25.

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Eu havia planejado um passeio por Londres, alguns eram pontos turísticos, outros não. Queria mostrar para Lua os lugares que eu adorava ir quando criança, sei que ela vai se divertir. No final da tarde íamos voltar para o hotel, se arrumar e jantar fora, já que eu nunca convidei Lua para um encontro, não vai ser nada muito exagerado ou escandaloso, sei que ela não gosta muito disso, então procurei um equilíbrio entre nossos gostos.
Vai ser um encontro romântico, em um restaurante com comida caseira e não muito caro, onde ela pode optar por usar uma roupa confortável ou não.
Quero que ela se divirta, não que tente ser perfeita como nos últimos dias, quero que ela relaxe e tire toda tensão e pressão que ela está carregando.

- Gatinha, você vai acabar caindo daí - Falo observando ela subir no muro.

Ela estava brincando de escalar coisas, parecia divertido, mas eu preferia continuar em baixo e cuidar para que ela não caia.

- Não vou não! - Ela responde se equilibrando.

Estávamos em um parque, ele é simplesmente enorme e algumas pessoas vem aqui para fazer parkour, eu fazia parte de um dos grupos, é dai que veio minha paixão por exercícios. Mas depois que contei isso para Lua, agora ela está tentando escalar tudo como se fosse a Mulher-Aranha.
A garota tropeça e assim que ela vai cair a pego no colo.

- Eu avisei - Falo preocupado e ela ri.

- Mas eu não cai! Você me segurou! - Ela fala e eu a solto no gramado fazendo ela bater a bunda - Hey! - Ela grita e levanta para me bater.

Eu saio correndo e a garota vem atrás de mim, sei que ela não vai me alcançar, apesar do corpo perfeito da garota, eu sei o quão sedentária ela é. Logo ela está sem fôlego e eu dou risada.

- Não é justo! - Ela tenta falar e senta no chão exausta.

- Vem, eu carrego você! - Ela sobe em minhas costas e eu  a carrego até um banco.

Assim que chegamos, ela avista um carrinho de sorvete, a garota não pede, mas continua olhando como uma criança.
Caminho até o carrinho e peço duas bolas de baunilha, é o preferido dela. Peço para colocar cauda de chocolate e depois de pagar volto para perto da garota.

- Obrigado - Ela agradece pegando animada e começa a comer.

'-'

Estava tudo indo perfeitamente bem, ela estava me conhecendo melhor, só que eu queria saber mais sobre ela, aquela parte que ela tanto esconde de todos.

- O que pensa em fazer depois da escola? - Pergunto e ela pensa um pouco.

- Jornalismo, eu acho - Ela parecia um pouco confusa - A verdade é que eu não faço ideia, tenho medo de escolher algo é me arrepender- Ela da de ombros.

- Você pretende algum dia assumir a empresa? - Lua pergunta e pela primeira vez não estou nervoso com o assunto, talvez seja porquê pela primeira vez alguém me perguntou se quero isso.

- Não faço ideia, pode parecer errado falar isso, mas, provavelmente eu só vou assumir quando meu pai morrer ou por algum milagre, quando ele abrir mão por completo - Explico e ela olha ao redor admirando o lugar - Seus pais nunca aparecem, sempre deixaram você nas mãos do Lucas, você pretende sair daquela casa algum momento? - Pergunto curioso.

- Eu amo Lucas, mas odeio viver com ele. Acho que com um tempo ele deixou de me ver como irmã e passou a me ver como filha ou algo assim - Ela confessa e respira fundo - Eu sinto falta dos meus pais, sinto falta de ter uma família. Minha única família é Lucas, apesar dos erros estúpidos dele, ele é o único que está aqui - Seu semblante é triste, pelo menos no começo, logo ela volta a pôr aquela armadura e coloca um sorriso falso no rosto - As vezes penso em deixa-lo, só que sinto que não posso fazer isso, e se ele se sente tão sozinho quanto eu? Não posso abandonar ele também - Ela pensa um pouco e suspira.

- Acho que você deveria pensar mais em você, ser egoísta não é algo ruim. Depende, tudo em excesso faz mau, você pode ser um pouco egoísta as vezes - Falo e a puxo para o meu lado - Lucas pensa apenas nele, não estou falando isso por conta do que aconteceu, apesar de isso também ser um exemplo forte. Estou dizendo isso porquê o conheço melhor do que todos, ele só pensa nele mesmo, a única preocupação que ele tinha com você é sobre quem iria ou não ficar com você, ele adorava controlar isso, não sei se fazia por ciúmes, ou porquê só não queria ter uma reputação ruim através de você...como alguns garotos da faculdade que são zoados por conta das irmãs que são atiradas. Entende? Tudo o que ele faz ou deixa de fazer, é pensando nele. Talvez, o motivo de ele fazer isso também seja por puro tédio, ou só para sentir que está no controle de algo. Ainda sim, todos os motivos levam a ele, nunca a você - Termino de falar e faço carinho em sua cabeça.

- Estou cansada de ser só mais uma peça no tabuleiro das pessoas, as vezes eu só quero ir para longe e viver minha vida sem me preocupar com os outros - Ela termina o sorvete e se limpa.

- Se pudesse ir para qualquer lugar no mundo, qual seria? - Pergunto e ela sorri leve.

- Qualquer lugar que tenha uma linda praia - Ela começa e me olha animada - Eu amo o mar, amo a calmaria que ele me passa, amo caminhar pela areia enquanto escuto o som das ondas e do vento batendo nas árvores - Ela diz e volta a apoiar a cabeça no meu ombro - Eu viveria em uma casa na praia isolada, como uma velhinha aposentada - Ela ri se imaginando desse jeito e eu abro um sorriso - E você? Para onde você iria? - Ela pergunta olhando para mim e eu fixo meu olhar nela pensando um pouco.

- Qualquer lugar, provavelmente eu estaria feliz se estivesse com uma pessoa que amo. Se eu estivesse sozinho, acho que não optaria por nenhum lugar vazio e solitário, se eu estivesse com alguém, qualquer lugar serve, mas precisa ser com a pessoa certa - Falo dando de ombros.

- E como vai saber se é a pessoa certa? - Ela pergunta me olhando e eu dou um leve sorriso de canto.

- Porquê eu não me importaria de ser só nós dois em uma ilha vazia - Respondo e ela sorri.

- Algum dia você pretende ter filhos? - Ela pergunta observando as crianças correndo ao nosso redor.

- Não sei, se acontecesse, tudo bem. Eu assumiria, criaria e amaria meu filho. Mas não me imagino sendo pai, acho que eu não seria um pai tão bom assim, não saberia o que fazer, só sei que não seria como o meu pai - Falo e faço uma careta.

- Isso já é um grande passo - Ela ri baixinho.

- Eu não planejo ter filhos, mas se acontecesse, eu não surtaria. Entende? - Falo e olho para as crianças brincando de pique-esconde.

- Eu não sei, acho que nunca pensei nisso  - Ela é sincera e eu arqueio uma sobrancelha - Nunca me imaginei tendo filho, nunca me imaginei sendo mãe. Nunca me imaginei criando minha própria família, acho que sempre me imaginei sozinha - Ela diz pensativa.

O Melhor Amigo Do Meu Irmão.Onde histórias criam vida. Descubra agora