Capítulo 13: "Missão Borborema"

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Estava feito! Conseguiram alcançar o propósito que os trouxeram ali. O parente da garotinha havia depositado confiança naqueles cinco autores da revolução em Borborema. Naquele lugar jamais haviam oferecido amparo para a resolução dos seus inúmeros problemas, os servos de Deus haviam vindo em "boa hora", pois aquele acontecimento exigia justiça.

Christopher, Emanuel e Gabriel ficaram a vigiar o corpo da garotinha juntamente com Elizabeth, esposa de Matthew. Alguns habitantes vieram a especulá-los e também demonstrar o contentamento em ter-lhes oferecido auxílio.

XXX

Uma moradia imponente, das poucas que ali tinham. A casa de Matthew devia ser a mais bela moradia da cidade. Quando entraram foram recebidos por uma senhora que não havia gostado da presença de Cecília e Jeremias, que pelos olhos da velha, não passavam de estranhos.

Era a sogra de Matthew, Dolores, aparentemente a única que não havia aparecido para prestar suas despedidas para a garota falecida. Também pudera, ela tinha uma lista grande de prioridades a fazer em seu dia. Assistir novela era o que cumpria naquele horário, quando o mal de Alzheimer não a impedia de fazer tal coisa.

— Parece que não conheço nenhum de vocês— resmungou Dolores os observando— Oh céus, quem são esses três intrusos em minha casa?

Cecília arregalou os olhos, espantada pela atitude da velha. Realmente não sabia quem era Matthew, que era seu parente?

— Não seja arrogante, Dolores!— mostrou estar irritado com o teatro de sua sogra— Sabe muito bem que seu mal de Alzheimer não afetou sua insistência em me importunar.

— Meu genro querido, é você? Realmente não me lembro da sua fisionomia, mas essa voz não me é estranha!

— Trate de esforçar sua memória. Por que eu posso ser um ladrão, minha pobre senhora!— desafiou com um sorriso irônico.

—Qual ladrão vestiria trajes tão elegantes, meu senhor?— deu uma gargalhada— Está mais parecido com um doutor.

— Isso mesmo, senhora! Vim lhe certificar de que tem que ficar em repouso por causa de suas varizes, de sua hipertensão, de seu colesterol altíssimo...

— Quer me envergonhar na frente dos seus amigos?— o interrompeu apressadamente— Realmente não sei como permiti que você casasse com minha filha. Você não tem escrúpulos!

— Oi para você também, sogrinha! Que bom que voltou ao normal, agora quer nos dar licença?— já estava se alterando com aquela situação desagradável com Dolores. O que pensariam Cecília e Jeremias?

Viram quando ela se retirou da sala subindo as escadas com dificuldade. Assim finalmente Matthew pôde telefonar à delegacia.

Matthew, Cecília e Jeremias ficaram na expectativa de conseguirem falar com algum policial de Paranópolis. Felizmente Jeremias sabia muito bem como resolver aquela tensão de esperar bons minutos por atendimento. Sua prima era casada com um policial que era um amigo distante, mas de muito apreço para si.

Não foi difícil de entrar em contato com ele. Afinal, havia ligado para seu número celular. Quando tocou sinalizando que era Jeremias que o telefonava, ficara atônito por presenciar aquele milagre.

— Jeremias?— ele atendeu dizendo.

— Willy, é você?— perguntou para seu primo.

— Sim, cara. Quanto tempo!— transmitiu toda sua alegria.

— Preciso que você venha até Borborema...

Jeremias contou toda a história para o policial Willy que viria juntamente com toda a equipe investigativa para apurar o caso de imediato. Havia ouvido lendas sobre aquela cidade, mas estava alheio sobre aquela situação desagradável que já vinha ocorrendo tempos atrás. Pareceu se sentir culpado por saber que a vistoria já não mais ocorria com freqüência e que os moradores dali viviam sem proteção policial, esse era o descaso que Paranópolis sempre tivera com uma região que lhe pertencia.

XXX

Willy gostava bastante de Jeremias e se dispunha a realizar o que fosse quando ele pedia algo. Graças a Jeremias conhecera sua adorável esposa, Sabrina. Que por sua vez, era prima de Jeremias.

O policial tinha dois filhos legítimos com ela, Kristy e David. Porém, sua esposa tivera um filho antes de se conhecerem, ele chamava Maycon e tinha dezoito anos. Fruto de um relacionamento de Sabrina quando tinha apenas quinze anos.

Estava à espera da investigadora, também sua amiga, que iria junto com ele até Borborema. Willy sabia que de acordo com seus planos, Jeremias finalmente teria a recompensa que tanto merecia.

— Eu quero que faça o combinado direitinho— disse Willy, após a investigadora entrar em seu carro. Já havia falado com ela antes pelo telefone, não somente sobre os problemas de Borborema.

— Claro, senhor Willy. Vou cumprir com meus deveres de investigadora, somente— sabia bem que naquelas palavras do policial havia segundas intenções. Mas estava disposta a não aceitá-las.

—O que? E o que nós combinamos?!

— Eu não aceitei nada! Você não pode interferir na minha vida pessoal, senhor Willy— aquela formalidade era seu costume de sempre. Era só para exaltá-lo, uma maneira de nutri-lo de toda a autoridade que gabava ter.

— A senhorita está solteira, disponível para um relacionamento com Jeremias. Ele é até bonitão, eu já lhe disse! Para mim, ele é o cara mais certo que eu conheço— Willy fitou-a e não foi discreto ao dizer a seguir— Além do mais, já faz muitos anos que você está encalhada, não é mesmo?

— Willy, por favor! Não lhe dou o direito de tocar nesse assunto— se alterou com o policial.

— Karen, vai ser um favor da minha parte para vocês dois, okay?— não era de perder a razão tão fácil. Estava ciente de estar certo naquela história— Estou devendo uma ajudinha a Jeremias e não vou desperdiçar essa oportunidade, está decidido!

— De maneira alguma me envolva nesse joguinho, Willy. Estou lhe avisando...

— Só não sei se ele vai gostar de você, Karen. Gosta de ameaçar as pessoas, não é?— estava tranqüilo e brincava com aquela situação. Karen não era capaz de amedrontá-lo facilmente.

— É melhor você não dizer mais nada até chegarmos a Borborema! Não quero ouvir mais nada— estava super irritada. Não suportou a idéia de ser um brinquedinho de alguém.

— Ok, senhorita Karen. Não vou mais dizer nada sobre relacionamento, já que para você é como um bicho de sete cabeças. Mas prepare-se para conhecer um galã!

Ela deu um suspiro. Em alguns minutos chegariam à pequena cidade. Não suportou a idéia de ter que conhecer aquele de que tanto Willy falava. Sabendo dos regalos do policial, com certeza seria exposta a vergonha de parecer interessada em Jeremias.

Na esperança de um caminho certoOnde histórias criam vida. Descubra agora