vinte e seis.

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29 de outubro de 2022 ── por Catarina
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─── Eu sabia que te conhecia de algum lugar, acredita? ─── a loira ao meu lado balança o meu ombro, enquanto dirijo plenas onze horas da noite.

Helena estuda comigo e estamos estagiando juntas. A conhecia apenas de vista até a primeira vez que conversamos no hospital e agora ela conseguiu me convencer à cometer a loucura de passar em uma calourada dos alunos do primeiro período antes de ir para o nosso plantão. E aqui estou eu, dirigindo para o plantão.

─── Me conhece da faculdade, Helena. ─── rio fraco. ─── De onde mais? Você é de Ramos?

─── Não, euzinha sou de Bangu. Mas eu conheço você do Twitter do Venê Casagrande. Você desceu a porrada na namorada do João Gomes do Flamengo.

Era só o que me faltava, plenas onze da noite, no momento menos propício possível pra se falar em João Gomes. É, sou eu mesma quem desceu a porrada na namorada do João Gomes do Flamengo.

─── Meu pai amado, não me lembra disso. ─── rio fraco, tentando tirar isso por menos e varrer tudo o que essa memória coloca na minha mente. ─── Não vamos falar sobre isso, tá? Pode esquecer.

─── Para, para. Eu não curto muito futebol não, mas meu namorado, ele é doente no Flamengo, então tem coisa que eu sou obrigada a ver. ─── ela faz a introdução mesmo que eu tenha acabado de dizer que não queria falar no assunto. ─── E essa aí, a que você socou, nunca me enganou. Pedro Henrique fica lá em casa falando que eles são meta, são uma gracinha... Mas não me engana. Tá com ele por fama, não é? Pode me falar, eu já desconfiava desde sempre.

Ainda bem que o fofoqueiro lá de casa é o André, porque minha língua nem coça pra falar mal da Vanessa e ainda sigo com a ideia de que não quero falar sobre isso.

─── Catarina, Catarina! Eu li que você é próxima deles, ou era não sei. Tu sabe de tudo, tenho certeza. Pode começar a contar, eu não vou explanar. ─── ela bate algumas palmas, porque meu silêncio não foi o suficiente.

─── Ela tem dinheiro, pelo menos agora a família dela tem. Não tá com o João Victor por causa disso, pelo menos não mais. ─── ergo os ombros, tentando dar uma resposta superficial pra ver se ela sai do meu pé.

─── Uhum, e porque tu caiu pra cima dela no Maracanã, ein? Tu gosta dele também? ─── me encara de relance. ─── Pode falar, eu não vou te julgar. Bichinho é bonitinho, é querido, joga bola... Tem uma carinha de quietinho mas não engana ninguém. Conta, Catarinaaaaaa.

Não consigo corner a risada com a dedução, porque Helena é tagarela assim o tempo todo e rende um ótimo senso de humor na maior parte do tempo. Mas agora eu só consigo agradecer aos céus por estar estacionando no estacionamento do hospital e desligando o carro.

─── Vamos trabalhar, vamos? A gente tem que correr pra se arrumar, vamos logo.

Ela ainda está no meu pé enquanto passamos pela recepção e depois pelo lugar onde nos arrumamos e deixamos nossas coisas. E continua na mesma enquanto passamos na reitoria pra saber pra onde iríamos e enquanto caminhamos até a emergência, que é onde vamos passar a madrugada de plantão.

𝗩𝗢𝗖𝗘 𝗡𝗔𝗢 𝗣𝗥𝗘𝗖𝗜𝗦𝗔 ⊹ joão gomes 1/2Onde histórias criam vida. Descubra agora