nesse terreno novo e está sendo divertido.

─── Ai, Catarina. Me deixa. ─── estala a língua ao tirar minha mão de onde estava. Apenas e nada além de ajeitando a correntinha em seu pescoço.

─── Não fiz nada... ─── digo, tão baixo quanto antes e apenas o deixando dirigir. ─── Falei com a tia Paula sim, a Gabi adorou a casa da Barbie-edição-especial-e-mais-um-monte-de-boneca-pra-morar-na-casa. Ela amou.

𝗩𝗢𝗖𝗘 𝗡𝗔𝗢 𝗣𝗥𝗘𝗖𝗜𝗦𝗔 ⊹ joão gomes 1/2Onde histórias criam vida. Descubra agora