08 eight words when i think about us

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Jane veio para casa no dia seguinte

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Jane veio para casa no dia seguinte. Passou horas me contando tudo sobre sua noite com Ollo, me falando sobre sentimentos que eu desconheço. Sobre prazer em dupla e sobre paixão avassaladora. Sobre como Ollo toca em seu rosto como se fosse uma bola de cristal, como se ele enxergasse o próprio futuro ao olhar em seus olhos; e, em contrapartida, como ele a toca como se precisasse dela, e como a deixa louca na cama – e detalhes onde me perdi sobre os quais procuro não me atentar muito, porque por mais que eu tente, não consigo imaginar o quão bom tudo aquilo é, de fato. A verdade é que Jane estava completamente apaixonada por Olliver, e enfrentava a maior crise interna de sua vida em admitir para si mesma que não sabe demonstrar sentimentos.

Ela perguntou se aconteceu algo de diferente na minha noite. Eu disse que não. Depositei a fé na crença de que se eu não admitisse aquilo em voz alta, nem para mim mesma, então não tinha acontecido de verdade. Era mais fácil me enganar do que aceitar.

Foi difícil de ignorar durante os primeiros dias. Os momentos em que eu estava caminhando até a faculdade e até em casa eram os mais complicados. Momentos em que a minha mente estava vazia e alheia a algo importante, então era importunada pelas lembranças. As memórias que me causavam calafrios de dentro para fora. Às vezes, estava ocupada e distraída, pensando nos meus próprios problemas acadêmicos, quando jurava sentir alguém passar ao meu lado com o mesmo perfume que o dele. Olhava, mas nunca era Joseph – e isso me aliviava na mesma proporção que me decepcionava.

Eu estava atormentada. Não conseguia me perdoar por ter cedido a ele. Joseph se mostrou alguém ruim em diversos aspectos; desde o dia em que o conheci até quando descobri coisas sobre seu passado, através de Gro. Mas ele me beijava tão bem.

O pior de tudo era que aquela tal versão terrível de Joseph parecia só existir para mim. Jane havia pesquisado sobre ele na internet e descoberto um homem animado, engraçado, simpático e feliz – o exato oposto de quem ele é ao meu redor. Só assim eu conseguia entender como ele podia cativar a todos. Poderia dizer que aquela versão era ele somente em frente aos holofotes, e que escondia sua verdadeira personalidade feia; mas a própria Jane, e também Caroline, têm testemunhos completamente diferentes dos meus.

Então, sim, eu beijei alguém que faz questão de mostrar para mim a sua pior versão. Alguém que, certamente, não me suporta tanto quanto eu; e que conseguiu provar para si mesmo que ele consegue beijar até as mulheres mais improváveis. Eu cedi, e assim aumentei o seu ego, o qual jurei por minha própria honra não fazer.

Torcia para que aquele beijo tivesse finalizado com um ponto final qualquer tensão entre nós, e rezava para nunca mais vê-lo. Com os dias, tudo isso foi se tornando mais fácil.

Descobri que o universo nos escuta mesmo, e acho que concedeu às minhas preces – só que do jeito errado. Talvez eu não tenha escolhido as palavras corretas.

Para que eu não visse Joseph nunca mais, o universo deu um jeito de Jane também não ver mais Ollo.

Desde a manhã do dia seguinte da festa, eles não mais haviam se encontrado. Jane disse que eles mantinham contato, porém, sentia, pouco a pouco, ele se afastar; só não entendia o porquê. Não bastava as minhas dores de cabeça com o seminário do fim de semana, agora também tinha uma Jane chorosa em cima da cama para cuidar.

pride and prejudice || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora