19 now nineteen but i'm in love

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Não consigo dormir

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Não consigo dormir.

Jane fez o favor de deixar o quarto só para mim, e deve estar agora dormindo desconfortavelmente na cama de alguma das nossas irmãs, só para tentar ajudar. Quis me deixar sozinha e em paz, assim como eu pedi ao, dramaticamente, subir as escadas chorando. Mesmo assim, estou sozinha, mas não estou em paz.

Não pude pregar os olhos. A minha cabeça não para nem por um segundo. Toda vez que fecho os olhos tenho flashes de variadas lembranças.

A Sra. Francis dizendo todas aquelas coisas horríveis sobre mim – que foram ditas com tamanha convicção que me fizeram questionar os meus próprios princípios. Ela conseguiu me atingir.

Não paro de lembrar, com uma frequência aterrorizante, da forma como Joe me toca. Como sempre me tocou. Com destreza e firmeza, mostrando a certeza que sempre teve em fazer o que estava fazendo, mesmo quando tudo o que eu fazia era rejeitá-lo. Lembro dos seus beijos, por todo o meu rosto e todo o meu corpo, até mesmo onde eu nunca havia sido beijada. Seus lábios suaves como seda, e o seu sabor refrescante de menta. Lembro de todas as vezes em que dividimos um carro, lado a lado; quando não rindo, discutindo.

Tenho lapsos de lembranças do seu rosto todas as vezes em que fecho os olhos e me deparo com a escuridão – aquela que eu mais temo. Aqueles olhos. Seus lábios delineados em um tom baixo e natural de rosa, sua barba sempre por fazer e a sensação que ela traz quando está em contato com a minha pele. Seu porte corporal e tudo o que emana poder de dentro de Joseph.

Lembro da primeira impressão que tive de Joseph Quinn, e, de fato, a primeira é a única que deveria ficar.

Já não tenho certeza se o meu parâmetro intuitivo de saber em quem acreditar e confiar está correto ou não. Estou incerta de tudo ao meu redor, confusa, machucada. Meu coração dói porque eu precisei – em meio ao caos, brigas e bagunças – perceber que eu adoraria odiá-lo. E eu não posso mentir, às vezes o odeio, mas pelos motivos errados. Hoje o odeio muito mais por simplesmente querer odiá-lo, em meio a tentativas de maquiar um certo outro sentimento.

Um sentimento muito mais amedrontador. Eu não estava preparada para enxergá-lo de frente. Sempre me perguntei se conseguiria reconhecer se um dia encontrasse o amor, mas para mim ele se disfarçou de raiva nos primeiros momentos. Quando se revelou e eu entendi do que se tratava, foi na pior hipótese e pela pior pessoa. E como dói.

Como dói.

Dói tanto que eu quis sentir mais um pouco, apertar a ferida, e abri Orgulho e Preconceito, da Jane Austen, o livro que ele me deu, para reler. E chorei com o quanto tudo parece com nós dois. Uma pena que o Joseph não chegue aos pés do Sr. Darcy.

No capítulo dezenove, já estava amanhecendo e as restas do sol nascendo entravam através da janela, tocando o meu rosto inchado e distraído com a leitura. Chequei o celular e ainda eram cinco e meia quando levantei e fui para o jardim, aproveitar a insônia causada pela minha infelicidade para ver o sol nascer, sozinha. O céu ainda estava com os resquícios da noite, e o seu tom de azul escuro ainda ia embora aos poucos. Podia ver estrelas pingadas em um lugar e outro, e o sol subindo no horizonte, entre as casas baixas da vizinhança, colorindo as nuvens.

pride and prejudice || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora