DOIS MESES DEPOIS
Era dezembro. Depois do ocorrido no hotel em Londres, Stella e eu decidimos alugar um apartamento juntas em Edimburgo, na Escócia, onde seriam as gravações dos primeiros episódios da série. Passamos uma semana procurando até encontrarmos um imóvel que agradasse a ambas. Não era um lugar enorme, era apenas grande o suficiente para duas jovens atrizes levemente ricas.O apartamento comportava um pequeno hall de entrada, uma sala de estar com: TV, sofá, mesinha de centro, a pequena estante com alguns dos meus livros e um vaso com uma planta; uma sala de jantar, dois quartos com suíte, um quarto de hóspedes e um escritório. Havia também, o banheiro social e uma espaçosa cozinha.
Cada uma de nós ficou com uma das suítes e dividimos as contas e tarefas de casa. Eu limpava, Stella se encarregou de lavar e passar as roupas, eu ficava com a louça enquanto ela cozinhava. E Stella cozinhava espetacularmente bem. Ela também ficou com a conta de água e metade do telefone, enquanto eu pagava a outra metade, a conta de energia e as compras. Como a energia do condomínio era movida por placas solares e a conta era ridiculamente baixa não me importei em pagar sozinha.
Por mais que estivesse tudo ótimo, eu demorei para me adaptar e comecei a ter insônia. Perdi as contas de quantas vezes acordei no meio da madrugada, passando o braço do outro lado da cama só para sentir o lençol frio sob minha mão.
Durante a primeira semana em que Stella e eu passamos na Inglaterra, procurando um apartamento e assinando contratos, tivemos que ficar em hotéis e eu não conseguia dormir. Stella percebeu isso e passou a ir ao meu quarto antes de dormir para conversarmos. Quando eu começava a ficar com sono ela me fazia massagem nos pés e eu dormia, depois ia para o seu próprio quarto.
Porém, eu acordava durante a madrugada e demorava a voltar a dormir. Rolava meu corpo de um lado para o outro na cama, ajeitava os travesseiros, contava ovelhas... Nada adiantava. Quando nos mudamos eu comprei uma pequena televisão de tubo e a coloquei em meu quarto.
Todas as noites eu assistia a algum filme da Evelyn e, rapidamente, pegava no sono ouvindo sua voz. Sempre que podíamos, Evelyn e eu trocávamos cartas e fazíamos ligações uma para a outra. As ligações não duravam muito, porém as cartas... As cartas eram nosso oxigênio.
Stella e eu fizemos uma boa amizade. Toda sexta nós saímos a noite para os pubs da Escócia, e em duas quartas no mês íamos fazer compras. Descobri uma cafeteira incrível no nosso bairro e passei a ir lá todos os sábados. Eu ia lá, pedia meu café e lia, ora meus roteiros, ora meus romances. Um dia Stella quis ir comigo até lá e passamos um bom tempo conversando, depois saímos para uma volta no centro da cidade.
— Olha, Celia, que lindo! — ela disse, ao passarmos pela vitrine de um antiquário e ela ter visto um piano de cauda de pelo menos 130 anos.
— Você toca? — perguntei curiosa.
— Sim. Minha mãe tocava e me ensinou quando eu era pequena, mas estou sem prática. Depois que ela... Bem, depois que cresci acabei parando de tocar. — seu olhar estava fixo no piano, mas sua mente parecia estar longe.
— Quer entrar e olhar ele de perto? — sugeri com gentileza.
Stella olhou para mim e sorriu, as sombras antes presentes em seu olhar sumindo ao sorrir. Ela assentiu e entramos na loja.
Ficamos meia hora olhando a loja, até que eu me peguei observando um par de brincos lindos que eu gostaria de ter comprado, porém no dia estávamos sem tempo e saímos quase correndo do antiquário para casa.
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Meet Me In The Afterglow
FanfictionE se Evelyn não tivesse perdido a Celia? E se elas não tivessem que passar tantos anos separadas antes de terem um pouco de felicidade juntas? E se não houvesse tantas mortes, e a sociedade não fosse tão intolerante como Evelyn pensava ser? Se depoi...