Aquela suspeita mudou seu humor completamente. Havia quanto tempo que não recebia um baque de tamanha intensidade?
Marcos não acreditaria se os fatos não fossem tão claros e irrefutáveis. Aquele garoto certamente era seu filho.
Nem ao menos fora avisado que era pai, e teria como saber por si só? Não imaginaria que daqueles atos passados surgiria um fruto de sua juventude.
Seus traços fielmente copiados e transmitidos para Maycon carregavam uma bagagem pesada. Era de se notar que o filho havia herdado algo além de sua aparência física. Seu comportamento comprovava aquele gênio forte.
O que faria dali pra frente? Omitiria para se mesmo e para o mundo que tinha um filho? Não era isso que Sabrina havia feito? Isso não podia fazer, até porque o rapaz necessitava de um pai.
Mas deveria ter cautela e organizar os fatos. Isso quando sua mente ficasse mais tranqüila... Sabia que era quase impossível!
XXX
Ouvia Sabrina alterada dentro do quarto do filho. O que estaria acontecendo? Jeremias notou que o psicólogo estava afogado em pensamentos e mal percebia sua presença ali. Entrou no quarto.
— Não vejo alternativa, você terá que sair desta casa! Você me desobedeceu novamente e não serei piedosa desta vez— dizia Sabrina friamente.
—Se Alice sair desta casa eu também sairei!— o rapaz encarou sua mãe a desafiando.
—Não— disse escandalosamente— Ficará aqui! Ou prefere ir para o exército?
—Se for para me ver longe daqui talvez seja uma boa opção— retrucou.
—Alice, arrume suas coisas— disse encarando o filho, declarando vitória.
A moça chorava. Não tinha para onde ir, a não ser voltar para seu antigo lar sombrio.
—Sabrina, o que está acontecendo? Por que agiu dessa forma?— queria compreender a atitude de sua prima.
—Por favor, Jeremias. Depois conversamos— saiu em disparada, ele devia ter notado que estava prestes a chorar.
XXX
Havia tido um desentendimento entre eles. Alice saía às pressas segurando o choro, logo após Sabrina e depois Jeremias a seguindo.
Aquele era o momento de intervir nos assuntos do filho. Marcos teria que ajudá-lo de alguma forma.
Suspeitava que o rapaz fosse o principal envolvido naquela trama, assim entrou no quarto e o convenceu a continuar com o diálogo.
—Já percebi que nessa casa há algo a ser resolvido! Quando me disser o que tanto lhe aflige resolveremos o problema de imediato— era notória a impaciência de Maycon, mal se mantinha quieto ali sentado na cama.
—O problema sou eu! Basta eu partir daqui e reinará a paz nesse lar— disse sem se abater.
—Não é feliz aqui?— passou pela sua mente um desejo de levá-lo junto a si e abrigá-lo em sua casa. Deveria se conter...
—Não— respondeu após uma rápida reflexão— Nesse mundo apenas sobrevivo.
—Algo te perturba— aquilo os olhos do rapaz diziam.
—Não é um bom dia para conversas— disse seco levantando-se e saindo do quarto em direção ao térreo.
Voltava a lhe dirigir com descaso. Isso era merecido se tratando de um pai ausente. Não podia permanecer ali, já que o rapaz estava desconcertado com algo que havia dado errado. Poderia supor que a conversa dele com Alice não havia sido boa após Sabrina entrar no quarto.
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Na esperança de um caminho certo
FantasyDiante tanta angústia nos "corações perdidos" não abandonaria seus filhos ainda amados. Esperança soa a espera... Todos nós aguardamos algo, um ser, um acontecimento. Mas despertar-se para o agir sempre será o caminho certo. Um jovem casal que desfr...