Jogada de Mestre - Simoraya

10. "Quer namorar comigo?"

 Sem saber quando havíamos dormido, acordei no meio da noite com a cabeça a mil por hora. Além da responsabilidade da campanha de Simone, agora eu precisava pensar na nossa relação. As coisas pareciam estar indo rápidas demais, mas se levássemos em consideração tudo que tínhamos vivido durante a vida toda, estávamos atrasadas.

 Ao mesmo tempo que o medo me dominava, tê-la em meus braços me deixava segura. Nosso romance era uma incógnita. O resultado poderia ser perfeito, assim como poderia ser catastrófico. Não dependia só de nós duas, até porque éramos figuras públicas no Brasil.

 O celular de Simone despertou por volta das 6h e ela acordou dando beijinhos em meu pescoço. Eu amava acordar ao lado da mulher da minha vida. Amava admirá-la dormindo, o rostinho inchado e cabelo bagunçado, sem contar as vezes que falava dormindo ou soltava gargalhadas sonhando.

- Bom dia, meu amor. – desejei à ela.

- Bom dia! – sorriu. – Dormiu bem?

- Quase não dormi, na verdade. – ela me olhou com cara assustada. – Acordei no meio da noite planejando sua campanha e pensando em nós duas.

- Em nós duas? – abriu um sorriso de ponta a ponta. – O que você pensou?

- Eu só lembrei de tudo que passamos e confesso que estou insegura. – ri sem graça.

  Simone sentou-se na cama, pegou em minha mão, olhou no fundo dos meus olhos e confortou-me com palavras.

- Olha, Soraya, não adianta sofrer pelo futuro. Vamos viver um dia de cada vez, eu não estou com pressa, você está? - balancei a cabeça negativamente. - Você gosta de estar ao meu lado? – eu assenti. – Então para de pensar um pouco nas consequências, caso contrário, não viveremos bem.

- Eu penso muito na sua campanha, Simone. Muito mesmo.

- Soraya, pelo amor de Deus, esquece um pouco do trabalho. – levou as mãos à cabeça. – Já reparou que esse assunto nos assombra?

- Mas eu não estou aqui por causa dele? – perguntei.

- Eu ou o trabalho? Escolhe! – franziu a testa.

- Simone...

- Eu ou o trabalho, Soraya?

- Você, meu amor, é claro. – segurei em suas coxas. – Não faça perguntas idiotas. Eu sempre escolherei você! – dei um selinho nela.

- Então me promete que não falará de trabalho durante nossa viagem?

- Prometo! Mas temos uma reunião com a equipe agendada para hoje. – falei, a fazendo revirar os olhos e rir.

 Depois de tomarmos café, arrumei o escritório para receber as meninas. Janja foi a primeira a chegar e eu já tinha sacado o motivo: Lula. Após ela, Gleisi e Dilma chegaram juntas, depois Marina, Leila e Eliziane.

 Nos ajeitamos no cômodo e Gleisi começou a falar:

- Bom, juntamos todas as informações do Baile e trouxemos para você e Simone avaliarem juntas com a gente. – deixou as folhas com os dados em cima da mesa. – Pouca coisa mudou. O discurso de Botelho fez a bolsa cair e viramos piada mundial novamente.

- Temos uma deixa para começarmos a agir. – pontuei.

- Exato. – Gleisi concordou. – Vamos começar a trabalhar mais as redes sociais. Leila ficará responsável pelo Twitter, por enquanto. Agora, voltando ao assunto do baile, muitos políticos que puxavam o saco de Botelho, estão querendo distância. Isso é ótimo para nós. Simone já pode começar a fazer alianças.