10 ten things i hate about you

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Nunca saí de um lugar com tamanha pressa e tamanho desespero

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Nunca saí de um lugar com tamanha pressa e tamanho desespero. Eu só queria ficar longe de qualquer ambiente que tivesse sequer a mais distante suspeita da presença dele.

Cada nova rua que eu virava, a estação de trem me parecia mais longe. Eu amo caminhar, mas desta vez eu só queria chegar lá logo para poder me sentir em casa o quanto antes. Queria me sentar no banco do trem e fechar os olhos, respirar fundo, ao menos tentar pôr os meus pensamentos em ordem – por mais que agora, no calor da raiva, imaginasse ser impossível.

Só queria sair desta cidade, sair de perto do local onde esse cara está. Voltar para minha Londres. Não posso rir nem por mais um minuto da possibilidade de Joseph estar me perseguindo. O quero longe de mim.

Eu não sabia como eu poderia dizer aquilo a Jane, ou mesmo se eu poderia dizê-la; pois tudo poderia feri-la e a responsabilidade seria totalmente minha. Devia ter seguido a minha intuição desde o início e nunca ter dado sequer uma palavra a Joseph Quinn, devia ter ouvido os meus instintos que me diziam que ele não era uma boa pessoa.

Só nunca imaginei que seria um atraso para minha vida e para a vida de uma das pessoas que mais amo. A única que não merecia, a minha singela e doce Jane. A superproteção berrava e rasgava dentro de mim.

Me sinto doente quando lembro da forma como o deixei entrar em minha mente. Como, mesmo depois de ouvir tudo o que Gro me disse, ainda me atrevi a deixá-lo me beijar e me tocar? Como pude cogitar a possibilidade de ele não ser tão ruim quanto eu supus que era? Como cheguei a pedi-lo desculpas? Como o deixei me manipular? Como ele foi capaz de fazer isso a Ollo e Jane?

Arrependida de ter corrido e começando a repensar se não deveria ter caminhado tranquilamente em vez disso, paro atrás do que me parece ser a catedral de uma igreja católica, me encostando na parede e respirando fundo, ofegante. Os sinos badalam, alguns pombos voam por cima das árvores e meus pensamentos estão um turbilhão, a mil por hora. Eu já não sei mais o que pensar. Me lembro de cada detalhe sobre a forma como ele me fazia sentir e me sinto enjoada. Porque era bom.

No momento em que abaixo a cabeça e passo a mão no rosto, afastando os cabelos que me cobriam os olhos, ouço passos se aproximando e, mesmo que acredite ser apenas alguns pedestres aleatórios, eu olho para checar. Não posso correr o risco.

Como sempre, é ele.

Seu cabelo está ainda mais bagunçado que o normal, seus olhos estão com o mesmo cansaço de mais cedo, seu rosto está contraído em um sentimento que eu poderia jurar ser arrependimento. Digo a mim mesma que ele é um ator. Um ator filho da puta. Que atua fora do campo de trabalho, que dissimula e finge. O mesmo homem orgulhoso que conheci naquela festa há algum tempo.

Me sobressalto com a surpresa de sua presença, e dou alguns passos para trás enquanto ele chega mais perto. Joseph nota que não quero aproximação, e para a cerca de dez passos de mim.

pride and prejudice || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora