Capítulo 7 Evelyn

1K 78 57
                                    

Quando Harry me deixou na porta da casa de Celia naquela noite, eu dei para ele as chaves de minha casa. Disse que ele e John podiam ficar lá e eu pegaria um táxi de volta. Então, assim que cheguei em casa, a porta estava destrancada.

Entrei e encontrei Harry e John deitados no meu sofá-cama, enroscados um no outro. Um deles estava roncando. Suspeitei ser Harry.

Subi as escadas e tomei um banho para poder dormir mas não preguei os olhos nem por um minuto naquela noite. Fiquei pensando no que poderia dizer para Celia ao invés disso.

Não queria discutir muito com ela, apenas queria dizer que ela era mais importante para mim do que um cantorzinho qualquer. E queria que ela admitisse que estava errada em sair na primeira complicação sem nem ao menos me ouvir.

Mas ao mesmo tempo, eu queria poder simplesmente jogar o assunto no lixo e tomá-la em meus braços. Uma semana longe dela estava acabando comigo. Uma semana sem seu cheiro de terra molhada assim que lavava o cabelo. Uma semana sem sua boca com gosto de cigarro e menta, com o almíscar do batom.

Uma semana sem sentir seu corpo ao meu lado na cama, sem sentir seu gosto ou os tremores que se espalhavam por seu corpo devido ao meu toque. Uma longa e torturante semana, sem ouvir a forma como meu nome saia de seus lábios, sem ouvir seu coração acelerar por minha causa.

Comecei a chorar por volta das cinco horas da manhã. Só parei quando dormi sem perceber. Tinha programado o despertador para as sete horas então dormi pouco. Assim que o despertador tocou levantei num pulo. Não tomei banho para sair, apenas pus uma calça e uma blusa de manga cumprida e sai de fininho para não acordar os dois tratores em minha sala.

Quando desci do táxi, na calçada de Celia eu ainda não tinha certeza do que diria para ela, mas iria conversar com ela mesmo assim. Andei até a porta e dei três batidas com toda a confiança que consegui reunir, e esperei.

    Nada.

Bati novamente e...

    Nada.

Bati cinco vezes, desta vez com mais força, e esperei para ouvir algum som de passos ou coisa parecida.

    Silêncio.

Preocupada, eu abri a porta com toda a força por pensar que estava trancada, mas não estava, e tropecei para dentro da casa. Quando me recompus e olhei ao meu redor, para a sala, a cozinha e a escada, fiquei boquiaberta.

Eu havia deixado Celia comendo na noite anterior e julguei que ela conseguiria subir as escadas sozinha para ir dormir, já que só tinha ralado o pé. Porém me esqueci que Celia alcoolizada é igual a bagunça.

Ao entrar na casa de Celia naquela manhã eu quase me desesperei. Havia cacos de vidro de taças quebradas espalhados por todo o chão da cozinha. O tapete da sala estava com uma enorme mancha roxa e o vestido que Celia estava usando na noite anterior estava jogado no chão, no caminho entre a sala e a escada, ao lado de uma garrafa de vinho. Uma das que eu havia guardado na dispensa.

A dona do vestido estava apenas de sutiã e calcinha, jogada na escada com o cabelo cobrindo o rosto, babando sobre a outra garrafa. Haviam pequenos cortes em seus pés e um um pouco mais feio em sua mão direita.

Corri imediatamente para a escada, desviando dos cacos de vidro e fui tentar acordar Celia. Quando me ajoelhei ao seu lado na escada, porém, mudei de ideia. Depois de checar os batimentos cardíacos de Celia para ter certeza de que ela estava viva, tirei a garrafa pela metade de suas mãos e coloquei no chão. Depois, tirei o cabelo de seu rosto, ajeitei ela no meu colo e a levei para o quarto no andar de cima.

Meet Me In The AfterglowOnde histórias criam vida. Descubra agora