Logo que chegaram a Paranópolis cessou-se o diálogo empolgante entre eles. Bastou Willy dar um empurrãozinho para que Jeremias e Karen começassem a se conhecerem e relembrar fatos ocorridos ao longo da vida.
Conversar com Jeremias era algo que não pensou em fazer, mas certamente não havia se arrependido, pois Karen expressou toda sua insatisfação em cancelar a prosa.
Já podia ver sua casa e logo o policial parou em frente a ela. Estava na hora das despedidas, então iniciou com Jeremias e depois se despediu de Willy.
Não demorou muito para que chegassem ao destino final. A casa de Willy não era longe dali.
XXX
O aconchego contornava toda aquela enorme casa. Obviamente, Jeremias foi bem acolhido. O quarto que ficaria acatava a toda necessidade de qualquer que fosse o visitante, assim, logo se pôs a refrescar-se com um banho e depois foi encontrar-se com sua prima que não havia visto perambular pela casa até o momento.
Já no andar de baixo da casa, percebeu que Willy estava lhe aguardando. Deveria estar pronto para iniciar aquela conversa inevitável, mas Sabrina acabava de chegar com as crianças e com seu filho mais velho, Maycon.
Não podia crer em quem acabava de ver em sua casa. Sabrina encheu-se de alegria quando viu Jeremias ali, na sua sala de estar, a olhando sorridente. Foi-se ao seu encontro e o abraçou.
—Quanto tempo, Jeremias! Que bom te ver!—dizia ainda abraçada a ele.
—Eu estava morrendo de saudades da minha priminha preferida— desgrudou-se dela e deu uma olhada nas crianças— Conheço esses pequenos apenas por foto. O Maycon eu conheço bem, não deve se lembrar, mas estivemos muito tempo como pai e filho.
—Verdade... Passou-se tanto tempo! Kristy completará sete anos em breve e David já tem cinco. E eu nem preciso dizer que Maycon já é um homem feito... Olha como cresceu!
—Eu me lembro de pegá-lo no colo. Cuidamos dele juntos até seus cinco aninhos...
—É verdade... Lembro-me quando ele só dormia depois que você contava alguma história— olhou para o filho sorridente.
Maycon ficou embatucado, apenas deu um sorriso inibido. Não disse nenhuma palavra e nem se atreveria dizer algo sobre aquele assunto que não lhe agradava. Perguntou para sua mãe se podia subir para o quarto dando a entender de que queria tomar uma ducha, depois de chegar da escola era o que sempre fazia, assim Sabrina concordou e logo o rapaz trancou-se no quarto.
As crianças deveriam se arrumar para o jantar que seria servido em breve. Então Sabrina as levou para o quarto e as preparou como de costume.
XXX
A conversa que teria com Jeremias não poderia aguardar mais. Antes mesmo do jantar Willy indicou o escritório para que pudessem conversar em particular.
—Pode falar, Willy. Qual é o assunto?— imaginou o que poderia ser. Mas aquela tensão parecia ter algo além das suas expectativas.
—Estou preocupado com você, Jeremias!— Willy o olhava profundamente.
—O que lhe preocupa em relação a mim?— espantou-se.
—Bem...— fez um tremendo suspense—Você me parece um tanto solitário e abatido. Creio que até hoje não arrumou uma mulher que encaixasse no perfil que você exige, não é?
— Eu não me preocupo com isso, Willy. Agora, muito menos!
—Como assim, Jeremias? Já está passando da hora de dividir sua vida pessoal com alguém, não acha? Quero lhe dar uma ajudinha, sabe disso!
—Vai ter que ficar para mais tarde. Minha missão não é essa no momento.
—O que está sendo mais importante?— sabia que Jeremias sempre fora um alvo difícil.
— É importante não só para mim, mas para todos. Isso que vou fazer será em benefício as pessoas. Não me preocupo mais com minha vida pessoal e profissional, pois meus dias estão sendo comandados por Deus, será tudo como Ele quiser— queria poder fazer com que Willy o compreendesse sem questionar.
— Não estou entendendo muito bem, Jeremias— que confuso tudo aquilo ficou.
—Eu sei. Ninguém sequer entenderá o meu propósito porque é um tanto complexo e inexplicável.
—É melhor conversarmos amanhã, quando estiver descansado e com a cabeça no lugar. Você está estranho...
—Não estou louco!— alterou-se— Pode não fazer sentido minhas palavras para você nesse momento, mas não é mentira, muito menos loucura. Em breve entenderá!
Aquela situação era incômoda. Retirou-se daquela sala desgostoso com o episódio. Dava-se adeus aquele recado reservado só para si, agora todos saberiam de sua tal missão. Essa seria exposta ao ridículo, seria confundida com uma loucura. O seu senso haveria de se arruinar em descontrole, caso acreditasse em opiniões humanizadas.
Reencontraram-se todos na mesa de jantar. A tentativa de dialogar com Maycon foi interrompida por Sabrina que respondia todas suas perguntas, das poucas, sobre a escola. Jeremias teria que afastar qualquer oportunidade vinda de Willy, de falar sobre o assunto temível. Felizmente não houve comentários, acabou o jantar sem haver nenhum constrangimento e discussão.
XXX
—Preciso que fale com Jeremias. Estou martirizado de curiosidade. Quero saber o que o impede de arrumar uma mulher, ele mencionou uma missão, mas não deu detalhes— Willy se preparava para repousar-se quando disse a Sabrina.
—Você sabe bem que Jeremias é muito reservado quanto a mulheres, Willy— retrucou— Deixe-o como está.
—Mas desta vez parece estar sem tempo! Ele trama algo, isso não lhe interessa?
—Não sei. Depende do que se trata.
—É isso que precisamos saber— a encarou— Jeremias mencionou Deus nessa missão desconhecida. Ele disse ser comandado por Ele, por Deus.
—Nossa! Isso é mais sério do que parece— não sabia o que aquilo significava, mas preocupou-se— Vou tentar descobrir algo, amanhã eu arranco alguma coisa de Jeremias.
Para ela não seria fácil. Por enquanto Willy se contentava com a possibilidade de Sabrina descobrir algo sobre a missão. O policial refletiu as palavras de Jeremias por bons minutos naquela noite.
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Na esperança de um caminho certo
FantasyDiante tanta angústia nos "corações perdidos" não abandonaria seus filhos ainda amados. Esperança soa a espera... Todos nós aguardamos algo, um ser, um acontecimento. Mas despertar-se para o agir sempre será o caminho certo. Um jovem casal que desfr...