5. Equipe

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 Só haviam duas coisas que me excitavam na vida: meu trabalho e Simone Tebet. Voltar a trabalhar me deu um gás e eu não sabia o quanto sentia falta disso, até voltar. E voltei trabalhando pra quem? Simone Tebet!

Juntar o útil ao agradável era uma boa combinação, mas eu não podia perder o foco e Simone era uma bela, literalmente, distração.

Trabalhamos bastante nos últimos 2 dias, ignorando completamente o fato que ocorreu na primeira noite aqui. Tentei ao máximo não lembrar e nem me render à Simone. Vez ou outra, pegava um olhar tentador dela sobre mim, como se quisesse me atacar. Eu tive que ser forte, muito forte, caso contrário, tinha me jogado em seus braços.

Tínhamos uma corrida eleitoral no próximo ano e Simone queria ser campeã, e meu objetivo era fazê-la ganhar, porque eu também odeio perder!

Não seria difícil conduzi-la, ela era muito bem preparada. Tinha uma oratória perfeita, era bem articulada e conseguia se expressar de forma bem clara. Três características essenciais para uma candidata à Presidência da República.

- Eu estava analisando esse gráfico aqui... – coloquei o papel na frente dela, sobre a mesa. – e Bolsonaro perdeu o apoio de muitos jovens de 17 a 25 anos. – sorri. – Isso é muito bom pra você, Simone.

- Ótimo! – deu um sorriso forçado. – Agora só precisa perder o apoio de 52% da população brasileira que votaria nele. – ironizou.

- De onde você tirou isso, mulher?

- Saiu uma pesquisa ontem afirmando que se as eleições fossem hoje, ele ganharia com 52% dos votos.

- Mas não é, Simone. – olhei em seus olhos. – Falta mais de um ano e você será eleita!

- Soraya, eles têm as fakes news, eles conseguem fazer pessoas inteligentes acreditarem nas coisas mais estúpidas e inexistentes. – apavorou-se. – Eu vou perder, Soraya! Melhor desistir agora.

- Você não vai perder, Simone. – pisquei para ela. – Vamos ganhar na justiça e na verdade. Não tem vitória mais saborosa do que a justa. – a abracei, na tentativa de consola-la.

Em toda minha vida profissional, eu nunca fiz uma jogada contra a lei, muito menos aceitei R$1 de propina. A honestidade sempre foi uma prioridade para a minha vida profissional e pessoal. Acho que por isso eu fui tão boa no que fazia, modéstia parte.

Ter tomado a culpa de algo pessoal e as diversas fake news espalhadas sobre mim após, me deixou furiosa pelo fato de perder tudo o que eu havia conquistado em um cenário tão machista e preconceituoso. Eu precisei tomar coragem e vencer meus traumas para aceitar a proposta de Tebet e não podia deixa-la desistir por bobeira.

- Precisamos alcançar os jovens, Soraya. – Simone segurou minha mão, levantando-se da cadeira.

- Com amor e coragem! – ela assentiu e sorriu.

- E com minhas redes sociais fica mais fácil de atingi-los, certo?

- Correto. Confie em mim, vou cuidar disso tudo. – dei uma piscadinha.

- Eu confio e confio muito. – sorriu de volta.

- Mas para isso... – levantei da cadeira. – Vou precisar de uma equipe de confiança.

- Sem problemas! Amanhã eu te apresento à todos, hoje ainda é...

- Não! – a interrompi. – Eu quero a minha equipe. Só trabalho com eles ou nem trabalho.

- Então vamos contratá-los. Mas quem seriam eles?

- Gleisi: minha segunda consultora; Eliziane: editora-chefe do maior jornal brasileiro; Janja: minha jornalista investigativa; Marina: responsável pelos canais de comunicação;

- Vamos contratar todas, fique tranquila. – Simone assegurou.

- Calma! Ainda não acabei. Ainda tem a Dilma e a Leila que trabalham na rua colhendo opiniões populares e distribuindo material de campanha. Também as uso para infiltra-las na oposição. – completei. – Mais pra frente, durante a pré-candidatura contrataremos mais gente.

