Estava mais que provado que haviam tido tempo suficiente para aquela conversa privada. O casal tinha que aceitar os fatos sem tamanha infantilidade, já eram grandinhos para terem medo.
Resolvido a lembrá-los de seus planos, Christopher se levantou do acento e dirigiu-se até a sala onde estavam.
Pareciam mais calmos...
—Tenho outras coisas para dizer a vocês, estas lhes revelarão a função de cada um a partir de agora — nem sequer passou pela sua mente que aquilo poderia assustá-los novamente.
—Por que insiste nesse assunto? Não estamos interessados em mais uma de suas histórias inventadas— Emanuel logo o freou.
—Não sabem nem a metade de toda a real história que os envolve, já que não deixaram com que o anjo os dissesse— retrucou alterado.
—Certamente não é bem-vindo esse assunto aos nossos ouvidos— se manteria resistente e descrente a tudo o que o velho dissesse.
—Emanuel e Cecília fazem parte de um jogo para derrotar os possuídos, eles possuem dons e habilidades. Devem se submeter ao mestre do jogo, que sou eu. E como prova de tudo o que disse ser verdade, temos a presença de um anjo, Gabriel— dizia claramente para os intimidar.
—Nada disso justifica— levantou-se do sofá indignado com a ousadia de Christopher.
—Tudo justifica— deu uma gargalhada e prosseguiu— Aposto que você possui uma marca de nascença nas costas, no meio delas! São três riscos que mais parecem um ato feroz de garras de algum animal selvagem!
—Emanuel, como ele sabe disso?— seu coração saltitou, cada detalhe comprovava que era verdadeiro o que o velho dizia. Cecília se manteve perplexa.
—Como você sabe?— subitamente disse Emanuel. Seu rosto havia se empalidecido naquele momento.
—Estas são as características do guardião, a quem eu procuro! Digamos que eu já o encontrei— sorriu de lado.
—Não posso crer— o desespero lhe veio perturbar.
—Cecília— a moça o olhou amedrontada— não pense que lhe deixarei cheia de dúvidas. Você também faz parte desse jogo.
—Não ouse a dizer nada— surgiu uma vontade de se derramar em lágrimas, ela parecia ter certeza que Christopher acertaria algo sobre si.
—Sua nuca também parece ter sido vítima de garras selvagens, não é mesmo?— aquela ironia o fez vitorioso.
—Isso é verdade, Cecília? Tem as mesmas marcas em sua nuca?— perguntou a sua esposa que lhe respondeu com um choro desesperado— Deixe-me ver!
—Não, Emanuel... Não!— estragaria tudo se ele visse, assim seriam decretado verdadeiras as palavras do velho.
—Deixe que eu veja, Cecília! — a ergueu do sofá e segurou seus longos cabelos de modo que via a nuca. Logo empalideceu ainda mais.
—Vejam só! Agora acreditarão nas minhas palavras?— o velho ousou perguntar.
XXX
O anjo interveio a aquelas investidas de Christopher para provocar o casal e fazer com que eles aceitassem os fatos.
Obrigou que se calasse para que o casal digerisse tudo aquilo que saíra de seus lábios. As palavras haviam feito grande estrago na mente de Emanuel e Cecília. Estavam abatidos e amedrontados, necessitando de um rumo claro e certo diante tanta incerteza e confusão.
—Não se abatem, animem-se!— fez um gesto para que sentassem junto a si. Gabriel seria o mais dócil possível para que confiassem nele, precisava mostrar a eles a beleza de serem os escolhidos— Estão incluídos numa nobre missão!
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Na esperança de um caminho certo
FantasyDiante tanta angústia nos "corações perdidos" não abandonaria seus filhos ainda amados. Esperança soa a espera... Todos nós aguardamos algo, um ser, um acontecimento. Mas despertar-se para o agir sempre será o caminho certo. Um jovem casal que desfr...