Capítulo 23 Harry Cameron

458 33 13
                                    

    — Deixa ela, querido — disse John. — Senta aí, anda.

    Harry havia se levado para ir atrás de Evelyn.

    — O que será que deu nela? — Harry pensou alto.

    — Celia viajou hoje. Evelyn deve estar melancólica. Elas passaram por muita coisa nessas últimas semanas e a Celia foi trabalhar fora por um tempo razoavelmente longo — John falou, demonstrando empatia. — Fica tranquilo, Evelyn sabe se virar.

    Harry ainda estava apreensivo. Se preocupava com Evelyn como um irmão se preocupa com sua irmã mais nova, mas ele sabia que não devia controlar a vida dela como se fosse seu pai. Então deixou que Evelyn ficasse sozinha.

    Quando ela precisar ela me procura — Harry pensou.

    Depois que terminaram a refeição, John fez questão de pagar a conta, por mais que Harry protestasse. A nota de 40 dólares de Evelyn ficou como gorjeta.

    Entraram no carro, Harry no banco do motorista.

    — Quero te mostrar um lugar — ele disse enquanto ligava o carro.

    Harry dirigiu pelas ruas de Los Angeles e foi até Hollywood. Lá, entrou em uma avenida movimentada e então virou em uma rua estreita, quase escondida, à esquerda.

    Ele foi fazendo curvas e mais curvas, até entrar em uma estreita estrada de terra. Ele estacionou o carro o escondendo entre 4 árvores cobertas de arbustos ao redor. Tiveram que continuar à pé o pouco que faltava até o destino.

    — Eu não acredito no que eu estou vendo! — John disse, paralisado quando viu o forro estendido no chão, com uma garrafa de uísque e um rádio tocando músicas lentas. Tudo isso bem embaixo do letreiro de Hollywood. — Como conseguiu permissão para vir até aqui?

    — Não consegui, só quis te fazer essa surpresa, então simplesmente vim e fiz — disse Harry, balançando os ombros como se o que ele havia feito não fosse nada de mais.

    John não parava de sorrir, e como estavam sozinhos, foi até Harry e o baijou. Sentaram no forro estendido no chão e beberam e conversaram por um longo tempo. Toques de mãos e trocas de olhares eram frequentes. Até que no rádio começou a tocar “Fly me to the moon” e John se levantou.

    — Me concede uma dança, senhor Cameron? — perguntou fazendo charme e estendendo a mão para Harry.

    — Com todo prazer, senhor Braverman — ele respondeu, aceitando a mão e deixando-se ser guiado por John.

    Segundos se tornaram minutos, minutos tornaram-se horas, e eles continuaram a dançar em um ritmo lento até os pés doerem.

    E assim foi a noite dos rapazes. Calma, pacífica, apaixonante. Eles quase não tomaram do uísque trazido por Harry, pareciam muito mais interessados em provar a boca um do outro.

    Se provaram como dois adolescentes apaixonados, e dormiram admirando as estrelas e a vista da cidade lado a lado ao pé do letreiro de Hollywood.

    — Obrigado por isso querido — cochichou John para seu amante — Eu amei cada segundo.

    — Eu é que devo agradecer, por toda a felicidade que você me proporciona todos os dias. — respondeu Harry sorrindo.

    Se aconchegaram um ao outro e dormiram, em paz. Uma paz que aproveitaram ao máximo, pois sabiam que nem sempre seria assim, que se as pessoas descobrissem o motivo dessa paz iriam arrancá-la deles a força.

     Porém não queriam se questionar merecedores daquilo. Já haviam se martirizado demais por um pouco de tempo, de espaço, de aceitação. E por mais que ainda não tenha acontecido, por mais que uma pequenininha parte deles se sinta culpada por sentir essa paz, eles eram humanos.

    Por mais que todas as pessoas se voltassem contra eles, eles sabiam que tinham o direito de se sentirem vivos, e não se importavam com o que aconteceria, desde que estivessem na paz um do outro.

    Mesmo que por pouco tempo.

Meet Me In The AfterglowOnde histórias criam vida. Descubra agora