Capítulo 06.

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Observo o homem pendurado pelas correntes, eu até poderia chamar ele de animal, mas isso seria uma ofensa para qualquer animal existente. Caminho devagar até ele, o suor de sua testa escorre e se mistura com suas lágrimas, ele estava tremulo e toda essa cena faz eu soltar uma risada debochada.

- Não entendo - Sento numa cadeira de frente para ele e o observo - Você não era intocável? Pelo menos é isso o que as pessoas falavam...hmm acho que entendi agora - Me levanto e dou um soco em seu estômago - O papai não vai vim te salvar dessa vez? - Pergunto e logo acerto outro soco em seu rosto.

- Por favor... - Ele murmura e eu me finjo de desentendido.

- O que? - Pergunto e acerto um soco em seu estômago, o que faz ele cuspir sangue em minha camisa - Porra! Você sujou uma das minhas camisas preferidas - Reclamo e acerto outro soco no homem.

- Por favor... Eu... Eu sou inocente - Ele sussurra e eu dou risada.

- Vai se foder - Dou uma risada seca e puxo seu cabelo para trás, fazendo ele levantar a cabeça e olhar nos meus olhos, ou pelo menos tentar, já que o rosto dele já se encontra completamente inchado - De toda a merda que sai da sua boca, talvez essa tenha sido uma das piores - Sussurro encarando ele e dou outro soco no homem.

- "D" - Lucas entra me chamando por um apelido qualquer.

- Conseguiu o que? - Pergunto enquanto limpo minhas mãos com o pano que estava ao meu lado.

- É pior do que você imagina, esse verme já faz isso a anos - Ele diz com nojo - Tudo começou com gatos, ele fazia toda atrocidade com os bichanos, depois passou a maltratar idosos, invadia a casa deles e os espancava, muitos chegaram a óbito - Lucas me mostra algumas fotos e eu engulo em seco ao ver a imagem de como alguns corpos ficaram - Ele foi detido 3 vezes, mas o papai sempre esteve lá para o salvar, ele não é só policial, o desgraçado é delegado - Lucas para por um minuto e me entrega outra ficha - Esses são os piores, recomendo a não ver as fotos - Ele diz e eu abro, começo a ler e assim que avisto a idade das vítimas largo os papéis no chão.

6 anos?

12?

14?

Como o pai desse filha da puta ainda conseguiu proteger ele?

O desgraçado só piora a cada  segundo.

- 5 crianças morreram nas mãos dele, "D", ele não pode sair daqui, ele não pode se livrar dessa merda - Lucas espalha todas as provas no chão e eu levanto meu olhar lentamente para o desgraçado.

- Me mata logo, me manda logo para o maldito inferno - O filha da puta fala e eu respiro fundo.

- Não posso fazer isso. Quem me garante que existe um inferno? Você não vai fugir tão fácil assim - Dou risada e olho para Lucas - Liga para todos, eu quero que cada um leia detalhe por detalhe de cada vítima desse desgraçado, quero que cada um faça com detalhes tudo o que ele fez para cada um - Falo e finalmente o filha da puta me olha nos olhos, e ali eu vejo o medo, o desespero - Ele só não pode morrer, ele só morre quando eu autorizar - Me viro e saio daquele lugar enquanto escuto os gritos e o desespero daquele infame.

Eu preciso respirar, eu preciso de um tempo, eu preciso ver ela, eu preciso sentir que nessa porra de mundo ainda existe esperança, amor... E eu só posso sentir isso, só posso acreditar nisso quando eu ver ela.

Luana Salvatore:

Estávamos em casa, Dylan havia tomado um banho rápido comigo, e eu só conseguia prestar atenção em sua mão machucada, como se ele tivesse socado algo muitas vezes.

- Amor? - Chamo o homem com uma voz doce.

Eu estava cautelosa, não por medo dele. Jamais sentiria medo de Dylan, eu só... Não sei o que fazer, o que falar para tirar ele desse transe.

- Oi querida - A voz grossa e rouca dele soa pelos meus ouvidos e eu respiro fundo antes de dizer algo.

- Por favor, olha para mim. Desde que chegamos você mau me olha - Falo agoniada e quando ele me encara ainda consigo notar que meu Dylan não estava ali.

Era como se outra personalidade, outra coisa, outra alma tivesse no controle de seu corpo.

- Eu estou te vendo - Ele diz sério, seco.

- Não - Paro em sua frente e coloco minha mão em seu rosto, mas assim que ele sente meus dedos chegarem perto de sua pele, ele recua - Dylan! - Chamo ele alto e o mesmo me olha assustado - Mas... Que?... Dylan, sou eu! Droga! Sou eu! Olha para mim, para de pensar, apenas olhe para mim - Seguro seu rosto e o puxo para mim.

Fico na ponta do pé e tento alcançar seu lábio, mas com sua altura, não consigo, então dou um leve pulo, como um impulso e cruzo minhas pernas em sua cintura.

Ele respira fundo algumas vezes e foca nos meus olhos.

- Ele é um monstro Lua, eu não consigo pensar em outra coisa, eu não posso deixar ele escapar, me perdoa, mas eu não posso evitar isso - Ele me olha assustado.

- Do que tem tanto medo? De matar ele? - Pergunto perdida.

- Eu jamais teria medo disso. Cada célula em meu corpo quer isso, tudo em minha quer ele morto, quer matar ele - Seus olhos entregam a culpa e eu respiro fundo.

- Então o que assusta você? - Pergunto e ele me abraça.

- Eu não quero perder você, não quero que me veja assim, não quero que conheça esse meu lado, não quero que você me veja como um monstro - Ele finalmente admite sem me olhar e eu suspiro.

- Eu conheço você, e jamais te veria como um monstro - Tento olhar em seus olhos, mas ele não deixa, ele apenas me abraça e esconde o rosto em meu pescoço - Dylan, eu jamais te julgaria por eliminar um verme como ele da terra - Sussurro.

Talvez eu não seja tão boa assim, talvez eu não seja o que as pessoas acham, alguém com uma maturidade surpreendente ou alguém admirável.

Mas, eu estou feliz com quem sou, e eu não vou mudar por ninguém. Que se foda, eu mesma mataria aquele filho da puta com minhas próprias mãos, e não vou fingir que não, não vou fingir que desaprovo o que Dylan fez ou está prestes a fazer.

- Eu amo você, eu amo cada parte sua, eu amo cada versão sua. Eu amo o Dylan doce e protetor, eu amo o Dylan sério e rabugento e eu amo... - Dou uma pausa d finalmente olho para seus olhos verdes - Eu amo o Dylan sombrio que simplesmente mataria alguém sem pensar duas vezes apenas para proteger alguém, principalmente alguém que ama. Eu sei do que você é capaz, eu só não permitiria você fazer algo com alguém inocente, caso contrário, que se foda. Eu sei que eu não sou Deus, e eu não deveria julgar quem merece ou não ficar nessa terra, mas eu não me importo em te ver eliminar alguns vermes

O Melhor Amigo Do Meu Irmão.Onde histórias criam vida. Descubra agora