Aquele era o dia. Aquela tarde de primavera simbolizava a união de dois corpos que se atraiam além do normal.
Como poderia imaginar uma cerimônia simples se seu intuito era planejar algo digno daquele amor?
Faltavam-lhes até convidados. A igreja adornava a si própria com luzes amareladas, bancos acetinados e janelas com cores do arco-íris.
Um casamento mal planejado. Às pressas. Esnobando todos aqueles meses de correria e reajuste, provas e descartes na ornamentação.
Não pensou assim, ali deitada no chão de seu quarto, quando arquitetava uma vida inteira com seu príncipe encantado. Mas sabia que aqueles seus devaneios não trilhavam o caminho da certeza, eram apenas hipóteses fantasiosas.
De certo, Emanuel era o seu príncipe, disso enchia-se de satisfação. Era ele, sempre fora. O amor que almejava um dia ter.
O vestido era de festa, não podia negar-se isso. A tradição das noivas não seria abatida graças à colaboração de seus amigos. Sim, eram eles que marcavam presença naquela igreja longe da agitação da cidade. Ao longo dos anos, somente eles e o tempo eram a favor daquele amor excitado.
O caminho até a porta e o altar se fez mais longo do que deveria. Decidira que iria sozinha ao encontro de seu futuro marido. Negaram-lhe paternidade nesses assuntos, então quis destaque na ausência e desconsolo na falta.
Será que deveria lembrar todos os momentos de dor? Todos os desencontros e angústias? Tentava limpar sua mente, mas estava impregnada de lembranças.
Sim, apenas lembranças! Não eram mais que isso, talvez se tornariam detalhes, fragmentos, fiapos da vida que o vento levou.
XXX
Aquele terno que nunca usava lhe vestia bem. Até mesmo a gravata havia se ajustado sem esforços, o destino lhe presenteava desta vez.
Suas mãos se agitavam, onde estariam as dela? Certamente repousavam seguras no banco do carro, estaria preste a chegar e estancar aquela angústia fervente.
Finalmente seus dias se resumiriam em felicidade. E havia custado caro, tivera que desvalorizar conselhos familiares para exaltar sua amada. Razoavelmente, cometera um delito. Dera valor ao respirar quando viu que Cecília simbolizava a vida, essa, honrou.
Seus olhos poderiam estar enganados, mas ela era tão perfeita. Encheu-se de fascínio quando viu aquelas curvas delicadas de seu rosto pela primeira vez.
Sabia descrevê-la como ninguém...
Olhos castanhos com tons mais fortes do que o mel, fios um tom abaixo, metade linha reta e metade ondulado. Pele clara, não pálida. Um tom acima da cor interior da maçã. Lábios médios rosados, bem desenhados e dificilmente ressecados. Quanta delicadeza nos traços de seu nariz... E nariz foi feito para se admirar? Pois esse insistiu ser admirável.
Okay, admitiu adorar suas bochechas quase sempre coradas. Sabia bem como deixá-las daquela forma...
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Na esperança de um caminho certo
FantasyDiante tanta angústia nos "corações perdidos" não abandonaria seus filhos ainda amados. Esperança soa a espera... Todos nós aguardamos algo, um ser, um acontecimento. Mas despertar-se para o agir sempre será o caminho certo. Um jovem casal que desfr...