- A Dilma? – perguntou franzindo a testa. – Aquela Dilma?

- Sim, a própria. Sei que vocês se amam. – ironizei. – Mas você quer ganhar, não quer? – ela assentiu. – Então preciso da minha equipe completa.

Dilma foi nossa veterana na faculdade e no nosso trote, Simone comprou uma briga minha, o que acho bobeira, já que hoje sou amiga de Dilma e ela não. Durante anos as duas ficaram se alfinetando, até Dilma se formar. Depois de muitos anos a reencontrei e a contratei nas duas últimas eleições, ou seja, ela esteve presente na vitória ou na derrota e nunca largou de mim.

Já estava quase na hora do almoço quando eu e Simone fomos limpar seu escritório. Ela tinha me emprestado o espaço para trabalhar, já que eu estava trabalhando na mesa da copa, me distraindo o tempo todo. Em seu escritório, apenas eu e ela poderíamos entrar. Por mais que eu confiasse em minha equipe, tinham certas coisas que guardava só para mim e nesse caso, compartilharia com Simone.

Montamos um projetor, onde eu mostraria os gráficos montados por mim e vídeos estratégicos. Sobre a mesa ficaria meu computador, junto de uma impressora e um iPad. Também coloquei o frigobar que ficava na sala, porque passaria 90% do meu dia naquele cômodo e precisaria me hidratar.

Estava tudo preparado e eu já queria começar a trabalhar naquele momento. Foi só voltar para o Brasil, ao lado de Simone, que senti a falta que a minha vida aqui me fazia.

Acabando de ajeitar certas coisas, percebi um olhar fixo de Simone contra o meu.

- O que foi, Tebet? – quebrei o clima.

- Precisamos conversar, Thronicke. – veio andando lentamente em minha direção.

Por Deus, eu ficava toda arrepiada quando ela me chamava pelo meu sobrenome.

- Temos um assunto pendente, não acha? – tocou sutilmente nos meus braços.

- É... temos? – não consegui raciocinar. – Ah! Sobre aquela noite...

- Isso. Sobre aquela noite! – me puxou bruscamente pela cintura, fazendo nossos corpos se colarem.

- Sobre isso, Simone... – fechei os olhos involuntariamente.

Eu queria muito dizer que não daria mais para continuarmos, mas o clima estava tão gostoso, eu me sentia tão bem nos braços de Simone, que não queria sair dali.

- Não podemos mais, Tebet. – lancei.

- Por que não? – mordeu o lóbulo de minha orelha, me fazendo suspirar forte. – Você pode brincar comigo e eu não posso com você?

Não respondi, apenas peguei em seu cabelo, puxando seu pescoço para trás, fazendo-a soltar um sorriso maligno. Virei o jogo! Queria mostrar que quem mandava ali era eu e já tinha dito que não.

Comecei a depositar beijos sedentos em seu pescoço, a fazendo gemer baixinho e procurar mais contato corporal comigo. Abaixei sua cabeça, dei um selinho em seu queixo, a olhei como uma onça olha para sua presa e deixei nossos rostos coladinhos.

- Não podemos, Tebet. Nosso contato será extremamente profissional.

 Encostei meus lábios em seus lábios macios e os esfreguei, puxando novamente seu cabelo e voltando-a para perto de mim com um beijo feroz.

 Nossas línguas se cruzaram e volta e meia, eu chupava a dela e ela mordia meu lábio inferior com tanta força, que minha vontade era de deitá-la na mesa e a foder com força. Não podia e não fiz.

 Selei nosso beijo com um selinho e ela me olhou com uma carinha de quero mais. Separei nossos corpos e soltei um suspiro de alívio com tesão.

- Vamos voltar ao trabalho, gostosa. – dei um tapa forte em sua bunda.

- Você não me escapa, Thronicke. – me olhou com um olhar sedento. – O que é seu está guardado!

E estava bem guardado mesmo, porque aquela noite foi fodástica, literalmente.

Jogada de Mestre - SimorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora