Capítulo 25: "Pausa para um reajuste"

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Se entrassem no quarto a achariam. Tamanho medo lhe impedia de realizar um mínimo movimento, devia se manter estática.

Ali era escuro, o cômodo assinalava que o local se mantivera abandonado por muito tempo. Tamanho pó fez com que seu nariz se irritasse, aquilo em alguns segundos ocasionaria um espirro desvendando seu disfarce em parecer invisível.

Alice passara o dia anterior em Borborema, quando Willy a conduziu àquela cidade o relógio indicava meio dia. Esforçou-se para não pôr em evidência seu desgosto inevitável, pois era fato, estaria sozinha por bons dias.

Já havia passado por ali em algum passado que decidiu não se lembrar. Agora mesmo estaria mais perto, apenas alguns metros daquele que moldou seu pretérito imperfeito. Mas de um modo incerto seu instinto justiceiro direcionava passos largos, a levando desenfreada até o abismo que a contaminou.

Era longo o prazo que havia trabalhado naquela idéia de fazer justiça com as próprias mãos? Pois arregalou repentinamente imensa vontade de concertar aquilo que se quebrou.

Assim era ela, devastadora em um corpo frágil de cinderela.

XXX

Ainda estava em choque devido as atrevidas palavras que deram vida aquele sentimento de derrota em seu ser. Gabriel desejou saber anteriormente sobre tal conteúdo, assim planejaria meios para impedir o predito de acontecer.

Ainda mais, seriam provados. Era fato que dias ruins viriam. O desapontamento sempre foi troféu dos fracassados, o teria como prêmio indesejado, ousado a expor sua nova fama de perdedor.

Suportaria tudo isso?

—Fiquem aí dentro, preciso ficar sozinho!— seu coração palpitava. Bombeava numa velocidade que deveria se conter. O anjo saiu desgovernado sem endereço previsto procurando se normalizar.

A seqüência de um respirar profundo o ajudou a reconstruir aquilo que havia se quebrado. Era óbvio que aqueles contrários a si desejavam desvalorizar seu caráter, mas já era o momento de se recompor por inteiro.

—Volte para lá!— a voz ordenou. Naquele instante Gabriel reconheceu de quem se tratava e se pôs em reverência.

—Senhor meu e meu Deus! Tu és digno de receber glória, honra e poder para todo o sempre!

—Gabriel, onde está Alice?

—Meu Senhor, tu sabes— não compreendia o propósito da pergunta.

—Volte para a casa, onde se encontra meus servos, e achará Alice em um dos cômodos. Conduzi-lhes até ela para que a revele sobre meus planos. Diga à moça que eu notei seu instinto justiceiro e que foi escolhida como os outros.

—Meu Senhor, muito breve ela veio e em tempos difíceis.

—Gabriel, sabe o que isso significa?

—Não, meu Senhor.

—Que encurtei os seus dias. Aqui na Terra ficará apenas um curto prazo.

—Eles não estão preparados para tal missão. Sei que ela é para seres humanos, mas vim até aqui para moldá-los— estava angustiado— Ainda não cumpri minha função!

—O momento é agora! Não retarde, não os poupe. Dite as regras segundo sua autoridade. Gabriel, todos estão perdendo tempo em vão.

—Me reconstrua, Senhor! Pois estou despedaçado desde que li a carta.

—O que esteve previsto nela há de acontecer. Gabriel, reverta os sentimentos não os acontecimentos. Pois se meus servos se programarem para serem inabaláveis, nada os destruirá.

Na esperança de um caminho certoOnde histórias criam vida. Descubra agora